Cafeicultores falam das possibilidades de crescimento do setor
Missão técnica à China e participação na COP30 reforçaram a importância do café
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A reunião da Comissão Técnica de Cafeicultura da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) serviu para dar um painel das oportunidades de crescimento do produto em diversos mercados. O coordenador da Comissão, Guilherme Vicentini, participou da 8ª Feira Internacional Import & Export China, em Shangai, enquanto o adjunto participou das discussões na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
Ambos reforçaram que a qualidade é o grande diferencial do café brasileiro, mas questões como sustentabilidade, rastreabilidade e inovação ganham cada vez mais relevância na abertura de novos mercados. Hoje, cerca de 50% do café consumido na China é originado em nossos cafezais, mas a concorrência vem aumentando e já existem 66 países produtores. Daí, ressaltou Vicentini, a importância de manter a qualidade e buscar sempre agregar valor ao fruto.
“Fiquei impressionado com a estrutura chinesa e com o aumento do consumo de café, impulsionado não apenas pela necessidade de estímulo, já que trabalham 14 horas ao dia, mas também pelo aumento do poder aquisitivo. Empresas como a Luckin Coffee, que em oito anos abriu 26 mil cafeterias e já planeja ampliar para 50 mil, mostram o potencial de crescimento das oportunidades”, frisou Guilherme Vicentini.
Já o coordenador adjunto, Ademar Pereira, acompanhou as propostas de inovação e avanços tecnológicos na cafeicultura de montanha. Ao contrário da proposta chinesa de criar robôs para a cultura, no Brasil os avanços estão na produção e utilização de bionsumos e no fortalecimento da presença dos drones na pulverização das lavouras.
“Tivemos a oportunidade de ganhar uma biofábrica em Caconde e estamos trabalhando na expansão do uso dos bioinsumos nas lavouras. Os drones abrem um mercado muito interessante para os jovens, que estão fazendo um trabalho exemplar em nosso município. É preciso investir na capacitação, no registro de marcas dos pequenos cafeicultores, consolidar a sustentabilidade econômica e garantir a permanência de mais produtores no campo”, disse Pereira.
O diretor Márcio Vassoler abriu a reunião, que foi conduzida pelo gerente do Departamento Técnico e Econômico da Faesp, Cláudio Brisolara, e pela assessora técnica Érica Barros. Além da palestra dos dois cafeicultores, a reunião fez um balanço das atividades da Comissão Técnica de Cafeicultura em 2025 e apontou perspectivas de continuidade e novos projetos em 2026, aproximando e conectando o sistema ainda mais aos produtores rurais e de ações realizadas em parceria com os sindicatos rurais.
O compromisso com o Plano de Ação para Conscientização sobre Trabalho Decente na Cafeicultura, que levou a projetos como o “Dedinho de Prosa”, uma série de vídeos curtos em parceria com a Superintendência Regional do Trabalho, foi um dos destaques relacionados. A conquista, pleito da Faesp, para a liberação do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para beneficiários do Pronaf e do Pronamp, também foi mencionado, além de eventos como a Sustentabilidade e Agregação de Valor na Cadeia do Café, em parceria com a empresa Guarany Indústria e Comércio, e os importantes debates realizados em torno do tema da segurança no campo, medidas preventivas para evitar furtos de café e novas propostas para valorização do setor.