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MG: cafeicultores investem na produção orgânica

Uma coincidência de fatores determinou o início da transição orgânica no município de Monte Santo de Minas, no Sul do Estado


Foto: Pixabay

Uma coincidência de fatores determinou o início da transição orgânica no município de Monte Santo de Minas, no Sul do Estado. Em uma época de forte baixa nos preços do café, entre os anos de 2013 e 2014, o extensionista da Emater-MG Clair Dias de Oliveira foi procurado por cafeicultores, em busca de alternativas para melhorar a renda das propriedades.

Paralelamente, a empresa se preparava para atender a um contrato firmado com o Governo federal, por meio de Chamada Pública, que previa assistência técnica na área de cafeicultura. Clair, um entusiasta da produção de base agroecológica, viu aí a oportunidade de iniciar uma mudança de rumos na agropecuária do município, até então concentrada no cultivo convencional.

Com a Chamada Pública do Café como “ferramenta” para iniciar o processo de transição de algumas propriedades para o sistema orgânico, cinco anos depois, em 2019, já eram 18 os produtores orgânicos ou em fase de transição, que criaram a Associação dos Produtores Orgânicos de Monte Santo de Minas (Apoema). Com a mudança, e também em busca de melhores condições de escoamento da produção, os cafeicultores passaram a comercializar seus cafés por meio da Cooperativa de Agricultores Familiares do município de Poço Fundo.

O extensionista Clair conta, entretanto, que o processo não é tão simples quanto parece em poucas linhas. Tanto é que, dos 27 produtores rurais inicialmente interessados, muitos desistiram no meio do caminho. Técnica apurada e muita paciência são duas características para o cafeicultor que pretende transformar sua lavoura em uma cultura orgânica, na avaliação do engenheiro agrônomo da Emater-MG. “Com a recuperação dos preços do café, em 2015, até 2017, alguns produtores abandonaram a transição, pois entenderam que a produção de base agroecológica era muito trabalhosa”, explica.

Sempre em busca de melhorar a renda dos produtores atendidos, Clair Dias de Oliveira também sugeriu a diversificação das atividades rurais, como forma de propiciar maior segurança, em momentos de baixa nas cotações do café. Além disso, o cultivo de outros produtos, como hortaliças e banana, seria uma forma de facilitar o acesso aos chamados mercados institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que investe na compra de alimentos dos agricultores familiares para a abastecer as escolas públicas.

Nessa jornada da transição para uma agricultura de base agroecológica, o extensionista Clair contou com a ajuda de colegas de empresa de outros municípios, como o extensionista Clóvis de Piza, que acompanha produtores inseridos no Certifica Minas Café, programa de certificação de propriedades cafeeiras do Governo do Estado. Em um dos diversos eventos promovidos pelo Emater-MG em Monte Santo de Minas, Clóvis ministrou uma palestra sobre cafés de qualidade e os concursos municipal e estadual de qualidade de café. Outra ajuda fundamental, segundo Clair, veio do coordenador regional da Emater-MG em Guaxupé, Leonel Satiro, que participou de capacitações e na orientação técnica nas várias etapas do processo de transição.

Além da agregação de valor, a conversão para a produção orgânica incorpora ainda outras vantagens para as comunidades rurais, na avaliação de Clair de Oliveira: “A visão do produtor que está na associação é de um desenvolvimento sustentável, se preocupando com a família, com a sociedade, com o meio ambiente e com a produção. Nestas propriedades está ocorrendo uma diversificação na produção, pois no meio dos cafezais estão sendo implantadas culturas de abacate, banana, mexerica e cedro australiano, entre outras culturas”, afirma o extensionista. No caso específico da diversificação de culturas, os produtores podem se precaver de momentos de preços em baixa no mercado do café, na medida em que podem comercializar outros produtos, simultaneamente.

O extensionista da Emater-MG ressalta ainda que muitos produtores de orgânicos produzem o seu próprio composto orgânico em suas propriedades, o que representa maior economia no custo de produção de adubo para as lavouras. Ele diz ainda que a experiência do município de Santo Antônio de Minas vem servindo como base para a conversão à produção orgânica em outros municípios próximos, como São Pedro da União, Itamogi e São Tomás de Aquino, inclusive com a perspectiva de formação de uma cooperativa regional.

 

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