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MG: proliferação de javalis provoca prejuízos

Maior preocupação com os javalis é o risco de volta da Peste Suína Clássica


Foto: Pixabay

Trazidos para o Brasil na década de 2000 para dar início a uma criação comercial, os javalis se tornaram uma praga em boa parte do território nacional. Em Minas Gerais, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), são quase 200 municípios com registro do animal, que se tornou um asselvajado. O número confere ao Estado o terceiro lugar na lista de estados com maior incidência de javalis. Em muitas cidades, especialmente nas regiões do Sul de Minas, Alto Paranaíba e Triângulo, a situação tem causado vários prejuízos.

Sessenta e quatro delas estão classificadas com prioridade extremamente alta para a prevenção, no aspecto ambiental. Elas possuem áreas com flora e fauna mais sensíveis e espécies endêmicas ou ameaçadas de extinção. E, até bem próximo à Capital, o suíno já foi encontrado. Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), já registrou o abate de um animal.

Os animais, que estão se reproduzindo de forma descontrolada por não terem predadores naturais no País, trazem problemas relativos ao assoreamento de nascentes, pisoteamento de culturas e até ataques a outros animais e pessoas. A maior preocupação, porém, talvez seja a possibilidade de volta da Peste Suína Clássica (PSC).

Desde 2001, Minas é considerado livre de PSC pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e, em 2016, recebeu o certificado pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).

Em 2018, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) instituiu o “Plano de Implementação da Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras”. O objetivo é controlar essas espécies – entre elas o javali -, evitando a introdução e a dispersão e reduzindo significativamente o impacto sobre a biodiversidade brasileira e serviços ecossistêmicos.

De acordo com a Convenção sobre Biodiversidade (CDB), da qual o Brasil é signatário, espécie exótica é definida como “espécie, subespécie ou táxon de hierarquia inferior ocorrendo fora de sua área de distribuição natural passada ou presente; inclui qualquer parte, como gametas, sementes, ovos ou propágulos que possam sobreviver e, subsequentemente, reproduzir-se”. Espécie exótica invasora, por sua vez, é definida como “espécie exótica cuja introdução e/ou dispersão ameaçam a diversidade biológica”.

Caça

O crescimento descontrolado dos javalis levou o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) a ensinar aos caçadores legalizados técnicas de coleta e encaminhamento de amostras de sangue para que seja possível monitorar problemas sanitários que tragam risco à atividade pecuária. O órgão é executor da defesa sanitária animal em Minas e realiza treinamento sobre vigilância sorológica para Peste Suína Clássica.

Segundo a coordenadora de Sanidade Suína do IMA, Júnia Mafra, além da peste suína clássica, o javali pode transmitir outras doenças, inclusive para o ser humano. “Os javalis são animais asselvajados que colocam em risco fauna, flora e seres humanos. Hoje somos uma área livre da PSC e os estados nossos vizinhos também são. Essa é uma barreira importante, mas não podemos diminuir a vigilância. Uma volta da doença não é provável, mas, se isso acontecer, teremos problemas para exportar. Minas é o quarto maior rebanho suíno do Brasil”, explica Júnia Mafra.

Desde 2015, o órgão realiza cursos junto a clubes de tiro para orientar caçadores sobre a vigilância da PSC, informando sobre as zoonoses que podem ser transmitidas e reforçando as diferenças entre os suídeos (suínos e javalis) e tayassuídeos (cateto e queixada). A caça só pode ser realizada por atiradores autorizados pelo MMA e o Exército.

“Quando damos o curso, repassamos todo o material para os caçadores para que façam uma coleta segura e de modo a preservar a amostra. Também os preparamos para verificarem sinais ou suspeitas sanitárias. Essa coleta é voluntária. É importante lembrar que a caça só é permitida para pessoas autorizadas. Um caçador sem preparo pode colocar outras espécies em risco – temos algumas nativas bem parecidas –, outras pessoas e se contaminar com diferentes doenças”, alerta a coordenadora de Sanidade Suína do IMA.

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