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Nova gestão da Epamig busca orçamento maior

O incentivo à novas pesquisas e a agregação de valor são prioridade


Ampliar o orçamento para pesquisas e inovação será um dos principais desafios da nova gestão da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig).

À frente da entidade desde 29 de junho, a presidente Nilda de Fátima Ferreira Soares acredita que a pesquisa é fundamental para o avanço da agropecuária de Minas Gerais e para contribuir com a recuperação da crise financeira enfrentada pelo Estado.

O incentivo a novas pesquisas e, principalmente, a estudos que promovam o aprimoramento dos produtos tradicionais, como o queijo e o café, e a agregação de valor, por exemplo, estão entre as iniciativas a serem desenvolvidas ao longo da nova gestão.

A cerimônia de posse da nova diretoria foi ontem, na sede da Epamig, em Belo Horizonte. De acordo com a presidente da Epamig, além do orçamento próprio, obtido com a comercialização de produtos da empresa, a entidade precisa de apoio para expandir os recursos de custeio. Uma das ações já em curso é a negociação junto ao Estado para que sejam colocados na lei orçamentária recursos fixos para a entidade.

“Estamos em negociação com as secretarias de Agricultura, da Fazenda e do Planejamento para que possamos colocar na lei orçamentária um recurso fixo de custeio para a Epamig. A sensibilização do governo, através dos secretários, tem sido enorme. A pesquisa traz resultados a médio e longo prazos, mas é ela quem dá ao Estado novas tecnologias e inovações, portanto, termos recursos fixos garantidos para a pesquisa, como já temos para a educação, é muito importante”, destacou Nilda.

Ainda segundo a dirigente, as reuniões têm avançado bem e as expectativas são positivas.

“Posso afirmar que nossas reuniões têm sido um sucesso. Entendemos que o governo, neste momento, tem déficit orçamentário e dificuldades financeiras, mas ele vai trabalhar com o que é possível para termos o custeio. O recurso vai garantir as nossas pesquisas em um nível mais elevado, irá abrir novas fronteiras”, completou.

Parcerias – Além de buscar recursos financeiros junto ao governo de Minas Gerais, a ideia da empresa é também trabalhar com outras fontes, como o governo federal, ou formação de parcerias com entidades, inclusive de outros países. Nilda destaca que as pesquisas são fontes de verbas para o Estado, por isso, precisam ser estimuladas. Segundo ela, em 2017, de 38 tecnologias que a Epamig gerou, foram revertidos para o Estado cerca de R$ 1 bilhão.

Outro desafio da nova gestão será a recomposição do quadro de servidores. A pedido dos funcionários, muitos em idade de aposentadoria, está sendo discutido, com o governo do Estado, um plano de demissão voluntária. Também será necessário desenvolver um estudo para a contratação de servidores que venham atender à demanda de campo e de novos pesquisadores.

“Levamos ao governo e estamos aguardando a orientação e o sinal verde para o plano de demissão. A partir disso, vamos fazer um estudo para novas contratações e também para termos um quadro que venha a atender à demanda da Epamig. Esta negociação demandará tempo e, devido à situação de crise vivenciada pelo Estado, estamos, junto ao governo, estudando possibilidades para fazer economia para conseguir a contratação de pessoal”, explicou.

Valorização da produção – A nova direção da Epamig pretende trabalhar formas de agregação de valor aos produtos tradicionais do Estado. Nilda citou, como exemplo, o café que é vendido para a Alemanha. O país fabrica cápsulas de café expresso, que têm alto valor agregado, e comercializa no mercado mundial.

Segundo ela, é importante investir na pesquisa e na criação de agroindústrias para que o processo de agregação de valor aconteça no Estado e traga resultados financeiros para o produtor rural.

Além do café, existe uma série de outros produtos em Minas Gerais que precisam de um olhar de pesquisa, como a cachaça e os óleos essenciais.

Segundo ela, em Brumadinho, por exemplo, existe a possibilidade de introduzir a produção de flores, não só ornamentais, mas para a extração de óleos essenciais, que atenderá uma série de indústrias, como a farmacêutica, por exemplo.

“É preciso que a gente avance também em novas tecnologias. O mundo tem avançado em tecnologias em curto espaço de tempo, por isso, precisamos gerar novos produtos a partir da matéria-prima que temos”, concluiu Nilda.

EMPRESA LANÇARÁ ESPUMANTE EM AGOSTO

As pesquisas desenvolvidas pela Epamig têm ampliado a gama de produtos da agropecuária estadual. Exemplo disso é a produção de azeites, vinho e agora espumante.

No próximo mês, será disponibilizado para o mercado o novo espumante da marca Epamig. A bebida é produzida com técnica similar à francesa champenoise, já utilizada por vinícolas encubadas e orientadas pela entidade.

De acordo com a enóloga do Núcleo Tecnológico Epamig Uva e Vinho, Isabela Peregrino, o espumante produzido no Sul de Minas é elaborado com a uva chardonnay, a que melhor se adaptou ao clima mineiro. A área de plantio ainda é pequena, cerca de 20 hectares, mas a tendência é de crescimento nos próximos anos.

“A Epamig desenvolveu uma pesquisa específica com a uva chardonnay para a produção de espumante voltada, principalmente, para as regiões altas do Estado, como a Serra da Mantiqueira, onde a técnica da poda invertida – utilizada na produção de vinhos – não se aplica”, explicou.

As pesquisas foram baseadas em diferentes técnicas de manejo, clones, enxertos e sistemas de condução específicos e com o objetivo de formar um pacote tecnológico para a produção do espumante.

“Toda a pesquisa tem o objetivo de atender e orientar os produtores. Vamos orientar para que ele comece a produção com o pé direito”, disse.

O lançamento do espumante Epamig será em agosto. A expectativa é disponibilizar para comercialização cerca de 100 mil garrafas da bebida. O preço será a partir de R$ 70 por garrafa.

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