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Soja está pronta mas não pode ser colhida

Grãos apodrecem na lavoura com excesso de chuva


Foto: Divulgação

A projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de que Mato Grosso colheria 35.446 milhões de toneladas de soja não deve se confirmar. O maior estado produtor está com parte de sua colheita comprometida pelo excesso de chuvas. Cerca de metade das lavouras estão perto da maturidade ou em ponto de colheita mas, com tudo alagado, as máquinas não conseguem entrar.

As perdas já são notadas. Produtores estão preocupados. Silvésio de Oliveira é um desses produtores. Ele produz soja em Tapurah, no norte mato-grossense, onde a situação é mais grave. Oliveira colheu 85% dos 1.350 hectares plantados apesar das chuvas, mas, na semana passada, não conseguiu entrar nos campos encharcados para terminar o trabalho. Oliveira já perdeu 100 hectares. “A chuva forte e o vento derrubaram a planta no chão”, disse Oliveira em entrevista. “Como não pude colher, os grãos apodreceram,” lamenta.

A situação também é notada em outros estados produtores, incluindo Paraná, Maranhão e Tocantins. Com as fortes precipitações grãos brotam, apodrecem e muitos desistiram de colher algumas áreas pelo percentual de avaria nos grãos. 

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) busca alternativas junto ao Governo do Estado e já fez tratativas sobre possíveis decretos de situações de emergência ou calamidade em municípios produtores.

“Nós precisamos relatar isso ao estado, porque é uma preocupação nossa enquanto produtor, já que essas perdas podem chegar até 50% da safra para alguns agricultores. É realmente preocupante e precisamos de um apoio nessa situação”, pontuou o presidente Fernando Cadore.

Segundo a entidade cerca de 51 municípios das regiões norte e noroeste de Mato Grosso tem sentido a intensidade das precipitações. Uma das alternativas do secretário adjunto foi a decretação de situação de emergência regional. “Reconhecemos a seriedade do caso e vamos levar essa demanda ao governador e ver as possíveis alternativas, enviar equipes de defesa civil para avaliação e atender as demandas dos produtores. Podemos decretar uma situação de emergência regional, que dará mais celeridade no processo”, disse o secretário adjunto de Proteção e Defesa Civil, Cel BM Cesar Viana de Brun.

Ainda estão previstas chuvas frequentes para as plantações da oleaginosa em março, ampliando os riscos climáticos. Na segunda semana do mês a previsão do AproClima é de mais chuvas. A partir de segunda-feira (08) as precipitações vão predominar nas regiões norte, leste e sul, onde o volume de água pode chegar a 50 milímetros.

Metade da área de cultivo de soja no Estado estará pronta para a colheita este mês, e as chuvas contínuas podem impedir que o grão seja colhido a tempo de evitar danos, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural, o que resultaria em safra menor.“Por enquanto, é impossível medir”, disse.

As possíveis perdas no Brasil podem elevar ainda mais os preços da soja, que já têm sido impulsionados recentemente por preocupações com o clima na América do Sul. Os futuros da soja em Chicago subiram 55% nos últimos 12 meses. Apenas 25% da área plantada havia sido colhida até o final de fevereiro, o menor nível em uma década, segundo a consultoria AgRural.

O excesso de chuvas também pode piorar o atraso nos embarques de soja do Brasil e desviar parte da demanda para os Estados Unidos, o segundo maior produtor mundial.
 

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