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Melhoramento do trigo gera alta produtividade

Com pesquisa, genética e experimentações a campo a triticultura está cada vez mais aperfeiçoada


Foto: Marcel Oliveira

Em média doze anos. Este é o tempo que uma nova variedade de trigo leva para ser desenvolvida, testada e disponibilizada ao produtor. Um trabalho de detalhes para que quando chegue ao campo garanta resistência à pragas e doenças, seja mais fácil de manejar, mais adaptável às diferentes regiões produtoras, com maior qualidade industrial e rendimento por área.

A etapa de experimentação é uma das mais importantes. É nesta fase que o conjunto de tecnologias utilizadas envolvem a separação das linhagens, tratamento de sementes industrial, semeadura, manejos fitossanitários, roguing, colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento em câmara fria. Da mesma forma é preciso cuidado para que na semeadura e colheita não aconteça contaminação entre as linhas de sementes. A Biotrigo Genética, já trabalha com isso há mais de dez anos, focando em resultados positivos em qualidade e produtividade para toda a cadeia tritícola do Mercosul.

Antes de chegar ao produtor os materiais são semeados em áreas experimentais de forma a serem avaliados quanto ao potencial genético. São utilizadas semeadoras e colheitadeiras de alto desempenho, específicas para este tipo de ensaio de cultivo. Em cada linha é depositado um genótipo diferente e a colheitadeira realiza o corte, trilha a limpeza dos grãos, a pesagem, a verificação de peso hectolitro e umidade dos grãos. Somente no Rio Grande do Sul em 2019, esses processos foram realizados em mais de 88 mil parcelas de linhagens (futuros lançamentos) distribuídos em 10 locais na região tritícola. 

Parceria de três décadas

As áreas de experimentação e multiplicação em pequena escala são realizadas com parceiros. São cerca de 50 campos experimentais.  Na Sementes Butiá, em Coxilha (RS), são 110 hectares dedicados nesta safra. A sementeira está na terceira geração de produção de sementes de trigo, já há 70 anos e há 30 é parceira da Biotrigo. Hoje a Butiá faz a multiplicação de sementes básicas para a Biotrigo para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e no Cerrado, oferecendo toda a estrutura de área e insumos necessários.

E foi esse processo que mais de 300 pessoas entre multiplicadores de sementes e produtores de trigo, engenheiros agrônomos, recomendantes e profissionais da indústria moageira puderam conferir na prática em um dia de campo realizado nesta terça-feira (22). 

No evento considerado uma imersão no maior programa de melhoramento de trigo da América Latina, os participantes percorreram sete estações temáticas: novos negócios (variedades especiais de trigo); portfólio de novas cultivares; sobre a cultivar TBio Astro (com 533 de força de glúten e resistência ao acamamento); manejo integrado de pragas, plantas daninhas e doenças; campo experimental; melhoramento genético e multiplicação de sementes. 

Para o gerente comercial para a América Latina (Latam) da Biotrigo Genética, Fernando Michel Wagner, a interação do setor produtivo com a pesquisa é fundamental para o desenvolvimento de soluções tecnológicas. “A cultura do trigo vem recebendo muitos investimentos em tecnologia e inovação e os resultados podem ser vistos aqui na Butiá, sendo que nesses anos de parceria e aprendizado mútuo, vem assegurando a disponibilidade de sementes com alta qualidade acelerando o acesso de nossas cultivares aos multiplicadores de sementes e estes aos triticultores brasileiros”, ressaltou. 

De olho na safra

Durante as vitrines os participantes conheceram a nova cultivar de trigo TBIO Capricho. A variedade estará disponível para o produtor de sementes em 2020 e para o de grãos em 2021. Entre as características estão melhor potencial produtivo, genética que permite facilidade no manejo, adaptação aos três estados da Região Sul, qualidade industrial ideal para panificação além de resistência às principais plantas daninhas com o sistema Clearfield.

Aliás o sistema Clearfield, velho conhecido dos produtores de arroz e utilizado para combater o arroz vermelho, está chegando de forma pioneira à cultura do trigo, em uma parceria da Biotrigo com a Basf. As plantas mais resistentes aos herbicidas como o azevém e aveia e interferem diretamente no desempenho da safra. A tecnologia entrega tolerância aos herbicidas do grupo das das imidazolinonas, mais precisamente ao ingrediente ativo imazamoxi (Raptor 70DG®).

O professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e doutor em fitotecnia, Giliardi Dalazen, alerta que  as plantas daninhas competem com a cultura do trigo por elementos essenciais para que se atinjam grandes produtividades, como água, luz, nutrientes, CO2 e espaço físico. A recomendação do especialista para prolongar a vida útil da tecnologia é introduzir a cultivar num cronograma de rotação. “A tecnologia dever ser utilizada em 33% da área cultivada com trigo a cada ano, sem repeti-la na mesma área nos anos seguintes. Assim, se dificultará a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes ao herbicida utilizado”, ressaltou.

Desempenho

No Rio Grande do Sul o clima colaborou, com chuvas e temperaturas na medida. Por isso a Conab revisou a previsão para cima. A área plantada ficou em 736 mil hectares, um aumento de 8%. Na produção a alta deve ser de 5,2%, com 1,969 milhão de toneladas. Já no Paraná o cereal não tem o mesmo desempenho. Fortes geadas atingiram algumas regiões produtoras acarretando em queda de 5,6%, com produção ficando em 2,674 milhões de toneladas.

Confira mais sobre o conteúdo do dia de campo e as tecnologias no vídeo:

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