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La Niña pode favorecer colheita do café

Mesmo fraco, mantem o tempo seco e contribui para a qualidade do café


Foto: Sheila Flores

Mesmo enfraquecido a continuidade do La Niña pode favorecer a permanência do tempo mais seco na maior parte do Brasil nos próximos meses e favorecer culturas como o café. É o que projetam os pesquisadores Williams Ferreira, da Embrapa Café/ Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Marcelo Ribeiro, da Epamig.

Segundo eles o atual comportamento de enfraquecimento do La Niña contribui para que os efeitos do fenômeno permaneçam influenciando o clima além do seu término. De modo geral, nos últimos 30 dias, em Minas Gerais, São Paulo e Paraná o volume de chuvas foi baixo.

Para os próximos três meses é esperado que as chuvas ocorram dentro, ou pouco abaixo, da média normal do período para os estados de Minas Gerais e São Paulo. No mês de agosto espera-se que as chuvas fiquem abaixo da média nos estados de São Paulo, Paraná e na mesorregião Sul de Minas Gerais.

Em relação às temperaturas é esperado que as temperaturas fiquem acima da média do período nos próximos três meses nas mesorregiões do Triângulo Mineiro, Noroeste e Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha Mucuri e Central Mineira.  No Oeste de Minas, Metropolitana de Belo Horizonte, Campo das Vertentes e Sul de Minas é esperado que as temperaturas fiquem dentro da média do período ou um pouco acima desta. Nas mesorregiões da Zona da Mata e do Vale do Rio Doce as temperaturas poderão ficar abaixo da média do período. 

Dentre os próximos três meses, junho é aquele que apresenta probabilidade de ocorrência de temperaturas abaixo da média do mês para as mesorregiões da Zona da Mata, Metropolitana de Belo Horizonte e Campo das Vertentes. Nas demais mesorregiões é esperado que as temperaturas ocorram dentro ou pouco acima da média do período.

Apesar dos problemas de má formação dos grãos que têm sido relatados por alguns produtores, devido à pouca chuva que ocorreu em determinadas regiões, a continuidade do clima mais seco proporcionará menor umidade relativa do ar, fato esse que poderá contribuir com a qualidade do café que está sendo colhido nesta safra.

Considerando-se que o café é um produto que tem o seu valor de mercado estritamente relacionado com seu aspecto qualitativo, o produtor deve sempre investir em todos os processos que contribuem para a obtenção de um café de qualidade. Para produzir um café de qualidade, com alto valor de mercado, é preciso ter cuidados especiais na colheita, no processamento dos frutos e na secagem do café. Logo o produtor de observar os seguintes pontos: 

1) a colheita deve ocorrer antes da queda do fruto, pois os frutos que permanecem muito tempo na planta ou no solo têm mais chances de se tornarem grãos pretos ou ardidos, que junto com os verdes são considerados os piores defeitos de acordo com os parâmetros de classificação utilizados para a definição do tipo do produto;

2) a escolha do ponto correto de maturação do fruto para a colheita é indispensável para a obtenção de um café de qualidade superior;  

3) após colhido o café deve ser transportado o mais rápido possível para o local do processamento, evitando assim fermentações indesejáveis; 

4) quando permanece no terreiro o café perde a qualidade, principalmente nos cinco primeiros dias, em razão da ocorrência de fermentações indesejáveis. Logo, recomenda-se esparramar o café sem sobreposição dos frutos, e na sequência ir duplicando a espessura da camada dos frutos a cada dia; 

5) nos primeiros dias, para não descascar o café, deve ser evitada a movimentação dos grãos no terreiro com o uso equipamentos mecânicos, tais como motos; 

6) a partir da meia seca (ponto em que o fruto não adere à mão quando apertado) os grãos devem ser enleirados no máximo até às 15 horas e, se possível, cobertos por uma primeira camada de saco de juta e por uma segunda camada de lona plástica. Essa operação é de extrema relevância pois ocorre a troca de calor entre os grãos de café, assegurando a manutenção da leira aquecida por toda a noite, propriedade essa que proporciona a homogeneização da umidade massa de grão e, consequentemente, da secagem da leira; 

7) o terreiro deve estar sempre exposto ao sol de modo a assegurar que o mesmo permaneça seco sob a camada de café. Tal ação propicia, indiretamente, a secagem do café na próxima virada dos grãos. Cafés esparramados em terreiros úmidos favorecem a ocorrência de fermentações indesejáveis; 

8) o operador que movimenta as leiras de café deve estar atento à orientação, ou posição do sol, devendo sempre as leiras de café ficarem paralelas à incidência dos raios solares, ou seja, na mesma direção da sombra projetada pelo operador. Finalmente, para a obtenção de café de boa qualidade, é necessário estabelecer o controle da temperatura da massa do café no secador, principalmente quando o café apresentar teor de água inferior a 33% (b.u.). Cabe destacar que a temperatura da massa de grãos de café aumenta com a redução de umidade, podendo se igualar à temperatura do ar de secagem. Assim, a temperatura recomendada para a secagem da massa de grão do café é de no máximo 40 °C.
 

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