CI

Controle biológico evita morte de 40 animais por ano

Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores de rebanho bovino do Brasil


Foto: Divulgação

O Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores de rebanho bovino do Brasil. O estado registrou uma produção de mais de 13 milhões de cabeças, em média, no triênio 2016-2018, de acordo com dados da Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE. Os criadores da região, entretanto, enfrentam um problema sanitário comum entre os animais: a infestação por carrapatos. 

Principal praga da pecuária gaúcha, os parasitas são transmissores da Tristeza Parasitária Bovina e causam a morte de ao menos 100 mil bovinos por ano, gerando grandes prejuízos à pecuária regional, segundo estimativas da SEAPDR. O ácaro é mais prejudicial aos rebanhos de raças europeias, criados predominantemente no Rio Grande do Sul.

Diante desse cenário, o uso recorrente de agentes químicos para combate do parasita possibilitou que o carrapato se tornasse resistente aos métodos tradicionais, tornando-os ineficazes. Além disso, os inseticidas deixam resíduos nos alimentos e são tóxicos para os animais, seres humanos e meio ambiente. 

João Queiroz, criador de gado de corte e melhorista de Semental sul-africano na Fazenda Jaguaretê, no Rio Grande do Sul, lidava com o carrapato em seu rebanho todos os anos. O produtor tem seis mil cabeças para abate e, há 12 anos, saiu de São Paulo para criar bovino 100% europeu. “Decidi me mudar para o RS por conta do clima, que é onde o gado europeu se adapta melhor, e também pelo carrapato, que, teoricamente, deveria ter em menor quantidade. Mas não foi isso o que aconteceu”, conta o pecuarista, que perdia cerca de 40  bois por ano pelo parasita, além do custo de cerca de três aplicações de pesticidas por mês nos animais.

O produtor conta que já testou várias formas de controle: pour on, sal para complementar, galinha-d'angola, rotação do pasto, entre outras opções. “Estes manejos ajudavam a diminuir a infestação, mas não resolviam”, conta. “Acabávamos perdendo parte da produção. Perdemos alguns animais por intoxicação, por utilizarmos muito veneno”, ressalta. 

Foi aí que Queiroz conheceu a Decoy Smart Control, desenvolvedora de soluções biológicas para controle de pragas: “Fizemos o teste com o tratamento biológico em um lote, e tivemos resultados excelentes. Foi só olhar para o nosso rebanho e ver a diferença. Agora continuamos a aplicação em outros lotes. A diferença é drástica da saúde do meu gado hoje em dia. Nunca mais perdi nenhum boi”, conta. 

A startup desenvolveu dois produtos: um para ser aplicado no rebanho, e outro na pastagem, onde ficam 95% dos carrapatos de uma propriedade. As soluções têm como princípio ativo esporos de fungos, inimigos naturais dos carrapatos. Quando distribuídos no gado e no ambiente, entram em contato com o parasita, germinam e se desenvolvem, levando-o à morte em poucos dias. Cada frasco da solução tem mais de 6 bilhões de esporos, e cada um mata um carrapato.

Segundo Lucas von Zuben, CEO da Decoy, esse método se aproveita de relações pré-existentes na natureza e é uma forma sustentável de lidar com a praga, pois dispensa o uso de agentes químicos agressivos. “A partir disso, temos soluções que utilizam conceitos de equilíbrio e manejo integrados, proporcionando um controle mais efetivo e ecologicamente adequado”, pontua.


Procurando revolucionar os campos e promover mudanças nos padrões de consumo, a startup de biotecnologia é a primeira empresa a levar o conceito de controle biológico para a área de saúde animal no mundo. “Acompanhando uma tendência mundial, percebemos que o alimento do futuro terá de ser mais limpo, saudável e causar menos impacto ambiental”, ressalta von Zuben. “O consumidor tem uma nova percepção e relação com os alimentos que consome. Começa a questionar sobre a origem, se preocupa com a procedência dos alimentos e com o trato dos animais. Essa mudança de hábito impacta toda a cadeia, especialmente os produtores, que devem se adaptar a essa nova demanda”, completa.


Por meio de um tratamento estratégico e natural, o produto não deixa resíduos no leite e na carne e pode ser utilizado em todo o rebanho, inclusive em vacas prenhes e bezerros. “Além disso, a solução não é tóxica para humanos, e nem para os animais, e, como se trata de um inimigo natural dos ectoparasitas, não há problemas com resistência ao seu método de controle”, ressalta o executivo. O custo médio do tratamento gira em torno de R$ 4,50 por gado e R$ 25 por hectare ao mês.


Enquanto aguarda a aprovação de documentos junto ao MAPA para iniciar a comercialização, a startup resolveu atuar diretamente no setor e estabeleceu um programa de parcerias com pecuaristas, como fez com João Queiroz. “Disponibilizamos as soluções aos produtores por 12 meses e eles fornecem informações sobre o tratamento, além de uma ajuda de custo para o desenvolvimento das pesquisas. Até agora, temos histórico de parceria com 400 produtores, e pretendemos chegar a mil associações até o fim de 2020”, conta von Zuben. 

Para o executivo, ao unir ciência e inovação ao poder da natureza, foi possível desenvolver uma tecnologia baseada em controle biológico. “Assim como o que foi feito na Fazenda Jaguaretê, buscamos alternativas mais sustentáveis e tecnológicas para manter a sanidade de uma criação, proporcionando bem-estar animal, qualidade de vida ao produtor e ao consumidor, e a preservação do meio ambiente”, ressalta. “É fundamental que utilizemos este conhecimento para realizar o melhor manejo do parasita. O sucesso no controle reduzirá os danos e garantirá melhor eficiência e maior produtividade dos animais”, finaliza.

*Informações da assessoria

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.