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Venda da Chapecó Alimentos vai depender de seu passivo


Em fase final de auditoria na Chapecó Companhia Industrial de Alimentos, a Coinbra, do grupo francês Louis Dreyfus, condicionou o avanço das negociações para compra das unidades fabris do frigorífico catarinense à elaboração de um plano para solução do passivo da empresa, a ser realizada pela atual diretoria da companhia.

"É necessário que o valor que estamos dispostos a pagar seja suficiente para quitar o passivo. E isso precisa ser resolvido entre a Chapecó e seus credores", disse a este jornal fonte da Coinbra, sem revelar os valores em discussão. Com isso a volta ao funcionamento normal das fábricas da Chapecó tende a demorar, já que as negociações para compra são mais demoradas.

Conforme o executivo, o grupo desistiu de arrendar as quatro instalações da empresa catarinense, localizadas em Chapecó (SC), Xaxim (SC), Santa Rosa (RS) e Cascavel (PR), porque o abate está praticamente parado, uma vez que o estoque de animais próprios acabou. O plano anterior, que teve aval do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), era de arrendamento das instalações por quatro anos, com opção de compra. "Isso pressupunha o funcionamento em condições normais das unidades industriais, mas o estoque de animais foi praticamente esgotado."

Em Xaxim, onde a empresa emprega 1,9 mil trabalhadores, o abate de frangos parou no dia 28 de abril, conforme informou o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne e Derivados. Os funcionários que tinham férias vencidas estão gozando o benefício e os demais trabalhadores permanecem em casa, em regime de banco de horas.

"Os avicultores não recebem pagamento desde novembro e não há mais alojamento. A situação dos suinocultores não é tão complicada porque grande parte deles pôde ficar com os suínos e vendê-los a outras empresas", disse ontem o presidente em exercício do Sindicado dos Criadores de Aves de Santa Catarina (Sincravesc), Mauro Zandavalli.

Avicultores integrados

Ele diz que a empresa tinha 963 avicultores integrados no estado, mas que vários já fecharam acordos com outras agroindústrias. "O que causa indignação é a falta de informação. Queremos acompanhar outra vez as negociações em curso."

Enquanto a situação não se define, as lideranças do oeste catarinense estão preocupadas com o impacto social da demora no desfecho das negociações. Na Assembléia Legislativa catarinense os deputados chegaram a criar um "Fórum Permanente para Acompanhamento da Crise no Frigorífico Chapecó". O prefeito de Chapecó, Pedro Uczai, esteve esta semana em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde manteve reuniões com executivos da Coinbra, do Banco Fator, que intermedia as negociações, e do BNDES.

Conforme Uczai, o BNDES acenou favoravelmente à venda aos franceses e o esforço no curto prazo é viabilizar a manutenção das operações fabris por meio de produção para terceiros, a exemplo do que acontece no momento na unidade de Cascavel, que produz para a Globoaves. Isso porque o desfecho para o negócio com a Coinbra pode levar meses. Paralelamente a essas negociações, o empresário Jacir Pamplona, do Grupo Pamplona, de Rio do Sul (SC), tem anunciado que mantém o interesse na Chapecó.

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