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Batista Schroeder: de fumicultor a produtor de mudas de tabaco

O tabaco é uma das espécies que tem grande procura no viveiro, que tem muitos clientes no município


Foto: Marcel Oliveira

Morador de Linha Taquari Mirim, interior de Venâncio Aires, desde a infância, João Batista Schroeder, 56 anos, conhecido como Batista, plantava tabaco, pois seguia os passos da família. Há 21 anos, largou o tabaco para fazer a reprodução de mudas. Hoje, oferece mais de 70 espécies de plantas no Viveiro Florestal. Entre elas, as de tabaco, que passam pelas mãos de Batista antes de ir para a roça.

Tudo mudou quando ele trabalhava na Concepa e faltaram mudas de árvores nativas no mercado. Batista tinha um terreno grande – meio hectare – e seus colegas incentivaram ele a começar reproduzir mudas, então iniciou o novo serviço. “Trabalhava lá e fazia as mudas em casa, mas depois de meio ano larguei a empresa e fiquei só nas mudas”, conta.

Uma das qualidade de empreender em casa, segundo ele, é estar com os amigos, tendo um cotidiano dinâmico, um pouco diferente de produzir tabaco e de estar em uma empresa. “Eu não tenho estudo, então a oportunidade de trabalhar na empresa foi uma escola e de lá descobri minha grande paixão”, cita, e conta que a parte técnica das mudas ele recebeu na Concepa.

O tabaco é uma das espécies que tem grande procura no viveiro, que tem muitos clientes no município. “Eu plantava, mas agora só olho e auxilio os produtores na hora da compra das mudas”, diz Batista, entre risos. Ele também ressalta que não costuma usar agrotóxicos, pois assim o tabaco e as outras plantas terão mais qualidade.

O produtor também conta com parceria de empresas do ramo de tabaco. “Às vezes, eles têm um produto que eu preciso e eu tenho algumas mudas que eles precisam e nós fizemos a troca. É um bom relacionamento e com os produtores também.”

Batista ressalta que esse serviço de reprodução é muito importante pois auxilia na vida dos produtores. “É bonito passar depois pelas localidades e ver o fumo grande e bonito, pois sei que muitas vezes ajudei nesse processo”, reconhece.

Caso não tivesse empreendido na produção de mudas, Batista acredita que ainda estaria atuando como produtor de tabaco. “Eu teria continuado na roça, plantando e colhendo fumo a cada safra, o que também é um serviço importante. Mas eu ‘me achei’ nas mudas, é o que eu amo fazer”, destaca.

Safra o ano inteiro nas mudas

Todos os dias, de domingo a domingo, Batista e a esposa, Mara Joceli de Oliveira Schroeder, 52 anos, precisam dar atenção para as plantas. Antes de ela estar em um formato bom, as sementes são plantadas nas bandejas, as mudas são pré-selecionadas e depois trocadas para embalagens plásticas maiores, conforme o tamanho de cada uma.

“Na hora de fazer o rocambole, que é a seleção final, são todas empacotadas de cem em cem”, comenta. Segundo ele, um dos pontos que deve ser cuidado na hora da seleção, é a grossura do tronco, pois, se for muito fino, pode quebrar fácil na hora de empacotar.

Durante a safra de tabaco, ele se dedica mais a esse ramo, mas sua demanda segue os 12 meses. “A aplicação de agrotóxicos, quando usamos que é pouco, tem que ser bem cedo, aplicar adubo também. E assim vai, por isso o dia todo temos serviço, durante todo ano”, explica. As sementes que ele reproduz são compradas de empresas gaúchas, mas algumas ele mesmo consegue colher nas plantas que já tem.

Batista reforça que a pandemia gerou reflexos no ramo, pois está difícil comprar mudas grandes e o valor das sementes teve um aumento significativo. No tabaco, como foi comercializado antes, não houve esse problema, mas ele teme isso na próxima safra. “Um exemplo é a palmeira que eu vendia a R$ 90 e agora consegui comprar por R$ 150. Não tem como repassar esse grande aumento aos clientes”, lamenta.

“Se querem me ver feliz, é no meio das mudas, pois é assim que me sinto bem. É uma coisa que eu quero fazer sempre e incentivar meus filhos também a continuarem neste ramo.” disse João Batista Schroeder,  produtor de mudas.

Recordações

Batista assumiu um plantio de mudas pela primeira vez em um projeto de reflorestamento da Fundação Ambiental de Venâncio Aires (Favam). Eram mudas nativas, com cortina vegetal. “Trabalho pelo estado todo, já fiz vários plantios, mas lembro deste primeiro com muito carinho, pois foi o início de tudo.” Atualmente, a média anual de vendas do Viveiro Florestal é de 100 mil mudas, entre as dezenas de variedades.

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