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RS: pellets transformam a qualidade de vida do produtor de tabaco

Um pequeno cilindro de madeira é responsável por uma mudança na forma da secagem do tabaco


Foto: Marcel Oliveira

Um pequeno cilindro de madeira é responsável por uma mudança na forma da secagem do tabaco. Fonte de energia renovável pertencente à classe das Biomassas, os denominados pellets, são um combustível sólido (lenha), produzido a partir de resíduos da indústria de transformação de madeira. A utilização deles na secagem do tabaco é uma novidade que já proporciona qualidade de vida e segurança aos produtores de tabaco.

Em Venâncio Aires, a secagem da folha do produto com pellets já é uma realidade para Ricardo Fengler, produtor de Linha 17 de Junho, interior do município. Ele é o primeiro venâncio-airense a instalar um queimador junto à estufa que utiliza pellets como combustível para a secagem do tabaco.

Em funcionamento há três semanas, o equipamento permitiu que Fengler voltasse a rotina normal, tanto na operação do caminhão, quanto com a família. “Quem produz tabaco sabe que na época da secagem ficamos presos ao processo. Com a estufa normal de lenha é preciso ficar sempre por perto e abastecer, em média, a cada duas horas, dia e noite. Neste tempo é quase impossível fazer outra atividade, prejudica inclusive o descanso, sem contar o perigo de um acidente”, explica.

Com os pellets, o processo ganha segurança e tempo. Conforme Fengler, ele abastece duas vezes ao dia, pela manhã e à noite, o que consome no máximo 20 minutos. “Com este novo combustível é possível deixar a secagem acontecendo sem a supervisão. Além do tabaco, tenho caminhão de carga, quando utilizava lenha não podia trabalhar enquanto secava o tabaco, agora posso deixar o fumo na estufa e fazer meus fretes, além de conseguir dormir melhor à noite e ter mais tempo para as outras atividades e para a minha família”.

A cura do tabaco é parte do processo de transformações físico-químicas nas folhas colhidas nas lavouras, seguido de uma lenta e controlada extração da água delas. Todo esse procedimento ocorre dentro da estufa. Para favorecer uma boa secagem, a estufa deve ter um sistema de aquecimento e de ventilação, tanto de entrada de ar quanto de saída de ar. Quase na totalidade dos produtores o processo é feito com lenha para fazer o aquecimento da estufa. A utilização da madeira em natura, além do tempo que é preciso despender para o cuidado com a estufa, proporciona um maior risco de incêndios.

Pellets

Os pellets são produzidos com resíduos de madeira natural, que depois de recolhidos, triturados e secos, se transformam em Serrim que é comprimido em alta pressão e temperatura de modo a eliminar o máximo de resinas e umidade. Com isso, o pequeno cilindro de madeira resulta em um combustível 100% natural, com um elevado poder calorífico. Além disso, a queima dos pellets gera níveis reduzidos de emissão CO e CO2. O material é vendido em sacos, de 15 ou 20 quilos, e podem ser armazenados em espaço muito menor do que o necessário para a estocagem da lenha.

Diretores da Afubra avaliam processo de secagem com pellets
Em uma parceria entre o produtor Ricardo Fengler e a Haas Pellets, uma tarde de campo com diretores e gerentes da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) foi organizada na segunda-feira, 23. O diretor financeiro da Afubra, Marcilio Dreschler, esteve na localidade acompanhado dos gerentes Ricardo Michel (Comercial), Marco Werner (Logística), João Porcher (Compras), Elias Birnfeld (Loja Matriz) e ainda do coordenador de Mutualidade André Fagundes.

A equipe conheceu o processo de secagem com pellets e debateu os ganhos para o produtor com a utilização do combustível. Os diretores da Haas Pellets, Júnior Haas e Charles Fengler destacaram o crescimento do pellets tanto no uso para as estufas quanto em outros processos agrícolas, como em aviários e ainda em cabanhas.

A aplicação do material no tabaco é simples. Conforme Haas, as estufas já existentes podem ser facilmente readequadas para a utilização do queimador de pellets. A instalação do equipamento permite ainda que o produtor possa utilizar a lenha quando quiser. Ao apresentar o funcionamento, o produtor Ricardo Fengler destacou o baixo valor de investimento, em torno de R$ 14 mil. “Com o ganho de tempo de secagem e qualidade do fumo, consigo ainda diminuir o consumo de energia, porque o tabaco fica menos dias na estufa do que normalmente fica com a lenha e ainda consigo secar com mais agilidade o produto para facilitar a comercialização”.

Júnior Haas destacou que os pellets ainda são mais caros do que a lenha, porém, ressaltou que os ganhos superam o valor do investimento. “Os pellets não possuem nada nocivo, não há sujeira como insetos, galhos, casca e areia e ainda com o mínimo de umidade possível. A utilização é simples e trás uma automação que possivelmente só conseguiríamos com processo a gás ou elétrico, porém com um custo muito próximo da lenha”. O diretor ainda enfatizou que acredita que a resistência cultural no processo será baixa, já que o produtor continuará utilizando o mesmo sistema que possui atualmente, na mesma estufa, apenas conseguindo uma autonomia melhor, com mais segurança e ainda conseguindo diminuir o tempo de secagem alinhado a uma maior qualidade do produto final.

Avaliação da Afubra

A equipe da Afubra saiu satisfeita com o que viu na propriedade de Ricardo Fengler. Para a Associação, o produto é muito prático e de fácil instalação, visto que não precisam fazer adaptações nas fornalhas atuais.

A entidade ainda destacou que é uma boa alternativa para otimizar a mão de obra do produtor de tabaco, não precisando colocar lenha na fornalha diversas vezes durante o dia e à noite, o que irá facilitar o trabalho pesado e estressante durante a secagem. Eles ainda consideram o combustível como uma oportunidade para os produtores avaliarem a forma que trabalham hoje e usarem a tecnologia a seu favor.

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