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Cooperativas agropecuárias gaúchas discutem oportunidades para as culturas de inverno

Webinar apresentou os desafios para incremento e usos alternativos para aumentar a rentabilidade do produtor


Foto: Pixabay

Nesta quinta-feira, 15 de abril, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), realizou para seus associados um webinar sobre as culturas de inverno. No encontro virtual, com a participação de mais de 100 representantes das cooperativas agropecuárias gaúchas, os especialistas falaram sobre as oportunidades e desafios para o incremento de oferta na segunda safra gaúcha.

Em sua fala inicial, o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, destacou o projeto realizado com a Embrapa Trigo para buscar alternativas para o trigo exportação, onde foram realizados testes em cinco áreas experimentais junto às cooperativas mostrando que o trigo poderia ter esta alternativa. “Conseguimos mostrar boas produtividades com um custo menor e houve um incremento das exportações. No ano passado exportamos mais de 900 mil toneladas de trigo”, salientou.

O dirigente também falou sobre o projeto liderado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Farsul e Embrapa. “Entendemos que este projeto é fundamental porque temos uma certa ociosidade no inverno. Para o produtor a ideia é diluir custos fixos e precisamos de uma cultura de inverno para pagar contas”, observou.

O ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da ABPA, Francisco Turra, participou do debate, explanando que mesmo durante a pandemia o setor continuou exportando fortemente alimentos para o mundo. “Tudo que nós temos para vender com calma vai. Tudo o que a gente precisar exportar tem caminho lá fora”, destacou.

Sobre o projeto com a Farsul e a Embrapa, que conta com o apoio da FecoAgro/RS e outras entidades, Turra afirmou que há uma grande reunião de autoridades com a ideia de ocupar espaços. “Um estudo feito pelo economista da Farsul, Antônio da Luz, mostra que se levarmos adiante esse projeto teremos um Valor Bruto de Produção de mais R$ 8 bilhões ao ano. Outras indústrias também vão ganhar e o PIB do Rio Grande do Sul também cresceria 6%”, frisou, acrescentando que, neste sentido, o investimento nas culturas de inverno para estimular a produção animal é importante.

Na sequência, foi a vez do pesquisador da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, apresentar o que vem sendo feito pela instituição. Um dos trabalhos realizados é na produção de variedades de cereais de inverno para ração animal, silagem e pasto. O especialista mostrou dados que certificam o potencial produtivo da iniciativa. “Queremos aumentar a área com lucro por hectare e o nosso foco é produzir grãos para ração, grãos para alimentação humana, que são projetos que não competem um com outro, silagem e pasto”, afirmou.

No caso de grãos para ração, Lemainski ponderou que não se pode perder a competitividade na indústria de processamento que agrega valor na transformação em ovos, leite e carne por falta de matéria prima em um Estado que tem tecnologias geradas, expertise de agricultores e estrutura. “O trigo, o triticale e a cevada têm potencial produtivo superior a 6 mil quilos por hectare”, explicou.

A última explanação foi do coordenador da Rede Técnica Cooperativa (RTC), Geomar Corassa, apresentando o trabalho realizado junto às cooperativas agropecuárias gaúchas. O especialista mostrou como há uma lacuna de produção que pode ser preenchida em um sistema de produção para todo ano de forma a trazer renda para o produtor. “Temos clima, condições de água, luz, solo propício, conhecimento das cooperativas pelos seus departamentos técnicos e temos demanda oriunda do mercado”, projetou.

Corassa lembrou que há a possibilidade de o produtor realizar até três safras durante o período de 365 dias. “Se uma propriedade tem 100 hectares e extrai renda no verão, no inverno ela extrai renda de 200 hectares. E se essa propriedade conseguir, no outono, extrair renda de pelo menos 30%, estamos falando em uma propriedade de 230 hectares. Isto é um cenário diferente para uma propriedade que otimiza seu ano agrícola”, acrescentou, lembrando ainda que estudos estão sendo realizados para apresentar soluções para as lacunas de produção de trigo em áreas de cooperativas no Sul do Brasil.

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