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Rally da Pecuária 2018 avalia estratégias de produtores diante da alta dos custos na operação

Pelo segundo ano consecutivo, atividade é afetada pelo cenário político e econômico


O Rally da Pecuária 2018 vai a campo, a partir de 18 de junho, em um cenário de alta nos custos de produção em todo o País. Os confinadores enfrentam, neste mês, aumento de 10% nos preços da dieta dos animais, se comparado ao projetado no início de maio. A alta acontece num contexto de gastos elevados na operação, já que, até o início de maio, as projeções com base no mercado de grãos e derivados indicavam custos 22% maiores, segundo a Athenagro, empresa que organiza o Rally da Pecuária em parceria com a Agroconsult.

“Os confinadores registram perdas em duas situações. Os que já estão com boi no cocho perdem na venda dos animais prontos e com a dificuldade em disponibilizar alimentos de acordo com a dieta planejada. Mudar a dieta de um animal em alta tecnologia causará redução no desempenho, trazendo um impacto irreversível no resultado financeiro do confinamento”, explica Maurício Palma Nogueira, sócio diretor da Athenagro e coordenador do Rally.

“Entre o final de maio e início de junho, o colapso logístico no País alterou todos os preços. Preços FOB e fretes subiram pelo próprio desequilíbrio entre oferta e demanda. Em alguns casos, os ingredientes para confinamento chegaram a ser cotados em valores 20% acima dos negociados antes da paralisação. Quando a situação se normalizar, os balanços entre oferta e demanda serão revistos”, relata Nogueira.

Ainda assim, o consultor não acredita em retração na quantidade de animais confinados. Levantamento realizado pela empresa em 2017 identificou 4,57 milhões de cabeças terminadas com dietas intensivas no cocho, indicando que a estimativa do total de animais confinados no Brasil possa estar subestimada. “No Brasil, o confinamento é necessidade e consequência da opção dos pecuaristas em intensificar a produção das pastagens”, avalia Nogueira.

Nesse contexto, a pastagem ganhará atenção especial na expedição em 2018. As observações a campo, quando cruzadas com as informações fornecidas pelos pecuaristas, o acompanhamento dos pastos amostrados por imagens de satélite e as informações estatísticas disponíveis apontam uma redução da área de pastos, resultado do maior aporte tecnológico na produção. “A divulgação de estudos recentes sugere conclusões que não correspondem às observações técnicas e ao cruzamento da base estatística disponível sobre pastagens. Em recentes publicações, análises indicam área de pastagens com variações de 30 milhões de hectares, o que dificulta o processo decisório dos profissionais dedicados à pecuária”, esclarece Nogueira. 

Imapactos na exportações e na cadeia produtiva

As exportações de carne bovina também foram fortemente impactadas com a paralisação dos caminhoneiros. Até que a situação se normalize definitivamente, as exportações de carne bovina serão afetadas entre US$ 200 e US$ 250 milhões. O cálculo é feito com base na expectativa frustrada do montante que seria exportado entre maio e junho. A cada dia de greve, a indústria brasileira deixou de exportar o equivalente a US$ 18 milhões.

E o impacto da paralisação também se estende ao mercado interno. O coordenador do Rally da Pecuária avalia que quando se fala de toda a cadeia produtiva, dos insumos até as gôndolas dos supermercados, as perdas ultrapassam os R$ 11 bilhões, num setor que movimentou cerca de R$ 520 bilhões em 2017. Parte das perdas pode ser reversível num cenário inflacionário, com preços mais elevados da carne bovina.

No caso dos produtores de baixa tecnologia, o momento da paralisação não podia ser pior. Pecuaristas nessas condições enfrentam o momento mais crítico no início de entressafra, com poucas condições de manter os animais nos pastos. Dependendo da situação do pecuarista, a quantidade de alimentos demandada para manter os animais a pasto pode comprometer o planejamento do ano todo.

Já na avicultura, conforme a quantidade de animais excluídos na linha de produção, o impacto poderá ser ainda maior do que o calculado, se somadas as aves que morreram ou foram sacrificadas. “No mercado de milho, as aves abatidas e os galpões desocupados por determinado período deixarão de consumir o cereal, cuja demanda era dada como certa. É fato que haverá um desequilíbrio. Resta ainda a necessidade de quantificá-lo e avaliar o impacto no mercado total de milho e alimentos concentrados”, diz André Pessôa, sócio diretor da Agroconsult.

Roteiro

O Rally da Pecuária, maior expedição técnica privada com foco nas condições da bovinocultura no país, percorrerá em 2018 cerca de 60 mil quilômetros nos principais pólos pecuários do Brasil. As equipes realizarão 12 eventos com pecuaristas e profissionais do mercado com o tema “Planejamento e foco em ambientes turbulentos”, com foco nas estratégias que definirão a permanência dos pecuaristas no setor nos próximos anos. Estão previstas ainda outras 18 oficinas da produtividade, encontros e debates com produtores e técnicos ao longo do trajeto.

A expedição vai a campo entre os dias 18 de junho e 1 de setembro com 7 equipes técnicas que visitarão 11 Estados - Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre.  Entre os dias 1 e 19 de setembro, a equipe técnica finalizará as análises dos dados obtidos em campo, que irão compor os relatórios distribuídos ao setor.

O Rally da Pecuária, organizado pela Athenagro e Agroconsult, é patrocinado por Corteva Agriscience™  - Divisão Agrícola da DowDuPont, JBS, OCP, Ourofino Saúde Animal, Phibro Animal Health, Santander e Amarok / Volkswagen, com apoio do GTPS (Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável), Agrosatélite, Webmotors e FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

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