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Pesquisadores identificam vírus em alho no Vale do Itajaí

Cerca de 50 amostras de plantas de alho com sintomas de viroses, coletadas no Vale do Itajaí, em Santa Catarina


Cerca de 50 amostras de plantas de alho com sintomas de viroses, coletadas no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, foram analisadas no Laboratório de Virologia e Biologia Molecular da Embrapa Hortaliças (DF) e os resultados dos testes sorológicos confirmaram a ocorrência de espécies de vírus em campos da região. “Trata-se do primeiro registro nessa localidade da ocorrência do Onion yellow dwarf virus (OYDV), do gênero Potyvirus, e de espécies do gênero Allexivirus, que são transmitidos, respectivamente, por pulgões e ácaros”, indica a pesquisadora Mirtes Freitas Lima, virologista da Embrapa Hortaliças. Os vírus já tinham sido relatados anteriormente infectando campos de alho em outras regiões brasileiras.

A coleta das amostras das cultivares de alho nobre Quitéria e Ito foi realizada por técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri-SC) a partir da observação de sintomas como mosaico em faixas (estrias que variam da coloração verde-clara ao amarelo) e nanismo (redução no desenvolvimento da planta). Testes com antissoros identificaram OYDV como o vírus mais presente, tendo sido detectado em 38% das amostras da cultivar Quitéria e em 18,5% das amostras do alho Ito. Nessas duas cultivares, espécies de vírus do gênero Allexivirus estiveram presentes em 4,7% e 3,7%, respectivamente.

Os resultados das análises laboratoriais detectaram uma única amostra com a presença de ambos os vírus, o que caracteriza infecção mista, que pode resultar em sintomas mais severos e afetar ainda mais o rendimento da planta. “A infecção reduz o potencial produtivo da planta e, no caso do alho, há um agravante, pois por ser cultura de propagação vegetativa, porque os novos plantios são feitos a partir de bulbilhos coletados no plantio anterior, ou seja, a partir de propagação vegetativa”, resume Mirtes, ao explicar que, ao longo das gerações de plantio, à medida que a carga viral vai se acentuando, a produtividade e o vigor da planta ficam comprometidos, o que é conhecido por degenerescência da cultura.

Santa Catarina é o segundo maior estado produtor de alho do país, com cerca de 20% da produção nacional, atrás somente de Minas Gerais. A maior parte da produção catarinense de alho está concentrada no planalto serrano, na região de Curitibanos, mas há perspectiva de expandir o cultivo para novas áreas, como o Vale do Itajaí.

“A importância da detecção das viroses em alho no Alto Vale do Itajaí se dá pelo fato do gênero Allexivirus nunca ter sido relatado no estado de Santa Catarina. Além disso, a constatação da presença do Onion yellow dwarf virus serve como um alerta para a região, uma vez que esse mesmo vírus pode infectar também a cebola, que é a principal hortaliça produzida do Vale do Itajaí”, problematiza o agrônomo Edivânio Araújo, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Ituporanga (SC).

Alho-semente livre de vírus

A propagação vegetativa é a principal causa da disseminação de viroses na cultura do alho, por isso, utilizar materiais de propagação sadios, como o alho-semente livre de vírus, com garantia de procedência, é fundamental para assegurar a qualidade dos novos plantios, uma vez que o controle químico não é muito eficaz em reduzir a disseminação dos vírus, visto que atinge os insetos vetores - afídeos (pulgões) ou ácaros, mas esses já podem ter transmitido os vírus pelas plantações.

“A adoção do alho-semente livre de vírus em lavouras comerciais tem proporcionado aumentos de produtividade bastante expressivos quando comparado ao alho propagado pelo método convencional”, comenta o pesquisador Francisco Vilela, da Embrapa Hortaliças, ao quantificar que, dependendo do nível de infecção da variedade, a produtividade do clone livre de vírus pode aumentar entre 30 e 50% em relação ao alho infectado. 

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