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Avicultura do Nordeste cresce, mas faltam grãos

A região também está se tornando uma exportadora de proteína avícola, embora foco seja o mercado interno


Foto: Pixabay

Pouco antes de grande parte do setor de carnes brasileiro se voltar para a China o consumidor nordestino, quando ia ao supermercado, tinha maior facilidade de encontrar o frango criado e abatido no Paraná ou Santa Catarina do que o produzido em seu estado. Esse cenário mudou. A lacuna deixada pelos frigoríficos do Sul trouxe a oportunidade para as agroindústrias impulsionarem suas vendas. A região também está se tornando uma exportadora de proteína avícola.

Ao longo dos últimos anos, a maior parte dos estados nordestinos ampliou a produção de frango e ovos. A melhoria da renda foi um fator importante, o que contribuiu para impulsionar a indústria. Seria um cenário praticamente perfeito se não houvesse um problema: a baixa oferta de milho e soja.

“A avicultura tem se fortalecido no país inteiro, com mais abates, é um processo que passa dos estados do Sul e Sudeste e chega à região Centro-Oeste e também ao Nordeste”, avalia Ricardo Santin, diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). De acordo com ele, a tendência de fortalecimento da avicultura nordestina decorre da melhoria do perfil econômico da região.

A concentração dos abates nos estados do Sul ainda é grande, apontam os dados da associação. No entanto, em algumas unidades da federação a produção avícola cresce em participação. “Todos os estados estão crescendo, embora de maneira tênue se comparados com o Sul”, ressalta Santin. São os casos de Pernambuco, o principal produtor nordestino, Pará, Bahia e Paraíba.

Mas não se trata apenas de frango de corte. A avicultura de postura tem forte presença no Nordeste. Pernambuco é também o principal produtor na região e oitavo no país, com 213 milhões de dúzias de ovos, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em seguida, está o Ceará, com 210 milhões de dúzias. Na avaliação de Ricardo Santin, o Nordeste enfrenta dificuldades locais, mas são particularidades que mudam de uma região para outra.

O MOMENTO DE ATENDER AO MERCADO INTERNO

O momento é favorável para a avicultura nordestina. Para José Alberto Laroche, vice-presidente de frango de corte da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), as exportações de carne de frango do Brasil têm crescido e, com esse cenário, os maiores produtores estão voltados para a exportação.

O mesmo aponta Ricardo Santin. Para ele, o mercado interno esta impulsionando todas as regiões. O Nordeste, por sua vez, também tem capacidade para exportar. “Já existem frigoríficos, que não estão habilitados para China, mas os mercados globais se comunicam, então vendem para Hong Kong, Singapura”, cita.

A produção em Pernambuco tem crescido nos últimos cinco anos, segundo José Alberto. Em parte, devido também ao maior controle sanitário no estado, que coíbe a venda do frango abatido na hora, sem as condições de higiene necessárias.

Por outro lado, a baixa oferta de milho e soja torna os insumos necessários à produção avícola mais caros para os estados do Nordeste. É um fator importante para reduzir a competitividade da proteína local diante daquela enviada pelos grandes produtores do Sul. “A matéria prima para nós é sempre mais cara”, diz José Alberto. Segundo ele, a ração representa 80% do custo da produção de frango, de modo que a baixa oferta de milho e soja tem impactos significativos.

CENÁRIO QUE FAVORECE O NORDESTE

Um fator que tem ajudado na produção do Pernambuco é o crescimento do cultivo de milho e soja em outros estados nordestinos. Sergipe e Bahia estão ampliando a sua oferta interna, o que ajuda a abastecer um pouco as criações pernambucanas, aponta Laroche. Outro ponto importante é o escoamento da produção do Mato Grosso pelos portos do Arco Norte, no Pará e no Maranhão.

Com essa movimentação maior para os estados do Norte, o Nordeste tende a se aproveitar. No entanto, os mais favorecidos acabam sendo os que estão mais próximos, como o Ceará. A concretização de ligações ferroviárias, como o Ferrogão e a Arco Norte – ainda em fase de elaboração de editais –, que facilitaria o escoamento de grãos do Mato Grosso aos estados do Norte e Nordeste seria o passo mais certeiro para a consolidação da avicultura nordestina.

 

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