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Vendas de adubo crescem 20% no ano


As vendas de fertilizantes estão em ritmo acelerado em todo o Brasil. De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), os negócios no primeiro bimestre deste ano estão 20% maiores em relação a 2002. O aumento da área plantada com as culturas de inverno, a antecipação de compras para a próxima safra de verão, o maior interesse pelo milho safrinha e a capitalização do produtor - que tem mais condições de investir no campo -, são apontados como os principais responsáveis pelo crescimento. A expectativa da indústria é de que as vendas em 2003 sejam 6% maiores na comparação com 2002.

"As vendas de adubo, que foram de 19,1 milhões de toneladas no ano passado, deverão superar a marca dos 20 milhões neste ano", afirmou Paulo César Tinoco, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sindiferti).

Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área do milho safrinha em todo o Brasil deverá crescer perto de 20% e a de trigo, 15%. No Paraná, maior produtor nacional de trigo, a área plantada deverá crescer 20%, passando de 986 mil para 1,18 milhão de hectares. A produção deverá chegar a 4,9 milhões de toneladas.

No Rio Grande do Sul, outro importante produtor nacional de trigo, a perspectiva é de um crescimento de 9% na área, que deve chegar a 870 mil hectares. Segundo o presidente do sindicato das indústrias de adubos do estado, Tornaldo Antonio Marzolla, as vendas de adubos cresceram 34% no primeiro trimestre e só no mês de março, 55%. "Tudo indica que a guerra no Iraque motivou os produtores gaúchos a antecipar as compras", afirma Marzolla.

Matéria-prima importada

Marzolla lembra que grande parte da matéria-prima do adubo vem da região próxima ao conflito (norte da África). Com o início da guerra, os custos de frete e seguro marítimo cresceram entre 25% e 30%. E os produtores, "capitalizados com o bom desempenho da safra de verão", resolveram antecipar as compras.

De acordo com Carlos Alberto Pereira da Silva, diretor-secretário da Anda, que representa as indústrias, as vendas nacionais cresceram 22% no primeiro bimestre, passando de 2,05 milhões para 2,49 milhões de toneladas. "Dados preliminares do mês de março mostram que as vendas daquele mês foram igualmente maiores, saltando de 760 mil toneladas para cerca de 900 mil".

No setor de compras da Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), a maior da América Latina, com 17 mil produtores associados, os negócios com fertilizantes aumentaram cerca de 20% nesse começo de ano, em relação a 2002. "Os produtores ficaram estimulados a plantar diante das boas cotações do mercado. Quem opera com a soja também aproveitou a recente venda da safra e antecipou parte das suas necessidades para a safra de verão", observou José Varago, gerente de compras da cooperativa paranaense.

Preço alto não inibe demanda

A estimativa da Coamo, que tradicionalmente distribui perto de 400 mil toneladas anuais de adubos entre os associados, é de um crescimento da ordem de 5% na demanda geral desse ano. O mercado vai crescer apesar do aumento dos preços do adubo. O produto é fabricado com matéria-prima importada, portanto sofre com a variação cambial. Varago calcula que o preço do adubo subiu 50% em relação a 2002, e está cotado em R$ 750 por tonelada. Ele acredita que a euforia nas compras observada neste início de ano deverá sofrer uma pausa, já que o preço da soja caiu um pouco e existe a perspectiva do preço dos fertilizantes recuarem, diante da valorização do real. Varago observou ainda que os produtores aguardam a liberação dos recursos do pré-custeio do governo para a compra de insumos.

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