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Vendas de adubos mantêm ritmo forte

Conforme dados preliminares da Anda, em agosto as entregas somaram 2,9 milhões de toneladas, 12,5% mais que mesmo mês de 2006


A demanda por fertilizantes permaneceu aquecida no país em agosto e, ainda que o ritmo de aumento das entregas das misturadoras às revendas tenha arrefecido um pouco, caminha a passos largos para alcançar um novo recorde histórico em 2007.

Conforme dados preliminares fornecidos pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em agosto as entregas somaram 2,9 milhões de toneladas - fontes do mercado acreditam em 3 milhões -, 12,5% mais que no mesmo mês de 2006. Nos primeiros oito meses deste ano, com isso, as vendas atingiram 14,5 milhões de toneladas, um volume 44,5% superior ao de igual intervalo do ano passado.

Apesar de expressivo, este percentual de aumento já é menos impressionante do que aqueles que vinham sendo observados, sobretudo até junho. Na comparação entre as entregas do período entre janeiro e julho, a alta em 2007 foi de 55,3%. No "embate" entre os primeiros semestres, o incremento chegou a 62%.

Para Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda, a relativa perda de fôlego reflete, pelo menos em parte, o vigoroso movimento de antecipação de compras para o plantio da próxima safra de grãos de verão, que poderá bater novo recorde e alavancou as vendas nos últimos meses. Mas também acusa a maior base de comparação, uma vez que agosto do ano passado já foi um mês considerado forte pelas misturadoras de adubos.

"Caminhamos para entregas de 23,5 milhões de toneladas, quem sabe 24 milhões, em 2007, acima do recorde de 2004 [22,8 milhões]", disse Daher ao Valor. Em 2006, foram praticamente 21 milhões de toneladas. Além da boa demanda para o plantio de grãos, o apetite para o cultivo de cana continua puxando o consumo de fertilizantes este ano..

Nesse momento, entretanto, a seca em algumas regiões de grãos exerce alguma influência, mesmo que limitada, sobre a verificada queda do ritmo de aumento da demanda. Isso porque muitos agricultores estão adiando a decisão de plantio à espera de condições climáticas mais favoráveis. Esse adiamento, conforme Daher, pode eventualmente provocar alguma turbulência das vendas no fim do ano, em virtude dos conhecidos gargalos logísticos brasileiros.

Daher também informou que a produção nacional de fertilizantes segue a plena capacidade, e entre janeiro e agosto atingiu 6,3 milhões de toneladas, 12,5% mais que nos oito primeiros meses do ano passado. Segundo ele, o aumento poderia ter sido maior se não fossem problemas que restringiram, em Sergipe, a oferta de uréia da Petrobras e de cloreto de potássio da Vale do Rio Doce.

Já as importações cresceram quase 60% na mesma comparação, para 11 milhões de toneladas, e continuam firmes apesar da greve dos fiscais federais agropecuários, responsáveis pela liberação das cargas que aportam no país (ver matéria abaixo). De acordo com o diretor-executivo da Anda, 22 navios com adubos foram liberados em agosto graças a uma liminar obtida pela entidade na Justiça.

"Com essa medida, e apesar da forte demanda, podemos garantir que não faltará fertilizantes no mercado", afirmou. Nos cálculos da entidade, os estoques em poder das indústrias são suficientes para pelo menos 60 dias de vendas. Mas os preços, definidos no mercado internacional, continuam bastante elevados e preocupam os produtores, principalmente os do Centro-Oeste.

Em média, as matérias-primas estão entre 25% e 30% mais caras este ano, e com a nova disparada do petróleo há pouco espaço para reduções significativas. Somado a isso, os fretes internacionais custam até duas vezes mais que no ano passado em muitas rotas, o que ajuda a encarecer os adubos. Há um ano, exemplifica, em Tampa, nos Estados Unidos, o frete marítimo estava em US$ 28,32 por tonelada; agora, está em US$ 55,60. "Está caríssimo", reclama.

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