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Empresas validam tecnologia de conservação do solo

A tecnologia previne a erosão e pode aumentar em até 20% a produtividade na cultura de tabaco


Foto: Marcel Oliveira

Um trabalho em parceria entre a Souza Cruz e a Embrapa Trigo trouxe bons resultados a pequenos produtores do Sul do País, potencializando a produtividade da lavoura e promovendo a conservação do solo. A técnica do ‘Camalhão Alto de Base Larga’ foi avaliada em 11 lavouras do RS, de SC e do PR, com até 45% de declividade, o que permitiu a validação dessa tecnologia como uma prática conservacionista. 

O ’Camalhão Alto de Base Larga’ tem como propósito condicionar fisicamente o solo na linha de plantio, além de favorecer o desenvolvimento radicular das plantas, a sanidade e a produtividade das culturas. A tecnologia também visa promover a estabilidade da produção ao longo dos anos, bem como reduzir a erosão, propiciando menores perdas de água, solo, matéria orgânica, corretivos, fertilizantes e nutrientes. 

Na Souza Cruz, empresa subsidiária da British American Tobacco no Brasil, a técnica do ‘Camalhão Alto de Base Larga’ está sendo aplicada ao cultivo do tabaco associado a adubos verdes ou a cereais de inverno e gramíneas de verão como plantas de cobertura, mas também pode ser aplicada a uma diversidade de espécies produtoras de grãos e tubérculos como, soja, milho, e feijão, batata doce, batata inglesa, mandioca, entre outras.

Na companhia, o desenvolvimento da tecnologia demandou consistentes investimentos em pesquisa e transferência de tecnologia, que a levou a ser adotada por cerca de 90% dos produtores do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT). Entre os resultados apontados pela empresa está a melhor aeração do solo, menor resistência do solo à penetração de raízes, maior homogeneidade dos indicadores químicos da fertilidade do solo na camada de solo explorada pelas raízes das plantas, menor incidência de doenças e aumento da produtividade do cultivo de tabaco em até 20%.

O pesquisador da Embrapa Trigo, José Eloir Denardin, confirma que os benefícios preconizados por essa tecnologia, referentes ao desempenho da cultura do tabaco, já foram comprovados experimentalmente e em escala de lavoura, porém, os benefícios referentes a sua eficácia em conter as enxurradas resultantes de chuvas intensas, para prevenir a erosão, ainda não haviam sido quantificados. Este foi o ponto de aproximação da Embrapa Trigo com a Souza Cruz. 

O projeto de validação hidrológica do ‘Camalhão Alto de Base Larga’, como tecnologia conservacionista aplicada à cultura do tabaco, foi desenvolvido no ano de 2019, em nove municípios do RS, de SC e do PR. Foram selecionadas 11 lavouras, que associavam o cultivo de cereais de inverno ao tabaco, estabelecidas em terrenos com declividades entre 6 e 33%, assentadas em 11 tipos de solo taxonomicamente diferentes e com variados teores de argila, silte e areia.

Para a construção do ‘Camalhão Alto de Base Larga’, é utilizado o arado aleirador borboleta, desenvolvido especificamente para essa função. Este equipamento é ajustável para cada condição, de solo e declividade do terreno de modo a construir o camalhão com as dimensões preconizadas pela tecnologia. 

As determinações do volume de chuva capaz de ser contido no ‘Camalhão Alto de Base Larga’ foram efetuadas em duas épocas ao longo de 2019: nos meses de junho e julho, período em que as lavouras se encontravam sob as culturas de aveia e centeio; e nos meses de outubro e novembro, quando as lavouras estavam sob o cultivo de tabaco, já no início das primeiras colheitas.

“O dimensionamento de práticas hidráulicas de conservação do solo, como terraceamento agrícola e canais escoadouros, entre outras, mostram-se capazes de conter e administrar enxurradas geradas por chuvas intensas que se repetem de 10 em 10 anos, ou seja, por chuvas com período de retorno de 10 anos. Entretanto, o ‘Camalhão Alto de Base Larga’ se mostrou capaz de conter enxurradas geradas por chuvas intensas com períodos de retorno superiores a 250 anos”, explica o pesquisador José Eloir Denardin, da Embrapa Trigo.

No município de Mafra, SC, o solo da lavoura avaliada, com 15% de declividade, apresentou taxa de infiltração de água de 41 mm/h e os ‘Camalhões Altos de Base Larga’ apresentavam as dimensões preconizadas por esta tecnologia. Nessas condições, os canais configurados entre os camalhões se mostraram capazes de suportar chuvas intensas com período de retorno de 253 anos.

Já no município de Cerro Grande do Sul, RS, o solo da lavoura estudada, com 27% de declividade, apresentou taxa de infiltração de água da ordem de 588 mm/h e ‘Camalhões Altos de Base Larga’ com dimensões perfeitamente enquadradas naquelas preconizadas por esta técnica. Neste caso, os canais formados entre os camalhões revelou que a lavoura suporta chuvas intensas que têm previsão de ocorrer uma vez a cada 10.000 anos. Resultados dessa natureza tornaram o ’Camalhão Alto de Base Larga’ uma tecnologia conservacionista extraordinária, que permite o cultivo de espécies anuais em solos assentados em áreas agrícolas com até 45% de declividade.

“O Manejo do Solo com ‘Camalhão Alto de Base Larga’ é um marco na produção de tabaco no Brasil, proporcionando manejo sustentável do solo para as os produtores integrados à Souza Cruz. O trabalho das áreas de pesquisa e de produção agrícola foram fundamentais nessa realização. Ter o reconhecimento da Embrapa, referência em pesquisa no País, nos deixa ainda mais orgulhosos e mostra que realmente estamos no caminho certo”, afirma Sergio Ricardo Pereira, Gerente Global de Pesquisa em Agronomia.

Experiência positiva

Há anos, a família do produtor Laercio Adami buscava oportunidades para recuperar o solo e impulsionar a produção em sua propriedade. Com o acompanhamento técnico da Souza Cruz, ele investiu em análise de solo, fez as devidas correções dos indicadores químicos da fertilidade do solo, fez adubação orgânica com cama de aviário e adotou a técnica do ‘Camalhão Alto de Base Larga’ a fim de melhorar a conservação do solo, minimizar o encharcamento e diminuir a incidência de doenças radiculares no tabaco.

 “A utilização do ‘Camalhão Alto de Base Larga’ nos ajudou a melhorar o solo da propriedade e a incrementar a produtividade e qualidade do tabaco colhido. Ganhamos estabilidade na produção ao longo dos anos e passamos a conservar e manejar corretamente o solo. Com a técnica, todos ganham: o meio ambiente, por conta da preservação, e nós, pelo maior rendimento da propriedade”, comenta o produtor.

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