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Doença mais severa da soja, ferrugem asiática atinge Oeste da Bahia

Agência estadual confirmou foco nesta segunda; região está em alerta


As chuvas que geraram em 2017 recorde na safra de soja no Oeste da Bahia, com produção de 5,2 toneladas – aumento de 62,8% com relação a 2016 –, chegaram em 2018 com a doença mais severa para o grão: a ferrugem asiática.

Considerada praga, a ferrugem asiática é um fungo que já causou perdas de 8,5 milhões de toneladas na lavoura nacional e prejuízo de 3,7 bilhões de dólares (somando perdas de grãos, gastos com controle e queda de arrecadação), de 2002 a 2004, na chegada ao Brasil, vinda do Paraguai.

A presença do fungo no Oeste baiano foi detectada dia 3 de janeiro pela Círculo Verde, uma empresa de assessoria agronômica e pesquisas, e confirmada oficialmente nesta segunda-feira (8) pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).

O local do foco é uma fazenda situada na região de Roda Velha, no chamado ‘Anel da Soja’, na cidade de São Desidério. Uma área num raio de 20 km está em alerta pelas autoridades sanitárias, mas a preocupação se estendeu a todos os produtores da região.

A ocorrência de chuva regular no Oeste, com temperaturas mais frias à noite e formação frequente de orvalho, formaram as condições favoráveis para o aparecimento da doença, segundo a análise de especialistas que atuam na região.

“O clima está favorável ao desenvolvimento desse fungo, que pode causar danos de 80 a 90% na soja, com grãos mais leves, má formação dos grãos, e diminuição da produtividade”, disse a é fitopatologista da empresa Circulo Verde, Mônica Martins, membro na Bahia do Consorcio Antiferrugem na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Da parte das autoridades sanitárias, além da preocupação em combater o foco na Bahia, elas estão buscando providências junto aos estados vizinhos – em Goiás também já foi detectada a ferrugem asiática, este ano, numa fazenda em Luziânia.

“Hoje [segunda-feira] recebi o laudo confirmando a presença da ferrugem. Enviamos equipes ao local e em fazendas vizinhas para fazer o monitoramento”, afirmou a diretora de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, Rosângela Schettini Knupp.

A Adab informou ainda que vai acompanhar os prazos de plantio da soja, iniciado em 8 de outubro e que vai até 15 de janeiro, com o objetivo de verificar se algum produtor plantou tardiamente a cultura, o que prejudicaria a época de vazio sanitário.

Vazio sanitário

Um dos principais meios de se prevenir contra o fungo, o vazio sanitário, conforme a Portaria n° 235 da Adab, ocorre durante 99 dias, de 1º de julho a 7 de outubro. Nessa época não pode haver plantas de soja no campo, cultivadas ou involuntárias.

“Estamos orientando os produtores também a verificar as plantações que estão nos arredores das propriedades e que nascem após os grãos caírem durante o transporte. Não adianta aplicar defensivos na lavoura e deixar o perigo no lado de fora”, comentou o coordenador do Programa Fitossanitário de Combate à Ferrugem Asiática da Soja na Bahia, Armando Sá.

“O ponto positivo é que os produtores de soja da região estão preparados para realizar esses combates e já estão se movimentando para fazer com que o fungo não avance. Temos 21 áreas produtoras já em ação contra a ferrugem”, completou Sá.

O Ministério da Agricultura informou que de janeiro a outubro deste ano o complexo soja (grão, farelo e óleo) da Bahia exportou 3,6 milhões de toneladas a 1,3 bilhão de dólares. Em 2016, as exportações foram de 2,4 milhões de toneladas.

Neste ano, os produtores do grão pretendem ampliar a área produtiva em cerca de 5% – passará dos atuais 1,580 milhão de hectares para 1,6 milhão.

“O trabalho agora vai ser de uma guerra contra o fungo”, afirmou Armando Sá, segundo o qual o custo de quatro aplicações de defensivos contra a ferrugem asiática equivale a sete sacos de soja – na região, a saca de 60 quilos custa, em média, R$ 56,60.

Pesquisador da Embrapa Soja, Maurício Meyer declarou que “o importante agora é saber que existe a doença no Oeste e começar a usar os fungicidas de forma preventiva.”

“A Embrapa tem recomendado o uso de multissídios, para reforçar as aplicações. A orientação aos produtores é que eles fiquem atentos, principalmente nas lavouras que estão começando o período reprodutivo, que já estão passando da floração, para que se faça a aplicação dos melhores fungicidas, os mais eficientes”, declarou.

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