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Webinar discute soluções aos impactos do fogo na bioeconomia da Amazônia

O evento será transmitido no canal da instituição no youtube


Foto: Pixabay

Especialistas da Embrapa e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) discutem nesta sexta-feira, 13, soluções para evitar o impacto dos incêndios florestais na bioeconomia da Amazônia. O webinar é o terceiro da série “Agricultura e Serviços Ecossistêmicos nos biomas brasileiros", promovido no âmbito do portfólio de Serviços Ambientais da Embrapa. O evento será transmitido no canal da instituição no youtube (https://youtu.be/n4-hEk0Fnzk), a partir das 10h.   

A pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), aponta a bioeconomia como um caminho possível para o desenvolvimento sustentável, visto que se baseia no uso de recursos renováveis, na conservação dos serviços ambientais e na inovação como meio de aumentar eficiência em diferentes níveis. “Contudo, na Amazônia, a bioeconomia só tem sentido se valorizar os produtos da floresta e as pessoas locais, suas culturas e tradições”, afirma. Ela ressalta que a bioeconomia amazônica passa por uma mudança de paradigma de desenvolvimento, que “envolve antes de tudo erradicar os desmatamentos e incêndios florestais, que, por sua vez, dependem de uma agropecuária eficiente e segura”, conclui.

Estudos recentes têm evidenciado perdas e impactos de magnitude global, associados aos incêndios florestais. Com o clima amazônico mais seco em virtude de fenômenos climáticos, como o El Niño, associado ao desmatamento e à degradação florestal, “o fogo descontrolado invade e destrói florestas”, afirma Ferreira. Para a cientista, os incêndios florestais fazem parte de uma realidade incompatível com a bioeconomia ou com qualquer tipo de inovação que tenha os ecossistemas naturais como ativos.

Protagonismo local

As soluções, segundo Joice, passam pela governança local e o protagonismo das comunidades que vivem na floresta. “Vemos sistemas agroflorestais se desenvolvendo, a industrialização do açaí emergindo, cogumelos Yanomami à venda no supermercado, comunidades produzindo chocolates e produtos gastronômicos. Esses dão exemplos promissores, mesmo com as limitações atuais. Melhorias na infraestrutura, ciência e tecnologia, formação de pessoas e conectividade são necessidades essenciais”, afirma.

Um exemplo de governança local é o projeto Sem Flama, implantado na Floresta Nacional do Tapajós e na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará, onde residem cerca de 30 mil pessoas, distribuídas em quase 100 grupos comunitários e povos indígenas. O trabalho promove a articulação e o debate entre as populações locais, pesquisadores e gestores públicos para a adoção pela comunidade de práticas alternativas ao uso do fogo na agricultura tradicional e para a construção de um sistema alternativo de monitoramento e alerta de incêndios.

O projeto Sem Flama é coordenado pela Embrapa, no âmbito da Rede Amazônia Sustentável (RAS), e tem a participação do Cemaden, ICMBio, Inpe, além de outros institutos de pesquisa e universidades brasileiras e estrangeiras.

Bioeconomia na Amazônia: potencial e desafios

A pesquisadora da Embrapa Cocais (São Luís, MA) Vera Maria Gouveia, que irá mediar o webinar desta sexta-feira, ressalta que a bioeconomia é bastante promissora para o bioma Amazônia, pois sua enorme riqueza natural traz uma grande oportunidade para a produção de biofármacos, bioinsumos e bioprodutos. Como um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos, a bioeconomia incentiva o avanço científico e tecnológico, gerados a partir de áreas de ponta como a biotecnologia industrial, genômica, biologia sintética, bioinformática, química de renováveis, robótica, tecnologias de informação e nanotecnologia, conciliando e aproveitando todo o conhecimento histórico dos povos tradicionais da região.

A cientista salienta que, apesar de todo esse potencial, a viabilização da bioeconomia na Amazônia depende de uma maior atenção às políticas públicas, no Brasil e demais países da Pan-Amazônia, que promovam a contenção da degradação dos recursos naturais e incluam os povos locais nas decisões, dois enormes desafios.

Segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos últimos foram detectados cerca de 100 mil focos anuais de calor na região, situação que é agravada com o desmatamento e contribui para a degradação do bioma, como explica a pesquisadora. “A cada ano são destruídos milhares de quilômetros quadrados de floresta, uma ameaça que poderá causar o desaparecimento de várias espécies típicas da região, diminuindo os ativos para a bioeconomia e afetando outras áreas do agronegócio brasileiro”, destaca Gouveia.

O pesquisador Haron Xaud, da Embrapa Roraima (Boa Vista-RR), destaca que existem inúmeros estudos que mostram as perdas causadas pelo fogo e degradação florestal no ecossistema amazônico em termos de quantidade e de diversidade de vida. “Quando as florestas primárias são degradadas, queimadas, desmatadas para qualquer uso, sem ao menos terem o seu potencial econômico valorado, e mesmo que às vezes haja algum ganho econômico direto, isto sinaliza que a estratégia de desenvolvimento ainda não está bem orientada para uma bioeconomia forte, havendo muito a construir”, finaliza.

Debates em série

O webinar “Incêndios florestais na era da bioeconomia na Amazônia”, no dia 13/8, às 10h, tem como convidadas as pesquisadoras Joice Ferreira (Embrapa Amazônia Oriental) e Liana Anderson (Cemaden), com moderação da pesquisadora Vera Maria Gouveia (Embrapa Cocais).

Assista aqui: https://youtu.be/n4-hEk0Fnzk

É o terceiro evento da série “Agricultura e Serviços Ecossistêmicos nos biomas brasileiros", promovida pelo Portfólio de Projetos de Serviços Ambientais da Embrapa, coordenado pela Embrapa Solos (RJ). A pesquisadora da Embrapa Solos Rachel Bardy Prado, que é presidente do comitê gestor do Portfólio, explica que esta série de webinars tem como propósito evidenciar e discutir as demandas e oportunidades que relacionam a agricultura e os serviços ecossistêmicos visando a sustentabilidade nos diferentes biomas brasileiros. “Traz sempre a visão de um especialista externo e de um da Embrapa sobre o tema, sendo os moderadores também pesquisadores da Embrapa relacionados ao Portfólio”, conclui.

Dois eventos já foram transmitidos:

Pesquisa e proteção dos polinizadores no bioma Caatinga (04/06)
https://m.youtube.com/watch?v=zaX5kFgPaXg&feature=youtu.be
Serviços ecossistêmicos em diferentes escalas para o futuro do Pantanal (02/07)
https://m.youtube.com/watch?v=hqFh3_gEDQM&feature=youtu.be

Os próximos eventos serão:

Webinar 4 (06/09/21): Potencial das paisagens rurais e dos serviços ecossistêmicos do bioma Pampa para a agregação de renda ao produtor
Webinar 5 (05/10/21): Importância dos mecanismos de compensação e da valoração de serviços ecossistêmicos para a conservação do bioma Mata Atlântica
Webinar 6 (05/11/21): Paisagens multifuncionais no bioma Cerrado: desafios e oportunidades 

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