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Lin Tan afirma que o Brasil é o único país capaz de aumentar a produção de soja

Palestra o “Mercado de soja em Época de Conflito Comercial”, com o PhD Lin Tan, presidente da trading chinesa Hopefull Grain and Oil

A palestra o “Mercado de soja em Época de Conflito Comercial”, com o PhD Lin Tan, presidente da trading chinesa Hopefull Grain and Oil, trouxe dados importantes para os produtores rurais de Mato Grosso. Ele abriu a cerimônia de premiação do 4º Prêmio Sistema Famato em Campo, na última semana (08/11), no auditório da Famato, em Cuiabá.

Lin Tan falou sobre a “guerra comercial” entre os Estados Unidos e a China, que tem potencial de abalar a atividade econômica global, e como isso está impactando o mercado da soja.

De acordo com Lin Tan, os governos dos Estados Unidos e da China afirmam que não se trata de uma guerra comercial, mas quando um país impõe tarifas comerciais à importação de uma nação, sobretaxando os produtos de seu concorrente, pode ser entendido como uma guerra comercial.

O palestrante disse ainda que as guerras comerciais podem gerar impactos negativos para os dois lados, caso não terminem em uma solução negociada. Ele entende que por se tratar das duas maiores potências mundiais, os conflitos tendem a afetar a economia de outros países, pois as cadeias de produção e consumo estão interligadas. “Os conflitos podem levar a uma escalada de tarifas, aumentar os custos, as exportações e gerar um ciclo de diminuição do comércio internacional. E, consequentemente, isso “freia” o crescimento econômico global”, disse Lin Tan.

Os conflitos começaram na primeira semana de março deste ano, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas de 25% sobre a importação de aço e 10% sobre o alumínio de diversos países. Segundo o chinês, esse desequilíbrio no comércio internacional pode exercer pressão sobre o câmbio. “O que vai ocorrer é uma valorização do dólar e uma desvalorização das moedas, especialmente nos países emergentes. A queda estimularia a exportação, mas implicaria numa importação mais cara”, apontou Lin Tan.

Os Estados Unidos possuem com a China um déficit comercial, que é o que ocorre quando as suas importações são maiores do que as exportações. Para tentar equilibrar a situação, o governo Trump quer reduzir em pelo menos US$ 100 bilhões o rombo com a China. Entretanto, os países se divergem nas contas.

Lin Tan apresentou dados de oferta e demanda mundial, ilustrando os principais países produtores e apontando a China como maior consumidora mundial da oleaginosa.

A China importou soja pela primeira vez em 1996 e, desde então, não parou mais. A nação asiática importou 28% mais soja do Brasil em setembro deste ano. Normalmente, os chineses compram a maior parte de sua soja no quarto semestre do ano nos Estados Unidos, porém, este ano isso mudou em função da guerra comercial. “As compras da oleaginosa brasileira, em setembro, totalizaram 7,59 milhões de toneladas, contra 5,49 milhões do mesmo mês em 2017. Sendo assim, o Brasil respondeu por 95% das importações de soja da China, que foram de 8,01 milhões de toneladas, contra 73% do mesmo período no ano passado”, ilustrou.

Lin Tan afirmou que a China está precisando de mais soja e o único lugar que tem para aumentar a produção é no Brasil, porque os americanos já estão em posição estável e a Argentina também. “Somente o Brasil pode satisfazer o mercado da China”, avisou.

Se a China e os EUA entrarem em um acordo no encontro do G-20, previsto para o fim deste mês na Argentina, provavelmente os chineses irão aceitar comprar mais soja dos americanos e os prêmios no Brasil devem cair bastante, consequentemente isso irá reduzir os preços aqui. Caso não haja um consenso, os prêmios e os preços no Brasil continuarão como estão por mais uma safra. Mas, em longo prazo, com ou sem acerto, o mercado deve voltar ao normal.

O palestrante finalizou parabenizando a iniciativa do Sistema Famato. Como incentivo aos vencedores do 4º Prêmio Sistema Famato em Campo, Lin Tan, descontraiu dizendo “produzam bastante para vender para a China. Vocês têm o potencial para produzir e a China tem o potencial para comprar”.

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