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Publicação destaca áreas aptas para cultivo de café no Acre

A obra aborda as características gerais da cafeicultura no Acre, tecnologia e produtividade, clima, solo e mercado


Identificar áreas apropriadas para o plantio de café, recomendar práticas de manejo do solo e tecnologias para desenvolver a cultura no Acre. Com esse propósito, profissionais de diversas instituições se uniram na execução de pesquisas sobre os solos e clima do estado. Os conhecimentos gerados estão reunidos no livro “Zoneamento Edafoclimático para o cultivo de café canéfora (Coffea canephora) no Acre”, produzido pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac).

Produzida em quatro capítulos, de autoria de pesquisadores da Embrapa do Acre e Pará (Amazônia Oriental), Universidade Federal de Viçosa (MG), Universidade Estadual Paulista (Unesp/SP), Universidade Federal do Acre (Ufac), Secretaria de estado de Agropecuária (Seap) e Empresa de Consultoria Ambiental Amazônia, a obra aborda as características gerais da cafeicultura no Acre, o padrão tecnológico e produtividade dos cultivos no estado, condições locais de clima e solo para a cultura e aspectos de mercado. Além disso, informa sobre as áreas aptas para a cultura, com recomendações de cultivo, considerando requisitos essenciais para o desenvolvimento dos plantios.

Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Celso Bergo, um dos editores técnicos, o livro materializa o esforço de pesquisadores de diferentes áreas, na produção de conhecimentos estratégicos para desenvolver a cultura do café no Acre, “O Acre tem grande potencial para o cultivo de café canéfora e a produção tem mercado garantido, além de constituir importante fator de geração de renda no campo. Saber onde e como plantar é essencial para reduzir riscos na cultura e fortalecer essa cadeia produtiva”, diz.

A publicação poderá ser fonte de informação para produtores rurais, técnicos, extensionistas, pesquisadores, estudantes universitários e gestores de instituições de apoio e fomento à produção. A versão impressa será encaminhada a instituições parceiras em projetos de pesquisa e transferência de tecnologias envolvendo o cultivo de café no Acre e pode ser consultada na biblioteca da Embrapa, na sede da Empresa, localizada à BR 364, Km 14, sentido Rio Branco/Porto Velho. Acesse aqui o formato digital.

Áreas prioritárias

O Acre está dividido em cinco regionais: Alto Acre, Baixo Acre, Purus, Tarauacá-Envira e Juruá). Os estudos de zoneamento, abordados no livro, permitiram conhecer aspectos como níveis de fertilidade e acidez do solo, tipos de relevo, profundidade, textura e capacidade de drenagem. Foram avaliados 291 perfis, coletados em propriedades rurais de municípios de todas as regionais, com o objetivo de classificar esse recurso natural para recomendar o cultivo de café canéfora em áreas já desmatadas. As análises também consideraram dados do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do estado.

Os resultados revelaram a existência de solos com aptidão para a cultura nas cinco regionais acreanas, com predominância de áreas preferenciais no Baixo Acre. “Por apresentarem solos planos e com boa profundidade, essas áreas são prioritárias para o cultivo intensivo de café. Há também áreas que com pequenas intervenções tecnológicas, como adubação básica com calcário e uso de práticas adequadas de manejo, é possível obter boa produtividade”, afirma o professor da Ufac Nilson Bardales, que participou das pesquisas e também é editor técnico da publicação.

Em relação ao clima, os resultados do zoneamento mostraram uma grande variabilidade no regime de chuvas nas diferentes regionais do estado. Entretanto, boa parte das áreas com solos aptos para a cultura do café apresentam déficit hídrico de até 200 milímetros nos meses de junho a setembro, época da floração do cafeeiro. “As restrições hídricas podem ser superadas com o uso de irrigação. A adoção da tecnologia exige investimentos, mas os ganhos na lavoura compensam os gastos. “Na época seca, a média de produção em áreas não irrigadas é 70 sacas de 60 quilos por hectare. Em cultivos irrigados é possível triplicar a produção. Atualmente, a saca do grão limpo é vendida no mercado de Rio Branco por até 350 reais”, ressalta Celso Bergo.

A partir das características de clima e solo, fornecidas pelos estudos de zoneamento, e de exigências da cultura, o livro apresenta recomendações para cultivo de café canéfora em três sistemas de manejo: Para áreas com condições de clima e solo extremamente favoráveis, onde é possível produzir com pouco uso de tecnologias; para áreas com boa aptidão para a cultura, mas que necessitam de tecnologias para elevar a produção como o uso de calagem e adução do solo; e para áreas com exigência de uso intensivo de tecnologias, para melhorar as condições da terra e das lavouras.

Interesse pelo café canéfora

Pesquisas comprovam que os cafés mais cultivados comercialmente no País são das espécies arábica (Coffea arabica), que responde por cerca de 80% da produção nacional, e canéfora (Coffea canephora), popularmente conhecido como “Conilon” ou “Robusta”. Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o maior produtor de café conilon é o Espírito Santo, com nove milhões de sacas de 60 quilos, em 2018, respondendo por 63% da produção nacional, seguido do estado de Rondônia, com 2,2 milhões de sacas. Os principais produtores de café arábica são Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

No Acre predomina o cultivo de café canéfora. De acordo com o último levantamento da produção, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado é o segundo maior produtor da região Norte, com 43.817 sacas de 60 quilos, em 2017. Segundo Celso Bergo, as altas temperaturas e os elevados níveis de umidade do ar associados a baixas altitudes, características da região, favorecem o desempenho da cultura. Além de bem adaptado às condições climáticas locais e mais produtivo que as variedades arábica, o café canéfora tem ciclo mais longo, com os frutos geralmente colhidos no mês de maio, quando as chuvas começam a cessar no estado.

“Como a maioria dos produtores é de base familiar e não dispõe de terreiro de secagem dos grãos, aspecto essencial para garantir qualidade à produção, a colheita tardia facilita esse processo. Além disso, a chegada ao mercado de variedades clonais, mais produtivas, desenvolvidas por meio de pesquisas de melhoramento genético, também contribuiu para aumentar o interesse dos agricultores pela cultura”, explica o pesquisador.

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