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Algodão goiano tem conquistado certificações internacionais

O Brasil ocupa a quarta colocação no ranking mundial de maiores produtores de algodão


Foto: Marcel Oliveira

O município de Cristalina, foi o primeiro a realizar o plantio em Goiás e consecutivamente a realizar a colheita e o beneficiamento das plumas. Segundo dados da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), divulgados na primeira quinzena de maio, nesta safra a área total plantada em Goiás foi de 38,5 mil hectares e a expectativa é que a produção total alcance mais de 165 mil toneladas de algodão em caroço, com produtividade média de 286 arrobas por hectare.

O Brasil ocupa a quarta colocação no ranking mundial de maiores produtores de algodão e desponta como o segundo maior exportador dessa cultura no mundo. Tais informações são do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC, da sigla em inglês), formado pela associação de governos dos países produtores, consumidores e comerciantes de algodão, que atua como organismo internacional de commodities para o algodão e tecidos de algodão. Índia, China e os Estados Unidos são os campeões em produção.

Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na primeira semana do mês de maio, o Brasil exportou aproximadamente 30 mil toneladas de algodão. Esses números estão associados a novos pedidos de varejistas da Europa e início da recuperação de indústrias têxteis em países asiáticos. A sinalização é que o mês de maio supere os índices alcançados em abril, com potencial para até 100 mil toneladas exportadas até o fim do mês.

Informações da Bloomberg L.P. (empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro e agência de notícias operacional em todo o mundo, sediada em Nova York - Estados Unidos), apontam que o coronavírus frustrou as perspectivas da indústria de algodão da Índia de se tornar a maior do mundo em 2020. Segundo ela, as indústrias têxteis da China, Indonésia, Vietnã e Bangladesh estão trabalhando com cerca de 30% a 40% de sua capacidade, sendo que na Índia, apenas 30% das fábricas estão funcionando.

De acordo com o ICAC, a incerteza em andamento devido à Covid-19 combinada com o ambiente existente de tensões comerciais está afetando as decisões de plantio dos agricultores. A área global de algodão deve diminuir 4% em 2020/21, para 33 milhões de hectares.

Na China, a previsão é que a área total de plantio de algodão diminua para 3,08 milhões de hectares, com reduções na região de Xinjiang, que representa 80% da área total do país. Como a China começou a afrouxar as medidas de contenção, as atividades de produção agrícola para a primavera estão dentro do cronograma e não se espera que os rendimentos sejam afetados.

Espera-se que os EUA permaneçam perto de 4,7 milhões de hectares, mesmo com a pressão sobre os preços, mas encontrando apoio nas políticas agrícolas e um possível aumento da demanda da China para reabastecer as reservas. Prevê-se, ainda, que a área da região da África Ocidental permaneça próxima a 3,4 milhões de hectares, onde o algodão representa uma importante safra comercial para pequenos agricultores, embora os riscos permaneçam, já que os preços do petróleo podem impactar as taxas de câmbio.

Os impactos da pandemia

O acompanhamento da safra brasileira de grãos, publicado em maio, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que as exportações devem começar a sentir de maneira mais intensa os efeitos da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Para o ano civil de 2020, a expectativa do setor de exportar dois milhões de toneladas já é revista para cerca de 1,7 milhão de toneladas. Com isso, o estoque para o final deste ano previsto pela Conab passou de 1,6 milhão para 1,9 milhão de toneladas, fator que deverá causar pressão negativa nos preços. 

O consumo interno para este ano também já começa a ser revisto e a expectativa de ultrapassar as 700 mil toneladas em um ano mais uma vez é frustrada, não devendo passar das 650 mil toneladas. A perda de renda por parte da população, o isolamento social e o fechamento de lojas afetaram fortemente o consumo de algodão no varejo. 

Outra preocupação para a cotonicultura são os preços internacionais em constante queda, podendo causar problemas nos contratos futuros já firmados e menor rentabilidade para o produtor de algodão. Os preços nacionais ainda estão sendo sustentados pela valorização do dólar frente ao real dos últimos meses. O preço internacional durante o mês de abril e o início de maio está entre 53 e 55 cents US$/libra-peso. Os contratos de maior liquidez da bolsa de NY (Julho/20 e Dezembro/20) variam entre 56 e 57 cents US$/libra-peso. Segundo o ICAC, o gráfico de indicadores de preços com A Index, preço NY, Polyester chinês e basis de 8,69 cents US$/libra-peso mostra ligeira recuperação do preço do algodão entre meados de abril e início de maio. 

Cenário goiano

Goiás ocupa a terceira posição no pódio nacional dos maiores produtores de algodão. Mato Grosso e Bahia, respectivamente, aparecem na primeira e segunda posições. Entre os fatores, colaboraram com a produção dos algodoeiros goianos as condições climáticas favoráveis, mecanização das lavouras e a redução significativa do bicudo (besouro), com o eficaz manejo de pragas em todos os algodoeiros do Estado, por meio do "Projeto de Monitoramento de Controle do Bicudo", executado pelo Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão (Fialgo), em parceria com o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e a Agopa. O projeto aprimora a qualidade do algodão e da sua fibra, reduzindo o uso de defensivos nas lavouras, elevando a produtividade e a rentabilidade de forma sustentável.

As boas práticas agrícolas adotadas pelos 28 cotonicultores goianos conquistaram a Certificação BCI (Better Cotton), um reconhecimento internacional à cadeia do algodão compromissada com práticas mais sustentáveis de produção. Com posição privilegiada no cenário brasileiro e mundial, os cotonicultores goianos têm investidos na industrialização de seus processos e na capacitação contínua de seus trabalhadores rurais, além de melhores práticas na correção de solo e rotação de culturas, de acordo com o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco.

Visando conquistar outras certificações internacionais, a Agopa ampliou seu laboratório de classificação visual e tecnológica da fibra de algodão, localizado na Casa do Algodão, em Goiânia. A obra terminou no último dia 10 de maio e o laboratório da Agopa será um dos únicos na América Latina a dispor da Certificação ISO 1702, que atesta a excelência nos testes realizados. A associação deu início ao processo seletivo para contratação de novos funcionários para atuarem nas análises desta safra e o laboratório deverá funcionar 24 horas por dia, em três turnos. 

Contribuindo também para a profissionalização do mercado algodoeiro goiano, o Senar Goiás, em seus 27 anos de atividade, tem se destacado na capacitação da mão de obra para a cadeia do algodão, com a oferta de treinamentos e cursos específicos para os trabalhadores que atuam no plantio, colheita e beneficiamento deste grão. A capacitação contínua da mão de obra é fundamental para o setor, uma vez que, em média, cada produtor de algodão emprega 30 profissionais por lavoura, cujo número é duas vezes maior do que a soja, segundo o presidente da Agopa.

Além disso, assim como a fibra goiana conquistou os padrões internacionais de reconhecimento, com sua espessura, comprimento e resistência diferenciados, os cotonicultores goianos buscam vencer a concorrência com as famosas fibras sintéticas (mais baratas), agregando valor a sua produção através da sustentabilidade. Os tecidos de algodão são biodegradáveis e hipoalergênicos e diferentemente das fibras sintéticas, o algodão não solta microplásticos durante seu consumo.  No ramo têxtil, o algodão tem se mostrado uma das alternativas mais sustentáveis para a produção de tecidos, principalmente o algodão orgânico.

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