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Vinho abre espaço para novo profissional

Com crescimento da bebida no Pais, já surgem cursos de pós-graduação


O crescimento constante do mercado de vinhos no Brasil começa a atrair interesse para carreiras especificamente voltadas para o setor. Tanto que a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) está iniciando as inscrições para um curso em pós-graduação no marketing do vinho, voltado para executivos que atuam ou pretendem atuar na área.

"Cada vez mais, as empresas que lidam com o vinho precisam de pessoas especializadas, pois o mercado está mais exigente", diz o professor coordenador do curso na ESPM, Flávio Martins. A atividade gerou cerca de R$ 2,1 bilhões no País em 2005, com venda de 10,2 milhões de litros da bebida. Para 2006, a expectativa é que esses números tenham crescido até 30%. "E o mercado de trabalho não envolve só as vinícolas, mas também importadoras, restaurantes, grandes redes de hotéis e turismo em geral."

Essas atividades indiretas, na França, representam 60% do faturamento vindo do vinho. "No Brasil, existe muito espaço para crescimento. Estamos apenas em 15º lugar no consumo mundial de vinho", diz Martins. Enquanto um brasileiro consome em média 1,8 litro de vinho por ano, na Argentina este valor sobre para 30 litros e, na França, para 56.

O curso da ESPM vai abordar especialmente a questão de comercialização e dos conhecimentos do público consumidor de vinho. "A modernização já chegou à plantação das uvas e à produção do vinho. Agora, é preciso aprimorar a maneira de vendê-lo no Brasil", diz Martins. Os interessados em participar do curso (que será ministrado no Rio Grande do Sul a cada 15 dias), devem acessar o site da instituição (www.espm.br).

Versatilidade

"O brasileiro ainda precisa perceber que o vinho pode ser consumido em diversas ocasiões", diz o presidente da Vinícola Salton, Ângelo Salton. "Um bom executivo na área de vinhos precisa conhecer os processos de plantio, a tecnologia envolvida na produção e, principalmente, ser capaz de perceber o que o consumidor quer."

Para ele, o bom executivo de vinhos tem também de estar sempre viajando, para conhecer os grandes vinhos e os grandes enólogos. "Ele precisa desenvolver uma boa rede de contatos com sommeliers, enófilos e enólogos. E claro, ser um deles também." Uma pessoa especializada na área, no entanto, ainda é difícil de encontrar no mercado. "Já há muitos apreciadores de vinho no País, porém poucas pessoas conhecem o produto a fundo. Cursos de formação com certeza serão benéficos ao mercado."

A maior parte dos 10,2 milhões de litros de vinho consumidos no Brasil são do tipo tinto. "Mesmo nos estados de clima quente, o vinho tinto está muito à frente dos outros em consumo", diz o diretor de operações e marketing da importadora Expand, Tibor Sotkovszki. "Isso porque já se firmou a idéia de que o vinho tinto, além de saboroso, faz bem à saúde." Ele apóia a criação de cursos para criar executivos especializados, e a Expand está inclusive atuando como parceira da ESPM nessa tarefa.

Segundo dados da União Brasileira de Vitivinicultura, o consumo no País cresce de 10% a 20% ao ano desde 2003. "Será naturalmente necessário que haja profissionais capazes de realizar vendas com mais expertise, seja de vinhos nacionais ou importados", diz Sotkovszki.

Números

30% é o crescimento estimado para o consumo de vinho no Brasil no último ano

1,8 litro é o consumo per capita da bebida no Brasil. Na França, este volume chega a 56 litros

63,1% dos vinhos consumidos no Brasil são importados. A preferência é pelo vinho tinto, mas cresce o consumo de espumantes

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