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Projeto eleva produtividade de 10 para 119 sacas de milho

Iniciativa é desenvolvida em Pernambuco e busca dar todo o suporte para o agricultor ter mais eficiência na produção


Foto: Eliza Maliszewski

A agricultura brasileira já experimentou algumas revoluções. A chegada das máquinas agrícolas substituiu o trabalho manual ou com animais e trouxe mais conforto, rapidez e precisão no trabalho. A inserção do plantio direto ajudou na preservação das condições químicas, físicas e biológicas do solo, reduzindo a erosão e permitindo produção sustentável. Recentemente a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) permitiu que se produza grãos, crie gado e explore a madeira tudo no mesmo espaço de terra. Finalmente a quarta onda se aproxima trazendo o que há de mais moderno em monitoramento, aplicação precisa de defensivos, controle de pragas e manejo de resistência, controle biológico, produtos menos tóxicos e mais eficazes e tecnologias de todo tipo, na chamada Agricultura 4.0.

Tudo isso a grande parte dos produtores já sabe e usa ou está começando a aderir. Não é a toa que o Brasil é uma potência na produção de grãos, fibra e carne. Mas não funciona assim na totalidade do país. Há regiões onde o clima não favorece a atividade e os produtores ainda têm pouca informação e, consequentemente, menos produtividade e renda. 

Foi pensando nisso e analisando dados de área plantada qu divergiam entre indústria e Conab que a Corteva Agriscience começou, em 2017, o Projeto Prospera. Desenvolvido com produtores de milho da Zona da Mata de Pernambuco e da bacia leiteira do Estado, o programa busca dar suporte e informação para pequenos produtores testarem novas variedades de sementes de milho e aprenderem o manejo correto para melhores resultados da lavoura, focando na produção de grão e não milho verde como era feito tradicionamente.

"O mais importante disso tudo é o orgulho de ser produtor. Antes era forma de subsistência e hoje plantam para comercializar e ter condição de vida melhor". Alexsandro Mastropaulo, líder do Programa Prospera - Corteva Agriscience

Inicialmente cerca de 700 produtores receberam orientações técnicas em sala de aula e 347 famílias se organizaram em comunidade ou em seu minifúndio para receber  os insumos necessários para produzir um hectare de milho. Foram disponibilizadas sementes, defensivos, protetores de cultivo, fertilizantes e financiadas as máquinas para o cultivo. Uma assistência técnica fez o acompanhamento de todo o processo. O produtor colheu, vendeu o grão e com isso pagou o financiamento do maquinário, ficando com a renda restante.  “Contando com a ajuda de parceiros locais verificamos que era possível com nosso portfólio trazer as técnicas para Pernambuco conseguir elevar os índices  de produção. O Estado consome muito grão que não é produzido aqui. Existe uma demanda grande. Então quando temos um mercado consumidor forte e uma região com capacidade de produzir. Resolvemos ajudar. No primeiro ano de Prospera  tivemos uma média de 60 sacas por hectare. No ano seguinte foram 70 sacas e nesta safra já temos 119 sacas. A média anterior não passava de 10 sacas por hectare”, explica Alexsandro Mastropaulo , líder do Prospera. 

Orgulho de ser produtor

"Temos as tecnologias e o avanço, Não podemos ficar presos só nas coisas do passado. Há muito o que se aprender, pesquisar e descobrir. Podemos melhorar o que já temos". Fabiano de Souza, agricultor

Fabiano de Souza é agricultor em Feira Nova, no Agreste pernambucano. Planta hortaliças em sistema hidropônico mas resolveu entrar no Prospera e tentar outra cultura. Ele recebeu todo o suporte e plantou milho em um hectare. Entre os meses de junho a outubro, quando ocorreu o plantio e colheita, foram apenas 457 mm de chuva, volume pluviométrico considerado baixo. “Muitos me perguntavam se eu estava plantando milho ou palma em uma terra seca dessas. Mesmo com escassez de chuva a semente de boa qualidade brotou na terra seca e com 15 dias veio um pouco de chuva. O milho foi crescendo e os agricultores da região foram percebendo que era uma semente diferente, um sistema diferenciado do convencional”, conta.

O produtor colheu 119 sacas de 60 Kg. O número é maior do que a média da safrinha do Brasil Central, por exemplo. O resultado só foi possível porque Fabiano seguiu a risca as orientações da equipe técnica do projeto. Claudete Baumgratz, líder técnica do Prospera, acompanha de perto os produtores. Além de uma semente híbrida de qualidade eles também recebem suporte para aplicar os defensivos e protetores de cultivo de acordo com a bula e respeitando as orientações para não haver deriva, aplicação em temperatura inadequada ou excesso de produto. “O produtor precisa acreditar no que faz quando entra no projeto para romper as barreiras que limitam a atividade dele. Sabemos que inovando podemos trazer conhecimento para produzir em regiões difíceis e com sustentabilidade. Trata-se de uma reeducação da forma de cultivar que resulta em mais renda para a comunidade da agricultura familiar”, define.

Na bacia leiteira os resultados com produção de silagem também foram positivos.  A média  era de 20 toneladas. Com semente de qualidade, apoio técnico, proteção de cultivos com dosagem e aplicação correta, na época correta superamos 40 toneladas de silagem por hectare. O projeto também atua no sistema de Integração Lavoura Pecuária.
Para se ter ideia da importância do aporte tecnológico na lavoura em 1982 a produção de milho no Brasil, com o lançamento do primeiro híbrido, era de 4.800 kg/ha. Com a chegada de novas tecnologias e tratamento de sementes, em 2008, esse número já havia subido para 12 mil kg/ha. O melhoramento genético, bancos de germoplasma e a pesquisa auxiliaram no desenvolvimento da cadeia. 

Compartilhar conhecimento

O Projeto Prospera foi uma das iniciativas apresentadas na 1ª Semana da Agronomia, promovida pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), com patrocínio da Corteva Agriscience. De 18 a 22 de novembro alunos do curso de Agronomia, agricultores e comunidade puderam acompanhar palestras sobre temas como nutrição de plantas, fertilidade do solo, novas tecnologias na agricultura, soluções biológicas e como são pesquisadas e desenvolvidas novas variedades e produtos. Os conteúdos foram repassados pro profissionais da empresa que também ministraram oficinas sobre temas específicos como cultivo de soja e tecnologias para pastagem.

O coordenador-ajunto do evento e professor  Mateus Rosa Filho destaca que Pernambuco ainda não tem uma agricultura com tecnologia e, por vezes, as tecnologias parecem distantes para os futuros profissionais do setor.  “A Corteva nos trouxe uma visão de agricultura mais moderna e tecnificada. Essa parceria trouxe outra visão aos alunos. Eles puderam ver novos horizontes na agricultura”, explica.
 

** Fotos da reportagem Eliza Maliszewski/Portal Agrolink

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