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Congresso discute desafios para a produção de borracha

Atualmente, a Ásia responde por 91% da borracha natural produzida no mundo


Começou nesta terça-feira, 22 de outubro, no Auditório da Emater – MG, em Belo Horizonte, o 6º Congresso Brasileiro de Heveicultura. O evento, que acontece pela primeira vez em Minas Gerais, tem como objetivo identificar os desafios, propor e encaminhar soluções para o setor produtivo de borracha natural no país.

O pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e presidente desta edição do Congresso, Antônio de Pádua, explica que o momento atual é de retração na produção da seringueira e no consumo de borracha natural no Brasil e no mundo. O cenário futuro porém, de acordo com as projeções do economista holandês Hidde Smit, aponta para um déficit de borracha natural no final da próxima década, com consequente recuperação dos preços desta matéria-prima. Outra vantagem, apontada pelo pesquisador, é o potencial da seringueira na recuperação de áreas degradadas.

Atualmente, a Ásia responde por 91% da borracha natural produzida no mundo. O Brasil, embora seja um centro de origem e diversidade genética da seringueira,  produz 1/3 da borracha que é consumida no país, o que corresponde a 1,4% da produção mundial (192 mil toneladas por ano). “Minas Gerais foi o estado que mais plantou seringueira nos últimos 10 anos e possui entre 16 e 17 mil hectares plantados em diversos níveis de altitude. A seringueira está apta a ser plantada em todo nosso estado, com algumas restrições na região Norte”, informa Antônio de Pádua, completando que a cultura precisa ser incentivada entre os pequenos produtores mineiros. “Na Ásia a produção está concentrada nos miniprodutores, sendo que na Índia há vários microprodutores de fundo de quintal muito bem organizados”.

A presidente da EPAMIG, Nilda de Fátima Ferreira Soares, participou da abertura do evento e destacou o papel da pesquisa na recuperação da relevância da seringueira na agricultura e na economia mundial. “Com certeza existem vários fatores que fizeram com que a cultura da seringueira, que no século XIX e no começo do século XX era conhecida como o ouro branco nacional, entrasse em declínio. Hoje a produção brasileira representa menos de 2% do total mundial. Eu me arrisco a apontar alguns fatores como a falta de investimento em pesquisas para melhoramento genético e desenvolvimento de novas cultivares, assim como ocorreu em outras culturas. Precisamos reforçar o papel da ciência e da tecnologia como a mola propulsora do desenvolvimento de um país. E defender empresas, como a EPAMIG, que propõe a inovação, e a Emater, que leva para o campo a tecnologia gerada”, argumentou Nilda.

A secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Maria Valentini, que é engenheira florestal, reconheceu a falta de apoio ao setor nos últimos anos. “Nós precisamos tornar o ambiente mais favorável para o produtor rural, que tanto auxilia no crescimento do nosso estado. A situação está bastante difícil, mas nós não desanimamos. Estamos buscando recursos, parcerias e mudanças na lei para fortalecermos a nossa empresa de pesquisa”, afirmou.

O ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli proferiu a conferência de abertura do Congresso com o tema Agricultura Brasileira: Passado, presente e futuro, na qual destacou os avanços da agricultura tropical e as bases para a estruturação do sistema de pesquisa agropecuária do Brasil na década de 1970. Paulinelli assegurou que o momento atual, de retração econômica e demanda por aumento de produtividade, é semelhante ao que culminou no avanço da agropecuária para regiões antes consideradas improdutivas, como o Cerrado, e na criação da Embrapa e das organizações estaduais de pesquisa. “São em momentos como este que surgem oportunidades para propormos novas alternativas”, concluiu.

O 6º Congresso Brasileiro de Heveicultura é realizado pela EPAMIG e pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), tem como correalizadores a Emater-MG e a Sociedade de Investigações Florestais (SIF) e o apoio do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), do Sebrae, da Sociedade Mineira de Engenheiros Agrônomos (SMEA), da Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif) e da Associação das Empresas de Base Florestal (Abaf). A programação prossegue até a próxima quinta-feira (24).

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