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Projeto vai avaliar cultivares de café em Minas Gerais

Parceria com 41 produtores busca variedades mais resistentes e produtivas


Foto: Pixabay

Um projeto da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em parceria com a Embrapa Café, busca colocar a cafeicultura mineira em patamares ainda mais elevados. A iniciativa vai avaliar o desempenho de novas cultivares de café em propriedades localizadas em todas as regiões do estado. Ao fim da primeira etapa, após quatro anos, são esperados resultados indicativos das melhores cultivares em cada região para que Minas produza cafés ainda mais saborosos e sustentáveis, trazendo mais competitividade e lucratividade para o setor.

O estado é, de longe, o maior produtor de café do Brasil, responsável por 54,9% de toda a produção nacional segundo levantamento do Conselho Nacional de Abastecimento (Conab).  De acordo com o Diretor de Operações Técnicas da Epamig, Trazilbo de Paula, as pesquisas com culturas perenes, como o café, têm suas peculiaridades, sobretudo no que se refere à adoção de novas cultivares pelos produtores. Nas últimas décadas, os cafezais mineiros têm sido implantados especialmente com Catuaí e Mundo Novo. As cultivares são produtivas, mas suscetíveis à ferrugem e aos nematoides, além de já superadas pelos avanços de melhoramento genético dos últimos 20 anos.

“A estratégia de demonstrar nas propriedades, junto aos produtores, o potencial de cultivares de café mais resistentes a pragas e doenças, altamente produtivas e com qualidade de bebida reconhecida nos principais concursos nacionais e internacionais, marca o início de uma nova era para a cafeicultura mineira”, destaca Trazilbo.

Os trabalhos de melhoramento genético do cafeeiro são resultados de ações integradas do Consórcio Pesquisa Café. Para o Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Café, Omar Rocha, a cafeicultura tende a ser cada vez mais sustentável e a otimizar o uso de insumos. 

“As vantagens de optar por cultivares provenientes desse esforço nacional de melhoramento genético são enormes. Dentre as quais, a obtenção de materiais com alta qualidade de bebida, resistências múltiplas a pragas e doenças, mais tolerância ao deficit hídrico e a altas temperaturas”, afirma Omar.

As etapas do projeto

A proposta do projeto, por meio de uma parceria com 41 produtores mineiros, é apresentar a eles as novas cultivares de café mais resistentes, produtivas e com alta qualidade de bebida. Os plantios serão realizados no formato de unidades demonstrativas em 43 propriedades de municípios mineiros do Sul, Sudoeste, Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha, Norte, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

As cultivares avaliadas serão: sete da Epamig (Catiguá MG2, MGS Paraíso 2, MGS Amentista, MGS Aranãs, H 6-47-10 pl 3, H 29-1-8-5 e H 419 trat 21), três do IAC Campinas (Obatã Amarelo IAC 4739, Catuaí Amarelo IAC 62 e IAC 125RN), duas do IDR Paraná (IPR 100 e IPR 103), e quatro do Procafé (Acauã Novo, Arara, Catuaí 2SL e Guará).

A condução das unidades demonstrativas contará com a participação direta dos produtores em todas as fases do processo. Para se obter dados seguros e satisfatórios, a equipe coordenadora planeja realizar, no mínimo, duas colheitas de café, o que configura a primeira etapa do projeto.

Segundo o pesquisador da Epamig e coordenador do projeto, Gladyston Carvalho, os produtores selecionados já receberam as sementes das 16 cultivares. O próximo passo será produzir as mudas e, em seguida, iniciar os plantios de acordo com normas de manejo específicas para cada região. Todo o processo será acompanhado de perto por pesquisadores.

Serão avaliadas 100 plantas de cada uma das 16 cultivares nas 43 unidades demonstrativas. No total, 1600 mudas serão plantadas em cada propriedade, o que deve ocupar um espaço entre 0,3 e 0,4 hectare. 

“Vamos visitar todas as propriedades para ajudar o produtor a escolher a melhor área e orientá-lo a fazer o melhor manejo possível. O intervalo entre o recebimento das sementes pelos viveiristas e a finalização do preparo das mudas é de cinco a seis meses. Esse é o tempo que teremos, até meados de outubro, para visitar todas as propriedades e prestar orientações aos produtores”, relata Gladyston.  

Em 2022 será feito o acompanhamento do comportamento inicial das plantas em todas as propriedades. Já em 2023, em setembro ou outubro, são aguardadas as primeiras floradas dos cafeeiros. A Epamig, Embrapa Café e demais colaboradoras planejam eventos nas unidades demonstrativas para que os produtores das diferentes regiões acompanhem o potencial produtivo das cultivares. 

A primeira colheita está prevista para os meses de maio, junho e julho de 2024. “Antes da primeira colheita vamos encaminhar aos produtores parceiros um protocolo de preparo de amostras com qualidade para análise sensorial da bebida. Ao longo de todo projeto, serão realizados eventos técnicos e Dias de Campo para promover integração e apresentar aos cafeicultores as características das cultivares nas diferentes regiões. O produtor gosta de ver as plantas carregadas de café. Isso ajuda a escolher qual cultivar irá plantar em sua propriedade. Creio que 2024 será um ano de resultados muito relevantes já na primeira colheita”, projeta Gladyston.

A segunda colheita vai ocorrer em 2025, de acordo com os mesmos protocolos e atividades. Concluídas todas as etapas, a equipe que coordena o projeto vai publicar relatórios com recomendação de cultivares ideais para cada região de Minas, além de informações sobre análises sensoriais, mapeamento de qualidade e ganhos com relação às cultivares tradicionalmente plantadas. 
 

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