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PA: agricultores familiares colhem primeira safra de milho de 2020

Sedap distribuiu as sementes adaptadas ao solo amazônico, o que melhora o desempenho da agricultura familiar

Foto: Eliza Maliszewski

Após 130 dias do plantio, agricultores familiares do estado já estão utilizando para sustento próprio e para comercialização, o milho obtido da primeira colheita do ano. As sementes foram distribuídas pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) no início deste ano. No total, o órgão recebeu 50 toneladas de sementes de milho do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado por legislação específica no ano de 2003, através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). As sementes entregues foram desenvolvidas

As sementes entregues aos trabalhadores rurais são da variedade BRS Sol da Manhã, adaptada a solos de baixa fertilidade natural e eficiente no uso de nitrogênio. A variedade foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A Sedap adquiriu as sementes junto à Conab e tem capacidade atual de atender mais da metade dos 144 municípios paraenses, em parceria com 10 gerências regionais da própria secretaria em conjunto com as unidades da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará. A Emater é o órgão estadual de maior capilaridade no território paraense, responsável pelo acompanhamento técnico do plantio e da colheita de milho.  

SEGURANÇA ALIMENTAR

Engenheira agrônoma responsável pela Diretoria da Agricultura Familiar da Sedap, Antônia Aleixo ressalta que o repasse das sementes de milho é importante para os agricultores familiares porque o produto faz parte das culturas alimentares, a exemplo do arroz, feijão e mandioca.

Cerca de 800 agricultores familiares, disse a engenheira agrônoma, já foram beneficiados com o repasse das sementes de milho. “Essa cultivar BRS SOL da Manhã tem menos exigências nutricionais. É mais adaptada aos tipos de cultivos que a gente tem em nossa região’’.

“Junto com a Emater, elaboramos uma cartilha contendo algumas informações básicas específicas da variedade e orientações técnicas que foram repassadas para os agricultores. Esse fomento é importante para mantermos viva a segurança alimentar, a geração de renda e fortalecermos o crescimento e o desenvolvimento da agricultura familiar”, argumenta a engenheira agrônoma.

Antônia Aleixo ainda frisou que o trabalho teve um enfoque significativo nas organizações e movimentos sociais da agricultura familiar. “Contemplamos agricultores de diversos assentamentos, principalmente na região do Guajará e no sul do Pará, especificamente”. 

Entre as entidades beneficiadas com a entrega das sementes de milho estão o Movimento Camponês Popular (MCP), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os quilombolas, as associações e cooperativas de agricultores familiares, indígenas, famílias atendidas pelos quintais produtivos urbanos e periurbanos da Região do Guajará e os assentamentos da agricultura familiar. 

Integrante do Movimento Camponês Popular, o agricultor Denilson Silva disse que há tempos eles não recebiam sementes de boa qualidade adaptadas à região onde mora. “O trabalho do movimento é fazer o resgate dessas sementes, valorizá-las e multiplicá-las para que a gente possa, a partir de então, distribuir para novas famílias e fazer pequenos bancos de sementes familiar e comunitários e assim dar a elas condições de armazenamento dessas sementes”. 

O agricultor Denilson Silva avaliou como importante no processo, o diálogo que o movimento manteve com a Sedap. “O papel do movimento nessa intermediação é orientar o agricultor, dar assistência técnica e garantir que ela seja multiplicada”.

Morador do Km 26, em Santa Luzia do Pará, o agricultor Márcio Ramos também gostou da interação que a Sedap mantém com o Movimento Camponês Popular. “A parceria ajuda na construção de um camponês mais forte e uma produção de alimento mais saudável. O Movimento ajudou bastante nesse processo porque cria vínculos com as instituições e secretarias”.

Márcio Ramos disse que a semente distribuída pela Sedap, por ser crioula, um variedade tradicional que passa de geração a geração, possibilita que os agricultores produzam suas próprias sementes e multipliquem os próprios lotes, o que significa economia de gastos com a compra da matéria-prima. “O papel da Sedap nesse sentido é importante. Ajudou porque é um custo a menos para os camponeses e agricultores familiares”.

Para o agricultor familiar, Recinaldo Martins, morador do Km 12 da zona rural do município de Igarapé-Açu, região nordeste do Pará, o aproveitamento do milho crioulo foi cem por cento. “Conseguimos tirar uma semente boa, com qualidade. Selecionamos o que sobrou para utilizar na criação de galinhas e suínos”.

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