Exportações de mel enfrentam incertezas com nova tarifa dos EUA
Paraná é o 3º maior exportador de mel do país

De acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a ser aplicada pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, gera preocupação entre exportadores, especialmente do setor de mel.
“O impacto sobre a cadeia produtiva do mel pode ser significativo”, apontou o boletim. Os Estados Unidos são atualmente o principal destino do mel brasileiro, representando 84,1% do volume exportado no primeiro semestre de 2025. Nesse período, o Brasil embarcou 16.170 toneladas do produto para o mercado norte-americano, com receita de US$ 52,2 milhões.
A medida tarifária já teve reflexos práticos. Segundo o informativo, o Grupo Sama, empresa do Piauí e uma das maiores exportadoras de mel orgânico do mundo, sofreu o cancelamento imediato de um carregamento de 585 toneladas destinado aos EUA. Parte da carga estava nos portos de Pecém e Mucuripe, no Ceará, pronta para embarque. A empresa informou que, com a nova tarifa, o custo aumentaria em aproximadamente US$ 6 milhões.
Ainda segundo o boletim, outra exportadora nordestina, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), teve contêineres com 95 toneladas de mel liberados no dia 13 de julho, após apelo de produtores aos compradores nos Estados Unidos. A liberação ocorreu antes da vigência da nova tarifa, prevista para o início de agosto.
Além das barreiras comerciais, a Casa Apis também alertou para a estiagem prolongada no semiárido, que pode reduzir em até 40% a produção de mel em 2025. “A conjugação de fatores climáticos e comerciais coloca em risco a sustentabilidade da atividade apícola”, destacou a entidade.
Os dados da Agrostat mostram que, no primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou 19.219 toneladas de mel in natura, 8,7% a mais que no mesmo período de 2024. A receita cambial foi de US$ 62,2 milhões, com preço médio de US$ 3.237,47 por tonelada, valor 27,1% superior ao registrado no ano anterior.
Minas Gerais liderou as exportações com 4.621 toneladas e receita de US$ 15,2 milhões, seguido por Piauí, com 3.796 toneladas e US$ 12 milhões. O Paraná ocupou a terceira posição com 3.814 toneladas exportadas e faturamento de US$ 12,3 milhões. Santa Catarina e São Paulo vieram na sequência.
Além dos Estados Unidos, o Brasil exportou mel para países como Canadá, Reino Unido, Países Baixos, Austrália, Bélgica e Israel, embora em volumes significativamente menores.
O boletim conclui que os efeitos da nova tarifa devem ser acompanhados de perto, pois podem comprometer a viabilidade econômica de produtores e exportadores, especialmente nas regiões mais dependentes do mercado externo.