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O Paraquat causa Parkinson?

A decisão da ANVISA teve como base estudos em animais



“Estudos experimentais e epidemiológicos são importantes fontes de dados de saúde" “Estudos experimentais e epidemiológicos são importantes fontes de dados de saúde" - Foto: Divulgação

O Professor-Doutor Angelo Zanaga Trapé, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e aposentado da Unicamp, concluiu que o banimento do herbicida Paraquat, determinado pela ANVISA em 2020, foi uma medida baseada no “Princípio da Precaução”. Segundo ele, essa decisão se fundamentou em estudos experimentais e epidemiológicos, mas carece de comprovações clínicas que evidenciem uma relação causal direta entre a exposição ao Paraquat e o desenvolvimento da Doença de Parkinson.

A decisão da ANVISA teve como base estudos em animais que associaram o Paraquat a efeitos neurotóxicos semelhantes ao Parkinson. Por exemplo, um estudo de 2000 com camundongos apontou a perda de neurônios dopaminérgicos, característica da doença, ao passo que outro estudo, em 2003, mostrou uma amplificação dos danos quando o Paraquat era combinado com o pesticida Maneb. Essas evidências foram complementadas por estudos epidemiológicos, como o de Tanner et al. (2011), que sugeriu uma associação entre o Paraquat e um risco elevado de Parkinson em humanos.

Apesar dessas constatações, Trapé ressalta a ausência de estudos clínicos que tenham identificado resíduos do herbicida em trabalhadores com sinais de Parkinson, destacando que os estudos baseiam-se principalmente em experimentos com animais e análises epidemiológicas. Isso reforça que a extrapolação dos dados para humanos deve ser feita com cautela.

“Estudos experimentais e epidemiológicos são importantes fontes de dados de saúde porém a avaliação de estudos clínicos utilizando marcadores biológicos de exposição são a base que pode determinar se os resultados encontrados nos estudos experimentais e as hipóteses levantadas nos estudos epidemiológicos estão corretas para estabelecer uma decisão adequada das agências reguladoras como a ANVISA. Apesar do Paraquat estar sendo utilizado a décadas no país, não há nenhum estudo clínico científico que comprove os estudos experimentais e epidemiológicos sobre a relação causal de exposição ocupacional ao Paraquat e Doença de Parkinson”, conclui.
 

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