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Goiás é um dos grandes produtores de frutas

Estado já está entre os dez que mais produzem banana e laranja


Foto: Marcel Oliveira

Goiás é conhecido como um dos maiores produtores de grãos do País. Mas nem todo mundo sabe que o Estado já está entre os dez que mais produzem banana e laranja, graças ao maior investimento em tecnologias de produção para fruticultura, que elevaram a produtividade nos últimos anos. 

O plantio cresceu motivado pelo aumento da demanda e pela melhoria dos preços das frutas, que conquistaram mais espaço na mesa do consumidor preocupado com a saúde.

O Brasil já é o maior produtor nacional de laranjas. O citricultor Raimundo Nonato Maia de Oliveira produz a fruta desde 2005 no município de Nerópolis em 46 hectares arrendados.

 Hoje, ele colhe 1,2 mil tonelada anual da variedade Pera Rio, que são vendidas na Ceasa e em várias regiões do País, através de distribuidoras. Raimundo conta que produz num sistema integrado, intermediário entre o sequeiro e o irrigado, num processo que utiliza o máximo de recursos naturais e resulta em frutos de melhor qualidade.

O produtor diz que o mercado está cada vez mais exigente e é preciso investir cada vez mais em tecnologias de produção, com gerenciamento minucioso. "Trabalho com a máxima recuperação do solo, usando menos agroquímicos e fazendo o manejo do mato, ao invés de erradicar, criando uma simbiose entre os frutos e a vegetação", explica. Assim, o próprio mato ajuda a armazenar a água. A produção é sazonal, com ciclo de 8 a 12 meses, e a colheita começa cerca de um mês após a chegada das chuvas.

Os maiores produtores de laranja do Estado são os municípios de Itaberaí, Água Fria e Hidrolândia, favorecidos por estarem em regiões com altitude mais elevada e com boa disponibilidade hídrica. Mas hoje a produção é pulverizada em várias regiões e a fruta é cultivada por 276 produtores espalhados em 51 municípios. Já a produção de bananas está nas mãos de 2.544 produtores que estão em 109 municípios goianos, principalmente Anápolis, Uruana e Pirenópolis.

O fruticultor Edimar Cardoso Oliveira produz bananas há 15 anos no município de Itaguari. Ele colhe entre 400 e 600 caixas por semana das variedades marmelo e maçã, que são vendidas para atacadistas e na Ceasa. Ele lembra que iniciou a produção por falta de opções e, no início, sofreu para assimilar as técnicas. Outro problema que ainda persiste, segundo o produtor, são os preços baixos frente aos custos de produção. "Há oito anos, a caixa de banana de segunda custava R$ 40, o alqueire de terra era alugado por R$ 2 mil e a diária de um trabalhador era R$ 30. Hoje, a caixa custa R$ 30, o alqueire alugado foi para R$ 6 mil e a diária do trabalhador está R$ 90", lembra.

Edimar conta que, nos últimos anos, muita gente migrou de outras culturas para a produção de bananas, o que aumentou a produção local. Mas isso também resultou numa maior concorrência pelo mercado, entre os próprios produtores locais e também com o produto importado. Segundo o fruticultor, a banana tem a vantagem de ser uma cultura que possibilita a colheita todos os meses, por um período de dois anos, como é o caso da variedade maçã. "Para melhorar a renda, hoje invisto também na produção de guariroba", conta.

Produtividade

A região do Vale do São Francisco é uma grande produtora de banana maçã, enquanto o município de Buriti Alegre se destaca na variedade prata. Já a laranja mais produzida é a Pera Rio, voltada para o consumo de mesa. São Paulo é o maior produtor de laranja para a indústria. O analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Alexandro Alves, também atribui o incremento da produção aos investimentos em tecnologias que aumentaram a produtividade nos pomares.

Hoje, segundo ele, a Federação da Agricultura do Estado (Faeg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) oferecem capacitação e assistência técnica aos produtores através de grupos espalhados pelo Estado. Alexandro lembra que os produtores passaram a investir mais em tecnologias como mudas com melhor material genético e uma adubação de maior qualidade. O aumento da produção ainda não foi suficiente para atender a demanda interna, mas o Estado compra e vende de acordo com as melhores negociações. "Achamos que é um bom momento para investir, pois houve uma queda na oferta com a pandemia e a demanda por frutas é crescente", recomenda.

Incentivo à produção

Com o advento da irrigação, hoje existe oferta de laranja no período da entressafra, mas a produção local ainda é insuficiente e Goiás importa a maior parte das laranjas que consome, produzindo apenas 27% da demanda atual. Para tentar reverter este quadro, o governo de Goiás, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado (Seapa), já possui alguns projetos de incentivo à fruticultura no Estado. Uma das metas é incrementar a produção de frutas no nordeste goiano, uma região de maior vulnerabilidade econômica e social. O superintendente de Produção Rural Sustentável da Seapa, Donalvam Maia, lembra que os produtores podem contar com recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), que tem longos prazos de carência e pagamento, além de juros subsidiados de menos de 0,6% ao mês.

 O programa também inclui a assistência técnica por parte da Emater e até a possibilidade de compra da produção de laranjas e bananas dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). "A fruticultura é uma atividade que proporciona um bom valor agregado por área", destaca o superintendente. Segundo ele, o foco são os pequenos produtores por conta da boa rentabilidade que as frutas podem proporcionar, agregando valor à produção nas propriedades menores, principalmente da agricultura familiar. "Nunca houve uma política estadual de fomento à fruticultura como estamos fazendo agora", garante Maia. Ele lembra que um dos objetivos é envolver até mesmo o segmento de turismo rural para agregar mais valor à produção.

Informações divulgadas pela Federação de Agricultura do Estado de Goiás (FAEG)

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