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Live destaca fortalecimento da cafeicultura na Amazônia

Mais de 100 participantes acompanharam o debate e puderam tirar dúvidas sobre a cultura por meio de chat interativo


Foto: Pixabay

A cafeicultura foi tema do segundo debate da série de lives "Amazônia em Foco”, no dia 22 de maio. Transmitido ao vivo, o evento contou com palestrantes das Unidades da Embrapa do Acre (Rio Branco) e Rondônia (Porto Velho) e da Secretaria de Produção e Agronegócio do Acre (Sepa) e abordou os desafios e alternativas para o fortalecimento da produção de café na região. Mais de 100 participantes acompanharam o debate e puderam tirar dúvidas sobre a cultura por meio de chat interativo. Disponível no canal da Empresa no Youtube, a live já conta com 1.200 acessos.

De acordo o pesquisador Henrique Alves, mediador do encontro, a produção de café é uma atividade em expansão na Amazônia, mas o tema não é novo na região. O desenvolvimento econômico da cafeicultura amazônica, com cultivo do café conilon teve início na década de 1970, com a chegada de imigrantes de Minas Gerais, Paraná e, principalmente do Espírito Santo, que vieram para a região em busca de solo e clima favoráveis para a produção de café e introduziram o cultivo de café conilon (coffea canéphora). Após décadas de aprendizado, a região conta com uma das cafeiculturas mais emblemáticas do País.

“Os esforços dos produtores para melhorar a cultura, aliados ao uso de tecnologias recomendadas pela pesquisa, como as diversas variedades de café desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com outras instituições, adaptadas às condições de clima e solo da Amazônia, contribuíram para fortalecer a produção de café na Amazônia e conferir um novo status à atividade. A partir dessa diversidade genética, foi-se construindo a cafeicultura dos “Robustas Amazônicos”, baseada em variedades resultantes de cruzamento de cafés da espécie canéfora, variedades conilon e robusta, com predominância deste último, que conferem à bebida qualidade e sabor diferenciados”, explica Alves.

A série “Amazônia em Foco” é uma iniciativa organizada pelas Unidades da Embrapa na região, para discutir temas relevantes para a agropecuária amazônica. A primeira live, coordenada pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA) e Embrapa Amapá (Macapá/AP), foi ao ar em 15 de maio e destacou os desafios da cadeia produtiva do açaí na Amazônia. A próxima edição, no dia 29 de maio, terá como temática os sistemas agroflorestais na Amazônia e contará com a participação da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM) e Embrapa Roraima (Boa Vista/RR).

Salto em produtividade

O estado de Rondônia é o principal produtor de café da região Norte, respondendo por 97% da produção regional, e o segundo maior produtor de café conilon (canéphora) do País, com uma produção superior a dois milhões de sacas do grão, estimada para 2020. A cultura é praticada por cerca de 17 mil agricultores, em áreas de até quatro hectares, tem como base a mão de obra familiar e na maioria das propriedades o processo de colheita é realizado de manual, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 10 anos, a produtividade média da cultura mais que triplicou.

Para o pesquisador Alaerto Marcolan, chefe-geral da Embrapa Rondônia, um dos palestrantes da live, a grande transformação na cafeicultura amazônica se deu com a substituição das variedades de seminais por clones de café mais produtivos e adaptados à região, processo iniciado há uma década. A seleção de novos materiais genéticos, inicialmente fruto da experimentação empírica dos agricultores, passou a integrar a pesquisa na região e isso impulsionou a cultura. O desenvolvimento das lavouras também foi possibilitado pelo acesso a conhecimentos sobre a cultura, por meio de ações de capacitações ofertadas pela Embrapa e outras instituições ligadas ao agronegócio do café em Rondônia e outros estados da Amazônia.

“O uso de variedades clonais de café e a adoção de tecnologias disponibilizadas pela pesquisa, como irrigação, métodos de adubação e procedimentos adequados de colheita e pós-colheita, promoveu um salto na cafeicultura rondoniense. Em 2010 a produtividade média das lavouras era 10 sacas de grãos/hectare, atualmente são 36 sacos/hectare, e em cultivos bem manejados e com alto padrão tecnológico pode alcançar 100 sacas/hectare, o que demonstra o enorme potencial da cultura no estado e na região. Apesar do bom desempenho, ainda há muito o que fazer pela cultura na região e a pesquisa continuará investindo no desenvolvimento de novos materiais genéticos para alavancar ainda mais a cultura na região”, ressalta o gestor.

Café com sustentabilidade

Conforme dados do IBGE, o estado é o segundo maior produtor da região, com uma produção de 32.817 sacas, volume insuficiente para abastecer o mercado interno e que impõe desafios para desenvolver a cultura que já contou com uma área plantada de 4.500 hectares, mas atualmente ocupa apenas 800 hectares. Na última década, a retomada da cultura, capitaneada pelo esforço conjunto do governo do estado, instituições de pesquisa e órgãos de extensão rural, agregou ganhos em tecnologia e um forte enfoque ambiental à produção.

Segundo Eufran Amaral, chefe-geral da Embrapa Acre, que também participou do debate durante a live, o desenvolvimento da cafeicultura acreana priorizou a renovação de antigos cafezais e a incorporação de áreas abandonadas, de capoeiras e áreas de pastagens degradadas com aptidão para a cultura. O estado também tem investido na produção consorciada com outras lavouras, alternativa que permite o uso racional da área e benefícios para a lavoura, como sombreamento das plantas e melhoria nas condições de fertilidade do solo.

Além de disponibilizar materiais genéticos de qualidade e viabilizar viveiristas credenciados para tornar esses materiais acessíveis aos produtores, a pesquisa gerou conhecimentos sobre novas técnicas de espaçamento, controle de pragas e doenças e estratégias de irrigação para viabilizar a cultura do café em áreas com restrições hídricas, para fortalecimento da produção no Estado. “O Acre tem investido em alternativas para aumentar a produtividade sem abrir novas áreas, como estratégia para garantir sustentabilidade à cultura. Estamos trabalhando para expandir a cultura e melhorar o desempenho dos cultivos, conciliando aumento da produção, geração de renda para as famílias produtoras e conservação ambiental”, enfatiza Amaral.

De acordo com o secretário de produção e agronegócio do Acre, Edivan Azevedo, outro palestrante do evento, o governo tem executado um conjunto de iniciativas para melhoria da cafeicultura no Estado, incluindo o apoio a produtores rurais por meio da cessão de máquinas e implementos agrícolas para instalação dos cultivos na propriedade e da disponibilização de assistência técnica para as famílias produtoras. Além disso, como medida de incentivo à produção, a partir de 2021 o Programa de Aquisição Alimentos (PAA) incluirá em seu portifólio de compras a cultura do café.

“O Acre tem mais de 20 indústrias de café, mas produção não atende à demanda desses empreendimentos, que necessitam comprar o grão de outros estados. Com uma área plantada em torno de 1.200 hectares, praticamente triplicamos a produção, comparativamente a uma área três vezes maior, nos anos 2.000. Isso mostra que estamos produzindo mais em uma área menor e reforça o enfoque no aumento da produtividade. Com tecnologias adequadas é possível tornar os cultivos de café cada vez mais produtivos, garantindo trabalho e renda no campo e a manutenção da floresta”, finaliza o gestor.

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