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Produtor inova ao empregar máquina para colher tabaco

Na propriedade da família Lucini o esforço braçal deu lugar à tecnologia para retirar os 120 mil pés


Foto: Marcel Oliveira

Acultura do tabaco é conhecida pelo trabalho braçal que exige dos agricultores, seja no plantio, no manejo da terra durante o desenvolvimento das plantas e na colheita. Em Venâncio Aires, na propriedade da família Lucini, localizada entre Linha Tangerinas e Canto do Cedro, essa realidade mudou em 2017, quando foi adquirida uma máquina que permite as apanhas do tabaco com os trabalhadores sentados e abrigados do sol. Além do esforço físico exigido ser consideravelmente menor, a produtividade é beneficiada pela tecnologia.

De acordo com o produtor Fernando Lucini, 23 anos, todos os 120 mil pés de tabaco, cultivados ao longo de 9 hectares de terra, são colhidos utilizando a máquina, que foi adquirida de uma empresa de Santa Catarina pelo custo aproximado de R$ 25 mil. Apesar de inovadora, a máquina tem limitações e depende de alguns fatores para garantir a melhor operação possível. O terreno precisa ser plano ou com pouca inclinação e, para compensar, as vergas devem ter longa extensão.

O equipamento, apesar de grande, tem um projeto simples. Consiste de um motor a gasolina com aproximadamente 13 cavalos de potência, que é responsável por puxar toda a estrutura. Com espaço para até cinco pessoas sentadas e abrigadas do sol, a máquina se desloca lentamente ao longo das vergas, permitindo que os trabalhadores apanhem as folhas normalmente, sem a necessidade de caminhar e se agachar, aliviando principalmente as dores na coluna. O funcionamento é automático – depois de acionado, o motor trabalha em marcha lenta e reduzida, sem a necessidade de que alguém o controle.

Ainda conforme Fernando, as vantagens são muitas, a começar pela economia. O equipamento consome cerca de três litros de gasolina a cada meio dia de trabalho. Esse rendimento é explicado pela baixa rotação do motor. Com os trabalhadores abrigados do sol, o rendimento é maior, ficando na casa dos 15 cestos por hora, que equivalem a 30 trouxas. Há ainda o fator da qualidade de vida. “Melhora principalmente a questão da saúde. Colher na sombra e sentado faz muita diferença. Colher agachado já é ruim, imagina no sol. As pessoas não aguentam”, salienta. Com um rendimento maior, são necessários menos trabalhadores e o custo com mão de obra diminui. Além disso, o menor esforço possibilita que pessoas com idade mais avançada continuem trabalhando nas lavouras.

Filho ficou para continuar o trabalho do pai

Com 55 anos de idade e uma vida toda de trabalho no tabaco, o agricultor Adelmo Lucini, pai de Fernando, não esconde a satisfação de ver que o filho já está seguindo seus passos. “Vim pra cá com o meu filho pequeno. Como ia segurar ele aqui na colônia carregando essas trouxas de fumo no sol? Não teria como. Assim, com tecnologia, com estufa elétrica e máquina de colher, ele está aqui. Hoje posso parar e tenho quem continue”, conta, sem esconder o orgulho. Para ele, se todos os produtores incentivassem seus filhos, o trabalho no campo teria continuidade e não seria necessária a contratação de tanta mão de obra externa.

Adelmo afirma que se não fosse a máquina, ele já não teria mais condições físicas de seguir atuando no cultivo do tabaco. Hoje, com a automação dos processos de cultivo e colheita, a longevidade se torna maior. A propriedade dos Lucini ainda conta com dois açudes e sistema de irrigação das lavouras em caso de falta de chuva. “Se chega a faltar chuva, nós temos como nos defender. O investimento é alto, mas se chegarmos a perder o fumo por falta de água, o prejuízo é muito maior”, ressalta Fernando. Além do tabaco, a família planta o milho na safrinha.

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