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Trigo surpreende no Ceará

Plantio experimental, teve uma produtividade superior à média da região Sul


Foto: Marcel Oliveira

Trigo no Ceará? É isso mesmo. Uma parceria entre as empresas Santa Lúcia Alimentos e Agrícola Famosa e a Embrapa foi responsável pelo plantio experimental do cereal em terras cearenses. A colheita em Limoeiro do Norte gerou aproximadamente 9 toneladas de trigo, o que representa uma produtividade de 1,6 toneladas por hectare na primeira colheita. Os resultados surpreenderam já que não se esperava que o trigo crescesse na região e em tempo recorde.

Entre o plantio e a colheita foram apenas 75 dias, enquanto nas principais regiões produtoras do Brasil o ciclo entre plantação e colheita ocorre entre 140 e 180 dias. O resultado obtido nessa primeira experiência permite prever uma colheita maior nos próximos anos e de um trigo de excelente qualidade. “Tivemos alguns desafios como adaptar a plantadeira e colheitadeira, buscamos fertilizantes e remédios próprios para trigo, mas podemos sim dizer que foi um sucesso, não só pela produtividade como também pelo curto prazo de duração do plantio até a colheita”, comentou o produtor Alexandre Salles.

A produtividade obtida se mostrou superior à da região Sul, que gira em torno de 2,4 toneladas por hectare, e pouco abaixo da obtida na região Centro-Oeste, de cerca de 5,5 toneladas por hectare. Agora a ideia é fazer alguns ajustes, expandir a área e tipificar novos produtos da cadeia do trigo. Também há intenção de novos experimentos em outros estados como Maranhão e Piaui. 

Testes na safra anterior

Os primeiros testes no Ceará foram realizados em 2019 pela Embrapa Trigo, Embrapa Agroindústria Tropical e o Instituto Federal do Ceará para analisar a viabilidade de produção do cereal, considerando as condições de solo e clima. Foram 4 cultivares observadas quanto a época mais adequada para semeadura, comportamento das cultivares, o ciclo e incidências de doenças e pragas. 

Foram realizados pequenos ensaios exploratórios em dois municípios , numa região de baixa altitude e outra de alta altitude para avaliação das cultivares. A fase experimental será expandida com a introdução de outros materiais que ainda estão sendo pesquisados pela Embrapa. Assim que essa etapa for concluída, esses materiais serão selecionados e testados em diferentes mercados para estudar a sua viabilidade para atender a indústria moageira. Com isso, poderão ser gerados produtos cultivados que sejam adaptados para biscoito, macarrão, trigo branqueador e panificação. 

“O resultado foi muito promissor, o que deu um grande ânimo à Embrapa porque vemos que os estados do Nordeste, que têm altitude acima de 600 metros como o Piauí, Ceará, Alagoas e outras partes dessa região, apresentam boa aptidão e têm condições de luminosidade e de temperatura que atendem à demanda da produção de trigo”, comentou Osvaldo Vasconcellos, chefe-geral da Embrapa Trigo. 

Hoje, o Nordeste importa quase 100% do trigo que consome, proveniente da Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e Rússia, além de importar de outras regiões do Brasil. Com os resultados positivos obtidos no Ceará, o Brasil pode equilibrar a balança comercial em trigo, acrescenta ele. A Embrapa já está realizando pesquisas experimentais em Alagoas e pretende expandir os estudos para os estados de Pernambuco, Piauí e Maranhão. 
 

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