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Instrutores do SENAR-PR ensinam em sala o que aplicam em suas propriedades

O SENAR-PR se dedica a fomentar o desenvolvimento do setor agropecuário por meio de cursos


Foto: Pixabay

O SENAR-PR se dedica a fomentar o desenvolvimento do setor agropecuário por meio de cursos voltados a produtores e trabalhadores rurais do Paraná. Em seu quadro de instrutores estão alguns dos principais especialistas do país em boas práticas, gestão e uma infinidade de técnicas e tecnologias fundamentais para o agronegócio moderno. E, parte deste time, mais do que deter o conhecimento teórico de universidades e escolas de referência, possui um diferencial que não tem preço: a vivência prática da rotina das propriedades rurais.

Além de instrutores, parte do quadro do SENAR-PR atua também como agricultor e/ou pecuarista. “Ninguém melhor do que um produtor rural para sentir os ônus e bônus da atividade. Quando nós falamos em andragogia, o ensino voltado a adultos, o fato de haver um instrutor que também sente na pele a dificuldade dos seus alunos, cria uma empatia imediata. Então além das questões técnicas, cria-se um laço profundo de identificação, que facilita o aprendizado”, detalha Arthur Piazza Bergamini, gerente do Departamento Técnico (Detec) do SENAR-PR.

Aviários e sala de aula

A instrutora Juliana Afonso Branco dos Santos, do SENAR- -PR, além de ministrar cursos na área de avicultura, também produz frangos. Atualmente, tem aviários capazes de alojar 90 mil aves, em Cafezal do Sul, no Noroeste do Paraná. Juliana está em fase de expansão e nos próximos anos deve atingir a capacidade de 160 mil aves por lote na sua propriedade.

“O projeto é para chegarmos a 12 aviários na propriedade. Até o fim de 2020 quero ver se conseguimos chegar a oito. Claro, o ritmo de expansão depende de uma série de variáveis, mercado interno, exportações, entre outras coisas”, projeta.

Juliana é avicultora antes mesmo da época em que começou a dar cursos pelo SENAR-PR, em 2011. Para a instrutora, o fato de ser produtora permite falar a mesma língua de quem está na linha de frente da produção.

“Eu vivo as mesmas angústias que os meus alunos. O fato de conhecer a fundo tudo isso faz com que eu tenha a oportunidade de ajudar de forma mais efetiva. Um instrutor acaba ensinando algo de forma completa a uma pessoa quando ele passou na prática por aquela experiência”, opina.

Fazendeiro e instrutor

O instrutor de cursos na área de bovinocultura de corte Edgard Pilati Filho aplica, na prática, os conhecimentos que ensina aos seus alunos. Pilati trabalha na administração de duas propriedades rurais da família em Prudentópolis, no Centro-Sul do Estado, num total de 900 hectares. Nas fazendas, são mantidos de 2,8 mil bovinos nas fases de cria, recria e engorda.

Para o produtor e instrutor, o fato de os alunos dos cursos da área de manejo de animais terem a chance de ver e colocar a mão na massa ajuda no aprendizado. “Quando os cursos são aqui na região, faço questão de trazer os alunos para as atividades na propriedade, mostro os resultados no papel, quanto investi, quanto paguei em cada coisa, quanto foi minha receita, lucro, então se torna uma situação mais palpável”, compartilha.

O instrutor sugere que essa deve ser uma premissa a ser seguida por outros profissionais de todas as áreas, claro, quando possível. “Por exemplo, um instrutor que trabalha com os cursos de motosserra. Se ele tiver uma oficina, não tenha dúvida que o curso vai ser melhor do que outro que não tem essa prática”, cita.

A colega de profissão Eliane Engelsing trabalha no ramo da suinocultura com a família, em Toledo. Desde 2007, ela conhece de perto o SENAR-PR como cliente. Na propriedade de 24 hectares, Eliane e o marido possuem plantação de grãos e mantêm 300 matrizes para a produção e venda de leitões. “Nós trabalhamos só com a produção de leitões, para que outros produtores continuem a cadeia produtiva e atuem no crescimento e engorda desses animais”, relata.

Mais recentemente, em 2018, Eliane passou a integrar também o quadro do SENAR-PR como instrutora dos cursos da área de suinocultura. Com uma visão completa da cadeia, ela tem a vivência como participante dos cursos, consultora em propriedades (como médica veterinária) e também como produtora rural. “Eu, mesmo, já fiz vários do SENAR-PR e, desde o início, passei a solicitar turmas para os produtores vizinhos e trabalhadores para ajudar a alavancar a própria região”, comenta Eliane.

Silagem para propriedades de leite

Ricardo Soligo Biscaro, de Renascença, no Sudoeste do Paraná, é mais um exemplo de instrutor e produtor rural. Ele ministra os cursos da área de bovinocultura de leite e também trabalha na propriedade de 120 hectares da família.

“Eu produzo alimentos conservados, como feno e silagem, para vacas de produtores de leite aqui da região. Dependendo das condições climáticas, já cheguei a fazer 30 mil fardos num ano”, revela.

Biscaro enxerga no fato de transitar entre a propriedade e a sala de aula um requisito para proporcionar uma boa formação. “Nos cursos de manejo, por exemplo, a base é a alimentação e a sanidade. Essas questões que deixam a propriedade em pé. É preciso alimento de qualidade para fornecer para as vacas. Mas, percebo que isso é um problema em muitas propriedades, e posso levar minha experiência aos alunos para diminuir”, revela.

Décadas de dedicação

Desde 1997, quando passou a integrar o quadro do SENAR-PR, Jair Telles concilia as aulas com o trabalho na propriedade rural da família, em Marilândia do Sul, no Norte do Paraná. Atualmente, a maior parte dos treinamentos que ministra é nas áreas de olericultura, fruticultura, aplicação de defensivos e Manejo Integrado de Pragas (MIP).

“Sou produtor desde a época em que se plantava algodão no Paraná, nos anos 1980. Passei por diversos cultivos, agora inclusive estou fazendo algumas experiências na área de extração de óleos essenciais de plantas, como a citronela”, conta.

Telles cuida de uma área de cerca de 140 hectares, cujos principais cultivos são soja, milho e trigo. “O fato de estar no campo no dia a dia ajuda muito. Quando menciono algo que já fiz na propriedade, chama a atenção da turma. E eu gosto de ministrar treinamento sobre coisas que eu já tenho experiência em campo, porque assim tem muita coisa que faz parte do dia a dia e que acaba ajudando quem participa”, enfatiza.

De professor para produtor

Há também casos em que instrutor se torna produtor rural e passa a aplicar as experiências pelas quais já passou nas suas aulas. Ricardo Ferreira Pedroso de Almeida já foi piscicultor e hoje atua com consultoria na área e instrutor do SENAR-PR.

“Eu posso dizer que tive o conhecimento técnico e científico na universidade, então passei para a prática. Durante 12 anos fui criador de peixes, aprendendo com dificuldades de manejo, clima”, revela.

Para Almeida, o fato de ter passado a ser instrutor permitiu incorporar uma parte importante da própria formação, já que teve a oportunidade de conhecer diferentes realidade. “Eu posso dizer que completei meu ciclo de aprendizado quando me tornei instrutor do SENAR-PR. Só com piscicultura já trabalhei em mais de 150 municípios do Paraná, com todos problemas e desafios possíveis”, conta.

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