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Empresa vai doar 2.400 peles de tilápia para pesquisa

Pele é usada em tratamento de queimaduras graves


Foto: Divulgação

Desde 2016 a Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolve pesquisas com uso de pele de tilápia para o tratamento de queimaduras de segundo e terceiro grau. No país cerca de 500 pacientes já foram tratados com o método. "O tratamento usual com pomada requer muitos profissionais, pois impõe banhos anestésicos para a dolorosa troca diária de curativos, o que encarece o serviço. A pele de tilápia elimina ou reduz drasticamente essas trocas", explica o coordenador-geral da pesquisa, Edmar Maciel.

Além de diminuir a dor nos pacientes, já que a pele do peixe, na maioria das vezes, não exige remoção, permanecendo na ferida até sua completa cicatrização, o novo tratamento gera uma redução de 50% nos custos de tratamento ambulatorial.

O uso em queimaduras e feridas também vem sendo praticado na veterinária. Mais de 50 animais foram beneficiados em vários projetos e nas missões realizadas em incêndios ocorridos no Pantanal e em Uberaba. A pele da tilápia também já foi usada para esse fim em experiências no exterior. Na Califórnia, nos Estados Unidos, sob orientação do Profº Odorico de Moraes, da UFC, ela foi empregada para tratar ursos vítimas de incêndios florestais em 2018. A aplicação no tratamento de feridas já é desenvolvida em cães, gatos e cavalos. A pele ainda pode ter fins como cirurgias plásticas, procedimentos odontológicos, produção de válvulas cardíacas e telas para reparos de tendões e hérnias abdominais.

Para dar andamento à pesquisa uma empresa de pescados cearense anunciou que vai doar trimestralmente, cerca de 800 peles de tilápia, totalizando 2.400 anuais. O acordo foi assinado com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NDPM) da universidade. 

Em três anos de parceria, a empresa de pescados já disponibilizou, aproximadamente, 3.500 peles. Para o diretor comercial da Bomar Pescados, Gentil Linhares Filho, é uma enorme satisfação contribuir para a pesquisa científica cearense e brasileira. “Sabemos a importância de questões sociais como essa, por isso, entendemos a necessidade de continuarmos colaborando com o desenvolvimento do projeto”, ressaltou.

A UFC recebe pacientes do país inteiro em Fortaleza. “Nossa intenção é, após a pandemia, criar bancos de pele de tilápia em outros estados do Brasil para que o procedimento seja feito em outros centros. Precisamos de pelo menos cinco anos de acompanhamento desses pacientes para ver os resultados, além de terminar os estudos de genética e epigenética”, ressalta o diretor do NPDM, Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho.

As peles, provenientes de peixes criados em tanques de água doce são processadas e testadas nos laboratórios da UFC e a radioesterilização é feita em São Paulo, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).

Atualmente, a empresa que tem como base de produção industrial o município de Itarema (CE), detém cinco fazendas de cultivo entre camarão e tilápia, totalizando 445 hectares de viveiros ativos e uma produção anual de 2 mil toneladas de camarão marinho.
 

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