Ajuste financeiro marca início de 2025 no agro
Até junho, foram registrados 415 pedidos de recuperação judicial
Até junho, foram registrados 415 pedidos de recuperação judicial - Foto: Divulgação
O agronegócio inicia 2025 em um ambiente de margens mais apertadas, custos elevados e crédito seletivo, movimento que vem alterando a dinâmica entre produtores e financiadores. Esse quadro se reflete no avanço da recuperação judicial e na alta concentrada da inadimplência rural, segundo análise de Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, com base no boletim agro da Serasa Experian.
Até junho, foram registrados 415 pedidos de recuperação judicial, o equivalente a 73% de todo o volume de 2024, ritmo considerado histórico. A maior parte vem de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, estados com produção de larga escala e alta exposição a capital e risco climático. O movimento é liderado por arrendatários pressionados por custos fixos e por grandes produtores com elevado nível de alavancagem e investimentos de longo prazo. A recuperação judicial tem sido usada como instrumento de reorganização de passivos diante do cenário de maior pressão financeira.
A inadimplência também cresce, mas de forma seletiva. A taxa atingiu 8,1% da população rural no segundo trimestre, alta de 1,1 ponto percentual em relação ao ano anterior. Os maiores índices aparecem entre arrendatários, com 10,5%, e grandes produtores, com 9,2%, enquanto pequenos e médios permanecem abaixo da média. Para Cogo, os dados indicam um ajuste de ciclo marcado por juros mais altos, rentabilidade menor, maior rigor na concessão de crédito e uso crescente de mecanismos jurídicos formais, caracterizando um reposicionamento natural do mercado. “Os dados indicam que o agronegócio está passando por um ajuste de ciclo. Não é um colapso — é um reposicionamento natural do mercado”, conclui.