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Paraná pode se tornar o maior produtor de fruta do Brasil

“Fruta não é commoditie e exige muita mão-de-obra"


O Paraná é o sexto estado do Brasil que mais produz frutas, mas tem potencial para ser o primeiro”. A opinião é do pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) Sérgio Carvalho, que há quase 50 anos estuda a fruticultura no estado e foi um dos responsáveis por importantes avanços em diversas culturas, como o zoneamento de citros, uva e banana.

“São Paulo lidera a produção nacional principalmente em decorrência da laranja. O Rio Grande Sul por causa da uva. Pernambuco e Bahia produzem muitas frutas tropicais. O Paraná está abaixo desses estados, mas tem ótimas condições de clima, solo e geográficas para liderar em nível nacional”, destacou Carvalho. “Além de sermos um estado privilegiado em termos edafoclimáticos, estamos situados próximos de grandes mercados consumidores do Brasil e do exterior, o que facilita a comercialização e reduz custos”, salientou ele. O pesquisador deu como exemplo a proximidade da região Oeste do Paraná com Foz do Iguaçu, segundo maior destino turístico do país. “Muitas frutas consumidas pelos turistas em Foz são importadas de outros estados”, acrescentou.

Carvalho também lembrou que o fato das pequenas propriedades predominarem no Paraná é outro fator que pode contribuir para o estado produzir mais frutas. “Fruta não é commoditie e exige muita mão-de-obra. Fruticultura é uma atividade econômica com riscos e peculiaridades que vem ao encontro da agricultura familiar”, explicou o pesquisador. “O produtor de abacaxi, por exemplo, pode faturar em torno de R$ 50 mil por hectare em uma safra, muito mais que a soja. A mão de obra, no entanto, está faltando no campo e a cultura exige muito trabalho manual. Se não for agricultura familiar, fica complicado”, ressaltou. Para alcançar melhores resultados na fruticultura, sugere o pesquisador, é fundamental criar políticas políticas de incentivo à cadeia produtiva.

VITICULTURA - Carvalho e a pesquisadora Alessandra Detoni fazem parte de um grupo criado pelo Governo do Paraná para fortalecer e ampliar a cadeia da vitivinicultura paranaense. Os membros estão trabalhando em diversas ações, sendo uma delas a difusão de tecnologia. Nesta terça (13) os pesquisadores do IAPAR e o extensionista da Emater Célio Célio Potrich, juntamente com técnicos da iniciativa privada, realizaram um curso sobre viticultura para dezenas de pessoas no Polo Regional de Pesquisa do IAPAR em Santa Tereza do Oeste, a 25 km de Cascavel.

Enquanto Carvalho trouxe um panorama da fruticultura no Paraná e no Brasil, Detoni explicou a importância do planejamento e implantação do pomar. “Antes de comprar mudas e preparar a área, é preciso pensar se existem indústrias na região, se há um bom mercado consumidor para uva de mesa. Muitas vezes o insucesso está relacionada a falta de planejamento”, salientou ela. A pesquisadora também salientou aspectos agronômicos e econômicos do programa de melhoramento genético do Iapar, que está avaliando as potencialidades das variedades de uva rústicas e finas. “Estamos buscando variedades que sejam boas para produzir, que tenham boa possibilidade de comercialização, mas que também apresentem resistência a doenças, como o Míldio”, explicou.

Detoni ainda salientou aspectos do sistema de condução mais adequado para cada produtor. “O espaçamento entre as plantas precisa levar em conta se a colheita será mecânica ou manual, por exemplo. Se for mecanizada, recomendamos que o pomar seja no sistema espaldeira, que pode ser mais produtivo e reduzir a necessidade de mão de obra”, acrescentou. Sobre a implantação, a pesquisadora recomendou que a área destinada ao pomar seja na face norte. “A face norte tem maior radiação solar e evita ventos frios. Também é bom pensar em instalação de quebra-ventos para evitar a deriva de herbicida e a entrada de patógenos, como ferrugem”, disse.

O produtor rural Nelson Iesque participou do evento. Ele conduz uma pequena propriedade com a família em Santa Tereza do Oeste, onde produz apenas morango na área de fruticultura. Ele está se preparando para começar na produção de uva e ficou animado com as informações do curso. “A gente não sabe como fazer direitinho. Precisa ter os técnicos explicando pra gente”, afirmou o produtor. Ele também disse que todo pequeno agricultor precisa ter uma renda extra e que o mercado consumidor na região é bom. “Minha ideia é vender a produção em Santa Tereza ou em Cascavel”, afirmou. 

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