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Vendas de carne bovina crescem 30% em MT

Apesar de todos problemas enfrentados pelo segmento no ano passado, 2017 fecha com o melhor faturamento dos últimos três anos



As exportações mato-grossenses de carnes bovinas fecharam 2017 com o maior faturamento dos últimos três anos ao contabilizar embarques de mais de US$ 1,15 bilhão, com a comercialização de 266 mil toneladas. A receita, se comparada ao exercício anterior (2016), cresceu 30%, já que naquele ano a movimentação dos cortes bovinos somou US$ 888,45 milhões.

A expansão anual registrada por Mato Grosso é quase que duas vezes maior que a realizada no ano passado pelo Brasil, quando o crescimento frente a 2016 foi de 16%. Com os resultados do ano passado, a participação mato-grossense no total nacional também aumentou no último ano e atingiu 22% do total, dois pontos percentuais a mais do que no ano anterior. Com isso, Mato Grosso ultrapassou São Paulo nas exportações pela segunda vez, a exemplo do que ocorreu em 2015.

Dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), analisados pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), mostram ainda que além da maior receita, houve também incremento no volume de carne embarcada pelo Estado, ou seja, houve ganho sobre o preço internacional comercializado – valorização da carne - como também em demanda pelo consumidor externo. Em 2016 foram exportadas 211 mil toneladas, 55 mil a menos que no ano passado. Para Acrimat os resultados refletem, em grande parte, a qualidade da carne produzida no Estado e a expansão de novos mercados.

O presidente da Associação, Marco Túlio Duarte Soares, explica que a carne mato-grossense tem ampliado o mercado externo e isso decorre dos investimentos feitos pelos produtores em qualidade. “Temos carne de qualidade, volume para ampliar a produção e capacidade para atender mais mercados”, afirma o presidente.

Entre os países que mais compraram carne de Mato Grosso, está o Irã com US$ 240 milhões em carnes, Hong Kong com US$ 228,9 milhões e o Egito com US$ 153,06 milhões. A China aparece como o quarto melhor mercado, com a aquisição de US$ 111,46 milhões e com grande potencial de crescimento.

O diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, esteve em uma missão realizada em novembro à China, justamente para divulgar a qualidade da carne regional e a capacidade do Estado em atender tal demanda. “Mato Grosso é o maior produtor de carne do Brasil e faz isso com a manutenção de 63% de sua área preservada e sob um rigoroso controle sanitário. Isso sem falar na qualidade da carne produzida por animais com excelente acabamento de carcaça. Ou seja, temos produtos, temos comprometimento com as exigências legais, produzimos com qualidade e estamos em busca de mais consumidores”, explicou Luciano Vacari.

O Brasil registrou o embarque de 1,193 milhão de toneladas de carne bovina in natura, fresca e congelada, movimentando US$ 5,03 bilhões. A receita superou em 16% o total registrado em 2016.

PROBLEMAS – Como foi definido pelos técnicos e analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a bovinocultura estadual teve um 2017 marcado por uma série de problemas ‘fora da porteira’, produzir carne não foi difícil para os pecuaristas, no entanto, vender é que foi complicado.

Como explicam os analistas do Imea, o pecuarista que não se ‘protegeu’ do risco de mercado durante o primeiro trimestre de 2017, fazendo negociações de hedges ou no mercado físico através de contrato a termo, viu a cotação do seu bovino depreciar com força em meados de março com a Operação Carne Fraca, e a partir de então foram consecutivos entraves sobre o preço do boi gordo. Em abril de 2017, a volta do Funrural, em maio, a delação da JBS, e por fim, em junho, o embargo dos EUA sobre a carne bovina in natura brasileira. “Ainda que a recuperação tenha vindo a partir de agosto, o estrago para quem não se protegeu no primeiro semestre de 2017 já tinha sido feito”.

Todos esses problemas afetaram os demais indicadores da bovinocultura de corte mato-grossense. O bezerro, que passa por um processo natural de desvalorização (fruto da atual fase do ciclo pecuário), viu essa movimentação ser intensificada, o abate de bovinos e a exportação de carne bovina, que tiveram desempenhos satisfatórios em 2017, poderiam ter galgado números maiores não fossem esses problemas.

O SEGMENTO - Cinco unidades frigoríficas com certificação do Sistema de Inspeção Federal (SIF) foram abertas ou reabertura em Mato Grosso no ano passado. Com isso, a capacidade de abate no Estado atingiu 27 mil animais por dia. O diretor do Sindicato da Indústria Frigorífica de Mato Grosso (Sindifrigo), Jovenino Borges, explica que apesar de ter toda essa capacidade, o Estado abate entre 18 e 20 mil animais por dia.

Foram reabertas unidades nos municípios de Nova Xavantina, Mirassol do Oeste, São José dos Quatro Marcos, Barra do Bugres e Várzea Grandes. “Além das plantas reativadas ano passado, já temos a confirmação de reabertura de frigoríficos em mais três municípios, Pontes e Lacerda, Rondonópolis e Juruena. Com isso, o setor ganha em diversificação e competitividade”, afirma Jovenino Borges.

 

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