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“Momento é de cautela”, diz Aprosoja MT

Plantar é sempre uma atividade de risco e requer estratégia para gerar renda


Foto: Marcel Oliveira

O Mato Grosso é o maior produtor nacional de soja. São 9,78 milhões de hectares dedicados à oleaginosa, com produção estimada em 33,01 milhões de toneladas, mantendo a média projetada de 56,28 sacas por hectare, de acordo com levantamento divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O plantio desta safra sofreu um pequeno atraso devido ao clima. As chuvas demoraram a chegar mas a semeadura ficou dentro do esperado, na média dos últimos cinco anos. Conversamos com o presidente da Aprosoja-MT, Antônio Galvan, sobre a expectativa, comercialização, dificuldades, guerra comercial EUA-China e orientações para o produtor. Confira a entrevista:

Portal Agrolink: algumas regiões sofreram com atrasos no plantio em função do clima. Como está o panorama atual?
Galvan:
teve algumas regiões que registraram atrasos em relação ao ano passado mas na média dos último cinco anoso plantio seguiu dentro do esperado. O cenário atual mostra um clima mais favorável no sentido de ter um pouco mais de umidade . Dá pra se dizer que neste momento o clima está bom em Mato Grosso na maioria de nossos municípios

Portal Agrolink: esses atrasos podem favorecer a ferrugem asiática? Como os produtores estão observando esta questão das doenças e pragas?
Galvan:
creio que esse atraso não vai favorecer a Ferrugem Asiática. Os produtores hoje, com muita tecnologia, estão preparados para isso tanto em pragas como doenças. A gente não vê a Ferrugem Asiática no Mato Grosso como problema, ao menos no período normal de plantio.

Portal Agrolink: qual a expectativa para a safra 19/20? 
Galvan:
O que nos podemos falar da atual safra, mesmo tendo um pouquinho de atraso, espera-se que tenhamos uma boa safra sim. Mas isso também depende muito do que vai acontecer . A safra a recém foi implantada , em estado vegetativo de desenvolvimento  e enchimento de grãos. Então ainda temos um longo caminho a percorrer. Expectativa que mantenhamos a safra do ano passado ou um pouco a mais mas sempre dependemos do comportamento do clima.

Portal Agrolink: com o dólar alto o preço dos fertilizantes vai impactar mais pesado no bolso nesta safra?
Galvan:
o fertilizante sempre foi um problema para nossa atividade, é um dos nossos grandes custos. Hoje, o dólar alto, também ajuda no preço da commoditie. Então podemos dizer que o fertilizante deu uma adequada em relação a safra que está plantada agora . Agora é sempre uma preocupação com o custo de produção. Baseado no preço que foi vendida a safra passada foi uma das piores na relação custo-benefício. Agora mesmo com esse dólar alto que deu uma queda no valor do fertilizante em dólar, em quantidade, acredito que venha a ter uma tranquilidade um pouco maior.

Portal Agrolink: e em relação a contratos futuros como está agindo o produtor de MT ou qual a recomendação da Aprosoja?
Galvan:
a gente sempre fala que tem uma certa cautela . A questão é: sua dívida é em dólar? Então tem que se buscar no mínimo o custo. Você fixar alguma coisa nesse sentido para poder se precaver. Não pode o produtor correr riscos em 100% da sua lavoura, sabendo que ele tem um compromisso , seja em dólar ou real. Sempre procurar fixar uma parte da safra para poder garantir quando esta safra está cobrindo seus custos. Sempre é bom vender alguma coisa  que cubra custos e que sobre alguma coisa. Vender por vender se não está cobrindo o custo, como aconteceu há alguns meses atrás, aí também não vale a pena. É melhor esperar. Esse momento agora é favorável então acredito que favorece sim a venda de parte desta lavoura que está plantada.

Portal Agrolink: quais devem ser as maiores dificuldades/ entraves e desafios? Logística, frete, impostos, impactos no milho safrinha com atraso do plantio, reforma tributária...
Galvan:
o grande desafio do Brasil e também do Mato Grosso é o clima. Quando você tem um clima perfeito é certeza de uma boa safra. Depois disso nosso grande gargalo é a logística. A grande produção do Estado, mais de 30% da safra, em modo geral, sai daqui. Isso ainda nos penaliza muito. Nossos consumidores estão todos distantes, os portos são distantes. A Reforma Tributária ainda é uma incógnita. Estamos tentando acompanhar mas o que especialistas que contratamos para nos auxiliar nesta questão é que ainda é uma bola de neve. Esperamos que ela venha porque não é possível ter inúmeros impostos, essa burocracia, essa parafernalha fiscal. Só esperamos que não venha para onerar o produtor mais do que ele já é onerado.

Portal Agrolink: como essa guerra China/EUA está impactando e pode impactar a safra que vem.
Galvan:
a gente acredita que o quanto antes eles fizerem este acordo. O primeiro ministro chinês já liberou as importações de soja dos EUA e retirando a taxação, assim como a carne que é uma grande demanda atual da China. Os estoques mundiais de milho e soja estão baixos e isso favorece o acerto. Esse é o melhor momento porque a China sofre com a PSA e com as quebras de safra na América do Sul e norte-americana. Essa guerra atrapalha todo mundo. Num primeiro momento pode até ter nos beneficiado mas isso não interessa a ninguém porque o impacto no mundo todo é muito grande. 

Confira algumas de nossas reportagens em vídeo sobre tecnologias para a soja e projeções para o agronegócio em 2020:

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Tecnologia combate lagarta e é tolerante a Glifosato e Dicamba

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