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Produtores têm dificuldades de indenização por cigarrinha

Bancos argumentam que a praga tem controle e não liberam os seguros agrícolas


Foto: Cirio Parizotto/Epagri

Produtores de milho de Santa Catarina estão com dificuldades para acionar os seguros e obter indenizações por danos causados pela cigarrinha. O argumento dos bancos é que a praga pode ser combatida e isso inviabiliza a liberação do Proagro ou seguro agrícola. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC)  pedirá a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil  (CNA) que interceda junto ao Ministério da Agricultura para a concessão das devidas indenizações aos produtores rurais que contrataram o Proagro ou o seguro agrícola. 

O vice-presidente da FAESC, Enori Barbieri, entende que os agentes financeiros estão equivocados quando negam a indenização aos produtores afetados pela praga. Lembra que a cigarrinha é uma praga de difícil controle e que os produtores fizeram tratamento de sementes e usaram inseticidas, portanto, adotaram as medidas preventivas e devem ser indenizados. O dirigente recomenda que quem teve a concessão negada entre com recurso para não perder o prazo.

O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) foi criado pelo governo federal para garantir o pagamento de financiamentos rurais de custeio agrícola quando a lavoura amparada tiver sua receita reduzida por causa de eventos climáticos ou pragas e doenças sem controle.

As lavouras de milho no Sul do País, especialmente no Paraná e sobretudo em Santa Catarina, foram amplamente castigadas pela seca e pela praga da cigarrinha. Em território catarinense, a incidência da cigarrinha-do-milho, inseto-vetor de doenças provocadas por vírus e bactérias, tem ocorrido de forma generalizada em todas as regiões e com danos econômicos variáveis na safra 2020/2021. As macrorregiões mais afetadas são o Meio-Oeste, Oeste, Extremo-Oeste, Planalto Norte e Planalto Serrano.

Produtores relatam perdas de até 70% das lavouras, especialmente nos cultivos precoce e superprecoce, variedades mais sensíveis à praga. A cigarrinha se alimenta e se reproduz apenas no milho e, por isso, a manutenção de plantas é favorável para sua multiplicação. Também não há controle químico 100% eficaz para a praga. Ao contaminarem a planta, as cigarrinhas prejudicam o seu desenvolvimento, acarretando em má formação, menos espigas e, consequentemente, queda de produtividade, os chamados enfezamentos.

A cigarrinha impactará na produtividade do milho no Estado neste ano. A estimativa da FAESC é que a safra 2020/21 deve chegar, no máximo, a 1,5 milhão de toneladas ou1,2 milhão a menos que o previsto. São 300 mil hectares de área cultivada para milho comercial e 200 mil para silagem. “O produtor que plantou para colher 250 sacas por hectare, colherá entre 50 e 60”, projeta Barbieri.

Para abastecer o mercado interno, Santa Catarina terá que importar cerca de cinco milhões de toneladas de milho no ano, o que também impactará nos custos de produção das agroindústrias
 

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