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Vendas de fertilizantes têm forte desaceleração em agosto no país

As entregas das misturadoras a suas revendas no país somaram 2,083 milhões de toneladas no mês passado, 29,1% menos que em agosto de 2007


A demanda brasileira por fertilizantes confirmou as expectativas e registrou forte desaceleração em agosto, conforme levantamento da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Conforme a entidade, as entregas das misturadoras a suas revendas no país somaram 2,083 milhões de toneladas no mês passado, 29,1% menos que em agosto de 2007.

Com o recuo, em parte decorrente do elevado nível de antecipações de aquisições visando à safra de grãos (2008/09) que já começa a ser plantada, em parte graças aos preços elevados e a gargalos logísticos pontuais, houve quedas também na produção nacional e nas importações.

Os números da Anda mostram que a produção doméstica alcançou 870,2 mil toneladas em agosto, 6,3% menos que no mesmo mês do ano passado, enquanto as importações, que abastecem a maior parte da demanda, somaram 1,655 milhão de toneladas, queda de 1,3% em igual comparação.

Com o comportamento do mercado no primeiro mês do terceiro trimestre - período que, historicamente, costuma concentrar as vendas -, o crescimento acumulado da demanda começa a se aproximar do patamar previsto pelas indústrias desde o início do ano.

De janeiro a agosto, informa a associação, as entregas das misturadoras às revendas totalizaram 16,010 milhões de toneladas, 10% mais que em igual intervalo de 2007. Na mesma comparação, a produção nacional cresceu 3,4%, para 6,519 milhões de toneladas, e as importações subiram 11%, para 12,263 milhões de toneladas.

"Em setembro, as entregas acumuladas deverão ser maiores que em agosto. Mas o nome do jogo, agora, é crédito. Quem tinha, comprou. Quem ainda não tem, espera", afirmou Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda.

Nessa equação, disse, é preciso levar em consideração também as atuais oscilações cambiais, uma vez que a valorização do dólar eleva os custos dos produtos importados, que abastecem a maior parte das necessidades do campo brasileiro. De qualquer forma, as vendas deverão atingir, em 2008, entre 25 milhões e 26 milhões de toneladas, um novo recorde.

Apesar do menor apetite dos agricultores pelo insumo, fundamental para garantir um ansiado aumento da produtividade nas lavouras de grãos em 2008/09, os preços dos produtos ainda não recuaram significativamente no mercado, o que já acendeu um sinal de alerta no campo brasileiro.

Impulsionados principalmente pela disparada do petróleo a partir do fim de 2006, os preços dos fertilizantes - que em suas formulações usam derivados do óleo - mais do que dobraram no mercado internacional.

Em tempos de valorização das principais culturas agrícolas do país, esta alta foi, em parte, compensada na safra 2007/08. Mas só em parte, o que levou o governo a pressionar as empresas que atuam no ramo, muitas delas multinacionais, a acelerar investimentos - o que de fato acabou acontecendo, ainda que por meio de projeto de maturação no longo prazo, como é a característica da atividade.

Mas agora que as principais commodities agrícolas começaram a perder valor em meio à crise financeira global, os produtores cobram que os adubos pelo menos sigam a baixa do petróleo. O Valor apurou que quem tem dinheiro em caixa consegue comprar fertilizantes a preços mais baixos, mas são poucas essas transações.

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