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PE: incêndio destrói unidade experimental de mangaba

O fogo destruiu uma área de vegetação de restinga em processo de regeneração estimada em mais de 10 hectares


Foto: Josué Jr/Embrapa

Um incêndio ocorrido no dia 7 de dezembro em Tamandaré, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, atingiu a Unidade de Experimentação Participativa (UEP) de Mangaba implantada pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) com apoio do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), levando à perda de quase todas as plantas.

O fogo destruiu uma área de vegetação de restinga em processo de regeneração estimada em mais de 10 hectares, localizada no Assentamento Engenho Brejo, de acordo com informações do agricultor Amaro Laranjeira, parceiro do projeto e responsável pela condução da UEP.

Implantada em 2016, a UEP de 1 hectare visava à reintrodução da mangabeira no ecossistema utilizando tecnologias geradas e disponibilizadas pelo sistema de produção da espécie, juntamente com outras frutíferas nativas, como o cajueiro e o araçazeiro, além da maçaranduba. A unidade funcionava como local de capacitação para o cultivo da mangabeira e pretendia beneficiar agricultores e agroextrativistas do litoral sul de Pernambuco.

O pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Josué Francisco da Silva Junior, que há quase 20 anos conduz ações de pesquisa com mangaba no litoral do Nordeste, explica que a mangabeira é uma espécie de grande importância agroindustrial associada aos ecossistemas de restinga e tabuleiros costeiros nordestinos. 

Ele relata que em 2018 a espécie foi objeto de um mapeamento detalhado em Pernambuco, realizado pela Embrapa e IPA, cujos resultados apresentaram números preocupantes na conservação das áreas naturais da espécie no estado. “Há apenas um pouco mais de 3 mil hectares da espécie no estado, e em situação de grande vulnerabilidade”, revela.

Josué afirma que é inestimável o prejuízo para o desenvolvimento de pesquisas e ações de transferência de tecnologias envolvendo mangaba na região. "Essa tragédia põe a perder todo um esforço de articulação de parcerias e recursos públicos para a implantação da Unidade. Ainda não é possível afirmar se haverá condições de recuperar a área e implantar novamente a UEP, e quanto tempo isso pode levar, pois dependerá de novos projetos e recursos públicos disponíveis”, lamenta.

O agricultor Amaro Laranjeira afirmou acreditar, desolado, que o incêndio foi criminoso. A área está situada em uma região de grande pressão imobiliária, com muitas construções irregulares no entorno e alvo da expansão da zona urbana de Tamandaré, um dos principais polos turísticos do litoral pernambucano. Moradores e ambientalistas fizeram protestos nas redes sociais pedindo providências aos órgãos responsáveis pela gestão do meio ambiente.

Para saber mais sobre a mangaba e sua importância socioeconômica para Pernambuco e o Nordeste, leia o artigo escrito por Josué e outros três autores, publicado na Arrudea, a revista do Jardim Botânico do Recife. Conheça também o Sistema de Produção de Mangaba para a Região Nordeste do Brasil, disponível no Portal da Embrapa.

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