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Extratores de óleo de andiroba recebem oficina de boas práticas no Marajó

Uma das orientações é lavar as sementes de andiroba sempre com água limpa


A abundância de andirobeiras (Carapa guianensis Aubl) nas comunidades ribeirinhas do Afuá, município do arquipélago do Marajó, localizado no Pará e mais próximo do Amapá, inspirou os extrativistas a praticarem boas práticas de extração do óleo desta árvore para gerar renda e conservar a biodiversidade. Por meio do Projeto Bem Diverso, homens e mulheres participarão de uma oficina com orientação técnica da pesquisadora Ana Cláudia Lira Guedes, da Embrapa Amapá, no próximo sábado, 7/4, na Ilha do Meio / Comunidade do Moura. Ainda neste semestre será a vez das comunidades Fábrica e Açaítuba receberem a capacitação.      

O conteúdo da oficina será baseado na publicação intitulada “Guia prático para o manejo sustentável de andirobeiras de várzea e para a extração do óleo de suas sementes". A cartilha sistematiza os conhecimentos obtidos durante as atividades de pesquisa participativa e de assistência técnica, realizadas na Área de Proteção Ambiental (APA) da Fazendinha, distrito de Macapá (AP). A Embrapa distribui este material como como referência para os segmentos envolvidos na cadeia produtiva da andirobeira, especialmente os coletores de sementes e extratores do óleo. “Atualmente, os ribeirinhos estão na fase de coleta das sementes de andirobas, as quais ficarão em repouso por trinta dias. Então, quase todas as fases da extração do óelo serão mostradas através da cartilha. Cada participante receberá um exemplar”, explicou Ana Cláudia Guedes.       

Extração artesanal - A partir do conceito do uso múltiplo do óleo da andiroba, a cartilha faz as indicações da escolha de área onde pode ser feito o manejo para a extração de óleo; escolha das andirobeiras, época de coleta de sementes; método de coleta das sementes; tratamento contra a broca-da-andiroba e higiene das sementes e aspectos do rendimento. A obra é baseada no processo de extração artesanal, descrevendo as fases de cozimento e repouso, descasca e preparo da massa, preparo da massa, processo de descida do óleo, recipiente para armazenar, e as questões referentes à extração à sombra e ao sol. Nos anexos da cartilha constam os modelos de fichas de inventário e de controle de produção da andirobeiras

As principais características da andirobeira são árvores de porte médio e alto (podem chegar até 35 metros de altura nas florestas de várzea); não são árvores muito grossas e a copa não é muito espalhada; perde folhas o ano inteiro; as raízes são do tipo tabulares ou sapopema, que dão mais sustentação à árvore. O fruto é um ouriço que se abre quando cai no chão, liberando sementes com peso elevado (em média 100 sementes pesam 1 quilo) e formatos irregulares e angulosas na cor marrom. A quantidade de sementes em um fruto varia entre 4 a 16 sementes.   

A cartilha de manejo de andirobeiras, de autoria da pesquisadora Ana Cláudia Lira Guedes da analista da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Mariane Nardi, é composta de 23 páginas. Traz orientações baseadas na prática dos extrativistas de regiões ribeirinhas do estuário do Amapá, e no conhecimento técnico de pesquisadores. A publicação tem o objetivo de orientar extratores de óleo de andiroba no manejo das florestas, com foco na ecologia, na segurança do trabalho e nos padrões de higiene a fim de garantir a qualidade do produto final.

Projeto Bem Diverso (http://www.bemdiverso.org.br)

O Projeto Bem Diverso é uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e tem como objetivo a conservação da biodiversidade brasileira e a geração de renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares. Atende seis Territórios da Cidadania. As principais ameaças à conservação da floresta, no Território da Cidadania Marajó, são o desmatamento para a produção de madeira serrada; a exploração excessiva de açaí; o uso do fogo na agricultura de subsistência; o manejo inadequado das florestas; e a criação de búfalos que compacta solos em estações chuvosas e destrói a vegetação nativa. Trata-se de um dos IDHs-médio mais baixos do Brasil, de 0,519. Neste território, o projeto irá trabalhar com prioridade o açaí e a andiroba. Iniciado em 2015, o Bem Diverso tem duração prevista de cinco anos. Atua em dois eixos principais: 1) desenvolvimento e promoção do uso de técnicas de manejo para extração e uso sustentável de produtos florestais não madeireiros e promoção de sistemas agroflorestais e 2) identificação dos gargalos financeiros e de mercado que comprometem o aumento da produção e da renda de comunidades agroextrativistas e agricultores familiares.

Números do Projeto Bem Diverso:

 - 3 Biomas

 - 6 Territórios da Cidadania

 - 12 Espécies Nativas

 - 13 Unidades da Embrapa

 - 8 Instituições Parceiras

 - Investimento de R$ 33 milhões

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