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Oficina Diálogo da Castanha no Amapá reuniu agroextrativistas na Reserva do Cajari

Grupo de homens e mulheres agroextrativistas da Resex, localizada no município de Laranjal do Jari (AP)


Um grupo de homens e mulheres agroextrativistas da Reserva Extrativista do Rio Cajari (Resex), localizada no município de Laranjal do Jari (AP), participou da “Oficina Diálogo da Castanha no Amapá” realizada no último sábado, 07/12, na escola da Comunidade do Marinho. O evento faz parte da programação do projeto “Ecologia e Genética da Castanheira (Berthollet ia  excelsa Bonpl.)como Subsídio à Conservação e Uso Sustentável da Espécie”, liderado pela pesquisadora Patrícia Costa, da Embrapa Roraima, com atividades planejadas nos estados do Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Amazonas, Pará, Maranhão e Mato Grosso, até o ano de 2020.     

No Amapá, a engenheira florestal e pesquisadora da Embrapa Amapá, Ana Euler, foi a responsável pela organização e mobilização dos participantes da Oficina. Ela contou com a colaboração dos pesquisadores convidados da Universidade Federal de Roraima, professora Maria Barbara Bethonico e professor Maxim Reppeto, que atuaram como facilitadores, e o estudante indígena da etnia Saterê Mawé Tadeu Menezes. A Oficina foi realizada a partir de uma metodologia participativa, com o objetivo realizar estudo exploratório sobre as dinâmicas de uso dos castanhais e seu entorno pela população extrativista, com uso de uma abordagem de caráter antropológico-etnológico e de geografia-humana. Durante a dinâmica, os facilitadores combinaram atividades como palestras informativas iniciais, utilização de instrumentos audiovisuais, realização de trabalhos em grupos para elaboração de calendário e mapa, debate e avaliação em grupo. “Esse trabalho é uma continuidade ao trabalho do Mapeamento dos Castanhais realizado pelo projeto Carbono Cajari. Ao final, além de agregarmos mais informações sobre a relação da atividade extrativista da castanha com as demais atividades produtivas e culturais da comunidade, a proposta é analisar a esses sistemas produtivos ao longo da bacia amazônica”, acrescentou Ana Euler.

O projeto “Ecologia e Genética da Castanheira (Berthollet ia  excelsa Bonpl.) como subsídio à conservação e uso sustentável da espécie, ou “EcogenCast”,  busca gerar conhecimentos sobre as diferentes tipologias sociais de uso e sobre aspectos ecológicos e genéticos dos castanhais nativos da Amazônia Brasileira. Envolve equipes de nove centros de pesquisas da Embrapa, além de professores e pesquisadores de Universidades e Institutos de pesquisa nacionais e internacionais, e colaboração de proprietários rurais, assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais. 

Iniciado em 2016 e com previsão de execução até 2020, o projeto tem como uma das ações definidas a realização de oficinas participativas para a elaboração de calendários socionaturais, que permitirão identificar os conhecimentos locais sobre o uso dos recursos naturais, com ênfase na castanha-do-brasil, a partir dos ciclos anuais da floresta.  Outro ponto importante será a geração de conhecimentos sobre os aspectos ecológicos e genéticos dos castanhais nativos, com a caracterização espacial da diversidade genética da espécie, dinâmica populacional e de produção e modelagem de cenários futuros para definição de estratégias de conservação, considerando as mudanças climáticas.

Castanha-do-brasil

A castanheira-do-brasil é encontrada nos estados de Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Maranhão e Mato Grosso. É uma das espécies mais altas da Amazônia, atingindo entre 30 e 50 metros de altura. Desempenha papel importante na subsistência de milhares de famílias residentes na floresta, ou em áreas próximas, que realizam o extrativismo e comercialização. A castanha apresenta elevado valor nutricional, sendo utilizada diretamente na alimentação e como ingrediente na fabricação de alimentos processados. 

A castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.) é uma espécie arbórea que ocorre em diferentes tipos de solo ao longo da bacia Amazônica, estando sujeita a um amplo gradiente de pluviosidade e sazonalidade. Suas sementes são muito valorizadas nos mercados alimentício e cosmético, e apesar da coleta de castanha-do-brasil ser considerada uma atividade importante do ponto de vista social e ecológico, os impactos demográficos da coleta na dinâmica populacional e a caracterização da diversidade genética ao longo de sua área de distribuição natural ainda não foram devidamente estudados. Neste sentido, o projeto EcogenCast desenvolve estudos sobre a tipologia social de uso dos castanhais nativos; caracterização espacial da diversidade genética da espécie, visando estratégias de conservação; a dinâmica populacional e de produção; e irá modelar cenários futuros considerando as mudanças climáticas.

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