CI

Programa incentiva secagem e silos nas propriedades

Pró-Milho/RS engloba toda a cadeia do grão no Estado


Foto: Fernando Dias/SEAPDR

Segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o Rio Grande do Sul deve colher uma safra de milho de 4.3 milhões de toneladas, um aumento de 10% em relação a safra passada quando a seca fez a produção cair cerca de 30% e fechar em 3.9 milhões de toneladas. O Estado planta somente a primeira safra já que a segunda é dedicada às culturas de inverno.

No entanto com uma cadeia de suínos, aves e leite desenvolvida o déficit com o milho oscila entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de toneladas todos os anos. O que falta vem de fora a preços caros o que repercute nos custos de produção.

No ano passado o Estado lançou o Programa Pró-Milho, com o intuito de ampliar a produção do grão em 2,7 milhões de toneladas sem mexer na área agricultável. Agora produtores e governo discutem os detalhes para desenvolver a iniciativa. Nesta quinta-feira (15) cerca de 450 pessoas participaram de um webinar que abordou a secagem e armazenagem de grãos nas propriedades rurais.

Armazenagem na propriedade

Nos Estados Unidos cerca de 60% dos grãos são armazenados na propriedade; na Argentina, 40%; e no Brasil, apenas 15% das propriedades possuem silos armazenadores. O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Casca, Maurício Luis Dall´Acqua, citou um modelo já desenvolvido no município de Casca (RS). A cidade é considerada avançada na atividade, com uma área de milho, considerável para a região, de 5 mil hectares plantados, sendo a metade como grãos e a outra metade, silagem. Da área destinada para grãos, a maior parte fica armazenada na propriedade do agricultor. O modelo usado é a construção de silos de alvenaria armada com indução forçada de ar.

Entre as vantagens do armazenamento de grãos na propriedade estão a redução dos custos de pós-colheita, a realização da colheita no melhor momento, o controle de umidade e temperatura para garantir a qualidade dos grãos, e a uniformidade dos grãos durante o ano (consumo), convertendo em produtividade animal.

Segundo Dall´Acqua, a construção é simples, rápida, de fácil manejo e baixo custo, já que o produtor pode aproveitar o material que muitas vezes tem na propriedade, como madeiras e tijolos, e mão de obra familiar ou de conhecidos.

Como o silo funciona secando os grãos com ar natural, é imprescindível o acompanhamento técnico da Emater/RS-Ascar, cujo profissional vai orientar, já no início do projeto, o melhor local na propriedade para instalar o silo, evitando áreas próximas de corpos d´água e de matas, ou onde há intensa neblina por longos períodos.

“O projeto é feito pela Emater, e a construção é acompanhada pelo técnico, mas a pesquisa de valores e a aquisição do material, incluindo os ventiladores, é por conta do produtor”, explica Dall´Acqua, ao ressaltar que todas as dúvidas são sanadas numa bem elaborada planilha de Excel, que orienta ainda a colocação e amarração de malhas com ferro e a execução do reboco nas paredes internas e externas do silo. “O local tem que ser coberto, para evitar chuvas no recinto”, destaca, ao citar ainda a importância da ventilação e da pré-limpeza do grão, “tudo para garantir a qualidade do grão armazenado na propriedade”.

Manejo de grãos armazenados

O engenheiro agrícola, doutor em Secagem e Armazenagem de Grãos e extensionista rural da Unidade de Cooperativismo de Pelotas - Emater/RS-Ascar, Geverson Lessa dos Santos, abordou o “Manejo de grãos armazenados em silos secadores”.

Ele comentou sobre as perdas quantitativas e qualitativas dos grãos, ocorridas durante as etapas de secagem e armazenagem e a importância da realização destas etapas, de forma adequada, dentro da propriedade rural, para que assim seja possível minimizar essas perdas, agregar valor ao produto e ampliar a renda dos agricultores. “As perdas de grãos armazenados vão de 1 a 10%, dependendo da estrutura do armazém e do manejo técnico”, explicou.

Santos apresentou os métodos de secagem mais indicados e viáveis para o armazenamento na propriedade, além dos princípios básicos envolvidos para a conservação dos grãos em silos secadores, assim como sua relação com os fatores ambientais presentes e o manejo adequado para o controle de pragas e a manutenção da qualidade dos grãos. “Os métodos de secagem de grãos utilizados são secadores contínuos, secadores intermitentes ou secadores de leito fixo (chamados também de silos secadores)”.

Conforme ele, o método mais indicado e viável para a armazenagem na propriedade, principalmente para pequenos e médios produtores, é o silo secador. “É um silo (depósito normalmente redondo, construído com tijolos ou com chapas metálicas), onde se deposita os grãos úmidos e se secam os grãos lá dentro com a passagem de um fluxo de ar gerado por um ventilador apropriado. Assim que esses grãos atingem umidades próximas a 13%, considerados grãos secos, estes grãos são mantidos dentro deste mesmo silo, armazenados, monitorando-se e controlando-se o seu estado de conservação”, esclareceu.

Santos destacou que o sistema de secagem e armazenagem apresenta a vantagem de ser o de menor custo de instalação e de operação, sendo o mais viável principalmente para a agricultura familiar. “Silos secadores de diferentes tamanhos, dimensões e capacidades podem ser projetados pelos extensionistas da Emater e construídos por mão de obra local, com materiais de construção (tijolos, cimento, areia, ferros de construção e madeira) de fácil aquisição”.
 
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.