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Quais os cuidados com parreirais no inverno

Produtores da Serra gaúcha terão menos chuvas e temperaturas mais baixas


Foto: Fernando Dias/ SEAPDR

Os parreirais precisam de frio durante o inverno para produzirem uvas de qualidade. No Rio Grande do Sul, principal Estado produtor, o inverno promete ser mais seco e temperaturas mais baixas do que as médias histórias até junho. Esse cenário climático merece atenção dos produtores da Serra Gaúcha.

As informações constam no Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha, elaborado por pesquisadores da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) e da Embrapa Uva e Vinho. O documento mostra que as condições meteorológicas ocorridas no trimestre janeiro-fevereiro-março foram determinantes da qualidade e do potencial enológico das uvas. A precipitação pluvial acima da média histórica em janeiro, e as condições meteorológicas próximas da média em fevereiro e março, restringiram a evolução da maturação nas cultivares intermediárias e tardias. Já as cultivares precoces, colhidas até a primeira quinzena de janeiro de 2021, de modo geral, atingiram maior qualidade enológica.

Para o trimestre abril-maio-junho a La Niña entra em condição de neutralidade e, com isso, maio e junho, em função de incursões de massas de ar frio mais intensas e frequentes, têm esperadas temperaturas abaixo da média, com anomalias negativas de até 2 °C (maio) e entre 1 °C e 1,5 °C (junho).

A publicação traz algumas indicações aos produtores. Entre elas reforça a importância de manter o parreiral sadio, pois toda produção foliar contribui para as reservas que serão utilizadas no crescimento inicial do próximo ciclo. Para cultivares viníferas, os produtores devem ter atenção direcionada para o controle do míldio e do oídio, enquanto que, para cultivares americanas ou híbridas, o foco deve ser o controle de mancha-das-folhas.

Aguardar a queda natural das folhas da videira para iniciar a pré-poda ou a poda antecipada, com a proteção dos cortes para evitar a entrada de fungos causadores do declínio e morte descendente também são alguns dos manejos indicados na publicação.

“É importante destacar que, nos casos em que o viticultor antecipa a pré-poda no outono e a realiza ainda com ramos vegetativos, sem esperar a finalização da queda natural das folhas, estará propiciando a perda de reservas na planta. O ideal é que o produtor espere pela queda natural das folhas da videira para iniciar a pré-poda ou a poda antecipada, sendo esse momento variável de acordo com a cultivar. Recomenda-se que ramos podados e cachos mumificados sejam retirados do vinhedo, pois são fonte de inóculo de patógenos causadores de doenças como antracnose, escoriose, podridão-da-uva-madura, podridão-cinzenta, entre outras”, diz um trecho.

Para a proteção dos cortes da poda é recomendada a pasta bordalesa, Trichoderma ou fungicidas do grupo dos triazóis. Além disso, destaca-se a importância da manutenção da cobertura do solo, seja por meio de espécies espontâneas ou cultivadas, como uma medida de conservação e armazenamento da água disponível. 

Outra orientação é aproveitar o período para planejar e investir em sistemas de irrigação e estruturas de armazenamento de água, como reservatórios e açudes. Por fim, neste período de outono-inverno, o viticultor também deve observar se a mudança da coloração das folhas está sendo homogênea. Diferenças na coloração podem ser associadas a uma série de fatores, tais como incidência de doenças e de pragas, deficiências nutricionais ou problemas na região de enxertia da planta. As plantas que se diferenciam em coloração e tempo de queda das folhas devem ser identificadas (marcadas) e as folhas amostradas (coletadas) para que seja realizada a identificação da causa por um técnico.
 

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