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Simpósio discute a criação de abelhas nativas sem ferrão

Para se obter sucesso na atividade é necessário levar em consideração a genética das abelhas, o manejo feito pelo produtor e as fontes de alimentação


Há apenas dois anos comercializando mel de abelhas nativas sem ferrão, o produtor amazonense Sydnei Dantas Fogaça acredita que a atividade tem um bom potencial de crescimento, principalmente pelo seu caráter sustentável e dos serviços ambientais que oferece. Produzindo no sítio da família no município de Rio Preto da Eva (AM), Fogaça comercializa alguns produtos advindos da meliponicultura, como mel, pólen e própolis e também é um divulgador da atividade, participando de entidades como a Rede Mel e a Associação dos Criadores de Abelha do Amazonas (Acam). O produtor foi um dos participantes do I Simpósio de Meliponicultura, promovido pela Embrapa Amazonas Ocidental e o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM).

O simpósio, que reuniu produtores, técnicos, pesquisadores e estudantes, abordou questões econômicas relacionadas a meliponicultura, bem como aspectos sobre a criação de abelhas sem ferrão. O simpósio é uma das atividades do projeto “Abelhas, variedades crioulas e bioativos agroecológicos: conservação e prospecção da biodiversidade para gerar renda aos agricultores familiares na Amazônia Legal (Agrobio)”. O Agrobio faz parte do conjunto de 19 projetos da Embrapa que formam o Projeto Integrado para a Produção e Manejo Sustentável do Bioma Amazônia, financiado com recursos do Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo a pesquisadora do Inpa, Gislaine Almeida Carvalho-Zilse, para se obter sucesso na atividade é necessário levar em consideração três fatores: a genética das abelhas, o manejo feito pelo produtor e as fontes de alimentação das abelhas, que é chamado de pasto apícola. De acordo com ela, o produtor deve primeiro definir o que vai produzir e o que pretende com a criação, para daí planejar as outras atividades. “Se ele quer produzir mel, precisa de flores que proporcionem néctar, se o planeamento é para a produção de pólen, são necessárias outras espécies, e assim por diante”, ressaltou.

Já a pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental Cristiane Krug abordou a formação do pasto apícola, que é essencial para que a atividade seja bem sucedida. Krug ressaltou que os meliponários são arranjos não naturais que proporcionam um adensamento das populações de abelhas sem ferrão em determinado local. Nesse sentido, é necessário implantar espécies vegetais que forneçam os alimentos para as abelhas. “A escolha do local onde será instalado o meliponário também é muito importante, levando em consideração a proximidade dos alimentos, um em um local onde possa ser implantado um pasto apícola”.

Apesar de ainda incipiente no estado no Amazonas, a meliponicultura é vista como promissora, principalmente pela qualidade e do valor agregado do mel e de outros produtos que podem ser obtidos e comercializados. Segundo a pesquisadora Gislaine, no país já foram identificadas 244 espécies de abelhas sem ferrão, sendo que na Amazônia está registrada a incidência de 116 espécies. Dessas, 20 já possuem manejo conhecido para exploração comercial e 7 são criadas por produtores do estado, sendo duas mais exploradas, a jupará e a jandaíra.   


 

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