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Braquiária consorciada com grãos pode dobrar produtividade no SEALBA

A visita técnica contou com a participação de produtores, agentes públicos e representantes das áreas de crédito rural de bancos públicos


Cerca de 30 participantes viram de perto na quinta-feira (11), no campo experimental Jorge Sobral, mantido pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) em N. S. das Dores, no Médio Sertão Sergipano, os surpreendentes resultados da associação do capim braquiária com culturas de milho e soja na região do SEALBA – a nova fronteira agrícola do Nordeste, que demonstra alto potencial para culturas diversificadas em Sergipe, Alagoas e Bahia. 

A visita técnica contou com a participação de produtores, agentes públicos de Sergipe, Alagoas, Bahia e Ceará e representantes das áreas de crédito rural de bancos públicos, além de parceiros do segmento de insumos agrícolas e equipes de pesquisa e transferência de tecnologia da Embrapa.

Os pesquisadores Edson Patto, Sérgio Procópio e Henrique Rangel mostraram o grande potencial da braquiária associada a boas práticas no cultivo de milho e soja na melhoria do solo, na disponibilidade de pasto para os animais em sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e no grande aumento da produtividade.

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O experimento foi instalado de forma que as técnicas aplicadas nas parcelas tivessem variação gradual de uma para outra, sendo a mais elementar plantada de forma convencional e simples – sem plantio direto, sem rotação de culturas e sem uso da braquiária. O experimento evolui gradativamente, com adição de uma boa prática em relação à parcela anterior, até chegar na última e mais completa, que combina o plantio direto na palha, a rotação com milho e o consórcio com a braquiária.

Resultados

Pela primeira vez nos experimentos do SEALBA, os pesquisadores decidiram realizar a colheita e medir os resultados iniciais de produtividade durante a própria realização da visita. Foi utilizada uma moderna colheitadeira experimental equipada com instrumentos de medição de parâmetros como peso colhido por hectare e umidade dos grãos. 

Os resultados iniciais verificados na colheita das parcelas experimentais mostraram que as áreas de soja onde a braquiária foi plantada em consórcio com milho no ano anterior tiveram o dobro da produtividade. Os dados consolidados deverão ser apresentados no Seminário de Grãos, que acontece dias 12 e 13 de novembro em Maceió. O superintendente da Seagri-AL, Hibernon Cavalcante, prestigiou a visita e reforçou o convite para o seminário.

Mesmo num ano ruim de chuvas na região como 2018, em que produtores da região perderam quase a totalidade de culturas como o milho, a parcela onde foi feito o tratamento ideal, com plantio direto na palha e consorciamento de milho com braquiária no ano anterior, apresentou quase 2 toneladas por hectare de produtividade, frente a uma variação entre 850 kg/ha e 1043 kg/hectare nas parcelas em que não se usou a gramínea.

“Ao longo do desenvolvimento da cultura no experimento, já vínhamos observando a diferença clara entre as parcelas de soja nos aspectos de tamanho de plantas e das vagens e enchimento e peso dos grãos. E com os dados iniciais da colheita essa diferenciação foi 
comprovada”, explicou Sergio Procópio, que vem realizando ensaios com Soja no SEALBA desde 2013.

“Até mesmo nas parcelas em que aplicamos o plantio direto, mas sem usar a braquiária, a produção obtida foi a metade. Isso mostra que essa prática, mesmo sendo muito importante para a sustentabilidade das culturas, sozinha não é capaz de fazer milagres. Já o uso da braquiária associada às demais boas práticas pode significar a salvação da lavoura, especialmente num ano de pouca chuva como este, ou de precipitações em excesso como 2017, que também pode prejudicar a cultua pelo encharcamento do solo”, avalia Patto.

Estudos realizados pelos pesquisadores em anos anteriores têm demonstrado as propriedades da braquiária na melhoria do solo. “Numa região de chuvas irregulares como os Tabuleiros Costeiros do Nordeste, o uso da braquiária nesses sistemas de grãos pode auxiliar atuando como cobertura morta na retenção de umidade no solo em um ano seco, bem como na prevenção de encharcamentos em anos chuvosos pelo fato de sua raiz atuar descompactando o solo” explica Edson Patto. 

Para o produtor sergipano José Sizenando, a braquiária já é uma realidade. “Eu já venho plantando a braquiária em consórcio e rotação com milho e sorgo na minha propriedade há duas safras com sucesso absoluto, e vejo essa perspectiva de sucesso com a soja como o futuro, num caminho sem volta”, afirmou.

De acordo com os pesquisadores, os estudos devem continuar ainda por mais alguns anos para conferir maior confiabilidade aos resultados e definir protocolos e recomendações técnicas específicas adaptadas para os produtores da região.

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