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Iniciativa mundial para avaliar uso de nitrogênio em trigo conta com pesquisador brasileiro

Pesquisador da Embrapa Trigo representa o Brasil no grupo do Wheat Initiative


Pesquisador da Embrapa Trigo representa o Brasil no grupo do Wheat Initiative

Mais de 25 milhões de toneladas de fertilizantes são usados anualmente em trigo no mundo, com uma eficiência abaixo de 30%. Esta é a conclusão do grupo de pesquisadores dedicado a avaliar a eficiência de nutrientes para trigo no Wheat Initiative, Iniciativa Internacional para Fomento da Cultura do Trigo, criado em 2011. O pesquisador da Embrapa Trigo Fabiano De Bona participou da última reunião do grupo, realizada dias 26 e 27/11, em Clermont Ferrand, na França. 

O nitrogênio (N) é um macronutriente que desempenha um papel fundamental na formação do rendimento de grãos de trigo e pode interferir na qualidade final. Segundo dados divulgados pelo Wheat Initiative, a adubação nitrogenada contribuiu diretamente para o aumento total da oferta de alimentos, com a duplicação da produção de cereais em todo o mundo nas últimas décadas.  

Contudo, em muitos casos, o nitrogênio tem sido utilizado em excesso nas lavouras, causando impactos econômico e ambientais. Os fertilizantes nitrogenados representam de 20% a 60% dos custos de produção dos agricultores. Os principais problemas ambientais causados pelo excesso de N são a acidificação do solo e dos recursos hídricos e a emissão de N2O que é um potente gás com efeito de estufa. Neste cenário, o principal desafio do grupo de pesquisadores reunidos pelo Wheat Initiative é aumentar a eficiência do uso de nitrogênio.

Pesquisas no Brasil

No Brasil, a Embrapa Trigo está conduzindo o projeto “Eficiência de uso do nitrogênio e qualidade tecnológica de grãos em trigo” com o objetivo de aprimorar o uso da adubação nitrogenada em cultivares de trigo visando melhorar o aproveitamento do N e a qualidade final dos grãos. Durante as pesquisas serão avaliados tratamentos formados pela combinação de três cultivares de trigo contrastantes quanto à qualidade tecnológica de grão/farinha (classes melhorador, pão e doméstico) versus cinco manejos de parcelamento da aplicação do N em momentos distintos do ciclo de crescimento e desenvolvimento da planta. Entre os parâmetros de planta a serem avaliados destacam-se os componentes do rendimento de grãos e a determinação da qualidade tecnológica do grão/farinha (força de glúten, estabilidade e número de queda). Estudos complementares visando avaliar a dinâmica de N no solo e recuperação pela cultura do trigo serão conduzidos em locais de clima e solo distintos nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul.

De acordo com o pesquisador Fabiano Daniel De Bona, ao se aportar N ao solo na forma de fertilizante, em qualquer estágio da planta, a força de glúten aumenta levemente, em razão de pequeno aumento do teor de glutenina e gliadina no grão (proteínas que têm propriedades únicas de formar massa de pão capaz de resistir à pressão do CO2 oriundo da ação do fermento sobre o amido). O desafio é fazer com que o grão apresente maiores teores destes componentes como consequência da aplicação de N ao solo e, internamente, induzir a planta a converter esse N em compostos que melhorem a capacidade de panificação da farinha. 

O investimento em adubação nitrogenada é fundamental para o rendimento de grãos, responsável tanto pelo desenvolvimento da planta, quanto pelo enchimento de grãos. “O produtor sabe que a disponibilidade de N é o principal fator determinante do rendimento do trigo, mas nem sempre aumentar a dose significa maior rendimento de grãos” alerta o pesquisador Fabiano Daniel De Bona.

Único representante do Brasil no grupo de uso eficiente de nutrientes no Wheat Initiative, Fabiano Daniel De Bona conta que as pesquisas conduzidas no mundo estão na fase de levantamento de dados, com resultados que começarão a ser divulgados no próximo ano. “Nosso desafio é como atingir as melhores respostas aplicando menos nitrogênio”, conclui o pesquisador.

Os resultados do projeto da Embrapa Trigo estão na etapa de validação junto ao setor produtivo e divulgação na comunidade científica internacional. Após a conclusão do projeto com nitrogênio, iniciam os trabalhos de pesquisas com fósforo e potássio, para avaliar como está a eficiência no uso destes nutrientes no trigo brasileiro.

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